O Brasil enviou sementes de quatro espécies para a Estação Espacial Internacional (ISS) a bordo da Missão NASA Crew-11. O lançamento ocorreu na última sexta-feira (1/8) às 12h43 (horário de Brasília) na base do Kennedy Space Center, na Flórida (EUA), na nave Dragon da SpaceX, que também levou a tripulação-11 (Crew-11), no foguete Falcon 9.

As espécies foram selecionadas por pesquisadores da Embrapa e da Universidade da Flórida, ambas pertencentes à Rede Space Farming Brazil, iniciativa em decorrência do acordo firmado entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Embrapa, em setembro de 2023. As sementes foram fornecidas pela Universidade da Flórida e devem permanecer na Estação por sete dias antes de retornar à Terra com a tripulação-10 (Crew-10). O material agrícola compõe a carga útil conhecida como “World Seeds”, uma coleção de sementes de 11 países e cinco continentes que está sendo enviada para a Estação Espacial Internacional pela Jaguar Space para pesquisa.

Esta é a primeira vez que a Rede Space Farming Brazil envia um experimento a uma estação. A iniciativa é de grande valor para as equipes envolvidas e para a aquisição de experiência pelo Brasil no envio de cargas úteis biológicas ao espaço. A ISS é como um laboratório orbital, onde são realizados estudos que não seriam possíveis na Terra e são testadas tecnologias.

Carga selecionada por pesquisadores brasileiros

A empresa americana Jaguar Space, organizadora dessa carga útil, convidou a Rede Space Farming Brazil, sem nenhum custo, para envio de material. Segundo a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, Alessandra Fávero, que coordena a Rede, devido ao espaço limitado disponível (uma área dentro de um tubo com oito centímetros de altura e 1,2 centímetros de diâmetro), não foi possível enviar sementes de grão-de-bico e mudas de batata-doce. A cientista conta que, como não havia tempo hábil para o envio do material brasileiro, a Universidade da Flórida, por meio de um acordo com a Embrapa, ofereceu o material de seu banco aos pesquisadores brasileiros.

“Então selecionamos espécies de pequeno porte e de interesse do Brasil”,

relata Alessandra.

Assim, foram escolhidas sementes menores de espécies de importantes culturas para o Brasil: Grama-batatais (Paspalum notatum), Morango (Fragaria x ananassa) e duas espécies de Orquídeas (Epidendrum nocturnum e Dendrophylax porrect).

De acordo com ela, no tempo em que as sementes vão ficar na ISS, expostas à microgravidade, devem ocorrer mutações relevantes para o desenvolvimento de características interessantes para melhorar o desempenho na Terra, por exemplo. Quando retornarem, os pesquisadores que fazem parte da Rede vão fazer avaliações para entender melhor o comportamento desses materiais no espaço.

No caso da grama, o objetivo é observar a ocorrência de plantas que não produzam flores e, consequentemente, sementes. O estudo de tal característica é importante, pois reduz a necessidade de manejo frequente por podas e aumenta a segurança de voos em aeroportos ao diminuir os recursos alimentares atrativos para aves e outros animais. A baixa produção de sementes é crucial para a segurança operacional da aviação.

O Brasil ainda depende de mudas de morango importadas de qualidade, o que dificulta a expansão do cultivo no país. A ideia é estudar o efeito do ambiente espacial nas sementes dessas variedades. A dependência de mudas importadas eleva os custos de produção, que podem ultrapassar R$240 mil por hectare, sendo que o custo das mudas pode representar quase um terço desse valor. A qualidade das mudas nacionais também tem sido um desafio, com problemas fitossanitários.

As sementes das orquídeas Epidendrum nocturnum e Dendrophylax porrectum são valiosas para a observação do efeito do ambiente da Estação Espacial Internacional e se pode identificar flores diferentes.

Missão Jaguar Space

A iniciativa da Missão é analisar como as sementes reagem ao ambiente espacial antes da germinação, focando em processos fundamentais como a ativação de genes e vias metabólicas essenciais. Os materiais são importantes para os sistemas agrícolas, econômicos e ecológicos de nações emergentes no espaço.

O objetivo é gerar novos conhecimentos para aumentar a resiliência das culturas, avançar as técnicas de preservação de sementes e impulsionar inovações na agricultura que podem beneficiar tanto as missões espaciais quanto a agricultura terrestre.

Além da participação brasileira, a missão levará sementes da Argentina, Armênia, Costa Rica, Egito, Guatemala, Índia, Maldivas, Nigéria e Paquistão. A hipótese é que a exposição à microgravidade induz o surgimento de novas vias moleculares em plantas, com implicações significativas para o crescimento, respostas ao estresse e aplicações em ecossistemas.

Instituições envolvidas na missão:

Agência Espacial Argentina (CONAE), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), The University of Florida, Universidad de Costa Rica, Protoplanet da Índia, a Organização de Pesquisa Espacial das Maldivas (MSRO), a Secretaria Nacional de Ciência e Tecnologia da Guatemala (SENACYT) e o Instituto Guatemalteco de Ciência e Tecnologia Agrícola (ICTA), a Agência Espacial Nigeriana (NASRDA), The Karman Project, The SETI Institute, Deep Space Initiative e Space in Africa.

Space Farming Brazil

A Rede, criada oficialmente em 2023 após a assinatura de um protocolo entre a Embrapa e a AEB, atua como um ecossistema de inovação para a agricultura em ambientes extremos. Reúne 56 pesquisadores de 22 instituições, incluindo universidades brasileiras e estrangeiras, centros de pesquisa e entidades ligadas à exploração espacial.

Com informações e imagens da Embrapa e AEB


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