O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou em 2025 uma queda significativa nos focos de incêndio na vegetação de todo o Brasil. De janeiro ao início de outubro, foram detectados 84.896 pontos de queimadas em todo o País. No mesmo período de 2024, esse número chegou a 218.765. A redução em um ano é de 61%.
O coordenador do Programa de Monitoramento de Queimadas do INPE, Fabiano Morelli, explica que os números estão abaixo da média histórica, iniciada em 1998. O pesquisador credita a baixa expressiva a políticas de prevenção e fatores climáticos.
“O ano de 2025 não foi influenciado por fenômenos como El Niño ou La Niña, o que manteve as temperaturas e a umidade dentro da normalidade. Somam-se a isso as políticas públicas de prevenção, como campanhas e outras medidas. Por fim, outro fator é o menor acúmulo de biomassa, já que a ocorrência de grandes incêndios em anos anteriores pode ter reduzido o material combustível disponível para a queima em certas áreas”,
esclarece.
O Programa Queimadas do INPE é baseado na captação de dados por uma constelação de satélites que detectam o calor gerado pela queima da vegetação. Essas informações são processadas pelo Instituto e disponibilizadas na internet com atualização diária. Os números são essenciais para a gestão ambiental e na atuação de órgãos de controle e de emergência, como Corpo de Bombeiros e Defesa Civil.
No site do Programa Queimadas também é possível fazer o recorte por região, unidades federativas e biomas. Os dados revelam que, enquanto Pampa e Caatinga registraram aumento de focos de queimadas (72% e 26%, respectivamente), os demais apresentaram reduções significativas, como o Pantanal (-96%) e a Amazônia (-78%), na comparação com o mesmo período do ano passado.
Morelli também lembra que os dados do INPE são disponibilizados em diferentes formatos, que incluem a localização geográfica dos focos detectados, com atualização a cada 10 minutos; estimativas mensais de áreas queimadas; mapas diários de risco de fogo; dados meteorológicos e boletins informativos detalhados por unidades federativas, municípios, biomas e unidades de conservação.
Acesse aqui os dados do Programa Queimadas do INPE
Sistema de prevenção mais preciso
O INPE realizou uma nova atualização no seu sistema para previsão de desmatamento na Amazônia. A modernização solucionou questões técnicas e reduziu cerca de 75% dos erros da versão anterior. A nova tecnologia, lançada em agosto, utiliza inteligência artificial para prever, com até 15 dias de antecedência, as áreas de maior risco de desmatamento e de queimadas na região.
O projeto Deforestation Prediction System está inserido na plataforma TerraBrasilis, desenvolvida pelo INPE, unidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Segundo a pesquisadora Ana Paula Aguiar, do ponto de vista tecnológico, a atualização é um avanço importante e inovador.
“Ao conseguir antecipar o local do desmatamento, aumentamos a chance de as equipes de fiscalização chegarem em tempo aos locais onde o desmatamento está ocorrendo e evitar que ele aumente”,
explica a pesquisa do INPE.
O novo sistema contribui para os demais esforços do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) pelo desmatamento zero. O professor do departamento de Engenharia Elétrica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pesquisador responsável pelo modelo, Raul Feitosa, considera que a previsibilidade do sistema é um grande diferencial.
“Enquanto vários outros estudos de previsão de desmatamento se baseiam em períodos mais amplos, como de hoje até um ano, este prevê com precisão o que pode acontecer nos próximos 15 dias. Isso é consideravelmente mais desafiador. Nosso modelo foi desenvolvido especificamente para enfrentar essa complexidade do curto prazo”,
diz.
De acordo com dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER), de agosto de 2024 a julho de 2025, o número de alertas de desmatamento na Amazônia apresentou queda de 48%, mesmo com o avanço da degradação em estados como Mato Grosso e Amazonas.
A nova atualização é fruto de uma parceria entre o INPE, o MMA, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a PUC-Rio. Para fazer a previsão, semanalmente o sistema recebe informações de desmatamento, degradação e dados climáticos dos programas DETER, PRODES (de mapeamentos de supressão e/ou degradação de vegetação nativa) e Queimadas, também do INPE.
“Com os dados em mãos, nós os colocamos no modelo para que ele faça essa relação entre os fatores possíveis da área. Com isso, ele consegue projetar qual local tem maior potencial de ocorrer um desmatamento”,
explica Ana Paula.
Segundo Feitosa, o modelo foi treinado com base na série histórica de dados coletados pelo INPE.
“O modelo de IA identifica nesse histórico padrões entre o que acontece imediatamente antes do desmatamento e quais são os fatores determinantes, como a distância de rios e de estrada”. Ele explica que a inteligência artificial emprega métodos de pesquisa sistemática para identificar padrões no histórico dos dados. “Uma vez treinado, o modelo monitora continuamente informações do passado recente para projetar o que provavelmente ocorrerá no futuro próximo”, f
inaliza.
No portal TerraBrasilis, o resultado do projeto se traduz em um indicador de risco de desmatamento, disponível para usuários cadastrados. Os indicadores podem ser visualizados em células de 150 km x 150 km ou 25 km x 25 km, 5 x 5 km², organizados por municípios e estados e em diferentes períodos de tempo.
Conheça a Sala de Situação no Painel TerraBrasilis
Com informações e imagens do INPE e MCTI
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