A Base Naval de Aratu, em Salvador, recebe, até esta sexta-feira (14/11), a primeira edição do Aramuss-2025 (Aratu Maritime Unmanned Systems Simulation), evento pioneiro da Marinha do Brasil (MB) voltado à integração de tecnologias não tripuladas aplicadas ao ambiente marinho.

Promovido pelo Comando do 2º Distrito Naval, o evento posiciona o país na rota mundial de inovação em defesa. Seu objetivo principal é testar, em condições reais, sistemas não tripulados — marítimos, aéreos e subaquáticos —, com ênfase em inteligência artificial, robótica e contramedidas de minagem.

Para o Comandante do 2° Distrito Naval, Vice-Almirante Gustavo Calero Garriga Pires, o futuro já está acontecendo:

“Muitos de nós ainda acham que isso é ficção, mas trata-se da nossa nova realidade já existente, que já está aí. É um marco na transformação da atuação naval brasileira.”


Com o objetivo de garantir a integração com a sociedade civil, o evento abriu as portas ao público gratuitamente.

Jennifer Aryane Dantas dos Santos tem 19 anos e é estudante de Relações Internacionais. Ela revela que ficou interessada na temática pela relação com a futura carreira:

“Como uma pessoa que gosta muito dessa área de geopolítica, logística, portuária e tecnológica, quando eu soube da Aramuss decidi visitar os estandes para me atualizar. Estou achando tudo muito interessante e inovador.”

Já a professora Yohana Costa Freire, 35 anos, levou o filho Miguel de oito anos por acreditar que o incentivo ao conhecimento deve acontecer desde cedo:

“Acho muito importante a presença de crianças porque eles precisam aprender que a tecnologia move o mundo.”


Inovação e interoperabilidade na Amazônia Azul

O encontro reúne 24 expositores, nove universidades e representantes de cinco países — Chile, França, Peru, Estados Unidos e Portugal —, além de participantes de 18 estados brasileiros.

Entre os confirmados estão agentes da indústria de defesa, como Emgepron, Tidewise, Kongsberg, Exail, Grupo Edge, Fugro Brazil, BRS Robótica e Xmobots, que apresentam em seus estandes, soluções em sensores, veículos não tripulados e sistemas de monitoramento.

A presença acadêmica também é um dos pilares do evento, com a participação de instituições, entre elas a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e a Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

O Instituto Federal Baiano (IF Baiano) também participa da programação. Para o representante, Coordenador do Grupo de Pesquisa de Geografia Marinha da Bahia, José Rodrigues de Souza Filho, esse pioneirismo já reflete os próximos cenários tecnológicos para o país:

“Para as universidades e institutos de pesquisa é uma oportunidade ímpar. Esses sistemas vão levar daqui em diante, para todas as áreas, uma possibilidade de ampliação de pesquisas, mas também reflete na geração de negócios e empregos e os nossos alunos, tanto de nível médio como graduação e pós-graduação, têm muito a ganhar.”

Entre os projetos apresentados, destacam-se três de robótica voltados para a área ambiental, produzidos por 15 estudantes do Centro Estadual de Educação, Inovação e Formação Mãe Stella (CEEINFOR), do bairro do Cabula, em Salvador.

Todos foram construídos a partir de peças Lego. Os protótipos incluem um submarino com câmera para observação de mangues, um carro para recolhimento de lixo da areia da praia e um barco destinado à limpeza da superfície do mar.

Bahia: tradição marítima e inovação tecnológica

A escolha de Salvador (BA) para sediar a primeira edição do evento não foi por acaso. A localização na Baía de Todos-os-Santos é considerada estratégica, já que a área marítima reúne condições ideais para esse tipo de simulação.

A relação histórica entre a Marinha e a Bahia remonta à própria formação do Brasil.

“Realizar este evento em Salvador é unir inovação e história. A Bahia tem vocação marítima e, agora, se torna referência em tecnologia de defesa”,

afirma o Vice-Almirante Garriga Pires.

A Prefeitura de Salvador, o Governo da Bahia, a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), a Praticagem de Salvador, a Submariner, a Associação Náutica da Bahia e a Sociedade Amigos da Marinha (Soamar) estão entre os órgãos que apoiam a programação.

A Aramuss recebeu, entre as autoridades, a visita do Vice-Governador do Estado da Bahia Geraldo Junior, que participou do tradicional corte de fita para a abertura da programação.

A Vice-Prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, também participou e declarou se sentir honrada com a escolha da cidade como sede desse momento inédito:

“É muito bom presenciar essa capacidade de trazer tecnologias para uma discussão tão rica, com o objetivo de melhorar a defesa do nosso País. Estou muito orgulhosa! Marinha, conte com Salvador que Salvador conta com vocês.”

Inspiração Portuguesa

A Aramuss segue a linha da Remus, realizada em Portugal. Diretor da Célula de Inovação, Desenvolvimento e Experimentação Operacional de Sistemas Não Tripulados (CEOV), da Marinha Portuguesa, o Capitão de Fragata Marco Paulo Pinto Guimarães, destacou o intercâmbio de conhecimento em novas tecnologias entre as Marinhas do Brasil e de Portugal:

“É um privilégio poder participar e compartilhar um pouco da nossa experiência, que advém do nosso exercício Repmus, além de juntar esse oceano que nos une, transferir esse conhecimento e apoiar naquilo que for necessário.”

A iniciativa busca fortalecer a formação de profissionais e impulsionar a pesquisa nacional em defesa e tecnologia naval. Com essa proposta inovadora, a Marinha do Brasil destaca que o avanço da defesa nacional depende, cada vez mais, da união entre tecnologia e práticas sustentáveis nas operações navais realizadas na Amazônia Azul — área marítima de importância estratégica, que concentra grande parte das riquezas naturais do País.

Com informações e imagens da Agência Marinha de Notícias


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