Formado em engenharia civil, Richard Newell trabalhou com sistemas de segurança para fábricas de produtos químicos nos anos 70 e com sistemas de CAD nos anos 80. Há cerca de dez anos, percebendo o potencial do mercado de Sistemas de Informações Geográficas, resolveu desenvolver um software que suprisse algumas carências que ele e um grupo de engenheiros havia percebido. Foi assim que começou a Smallworld, empresa que faturou cerca de 70 milhões de dólares no último ano. O principal ramo de atividade da Smallworld é a área de redes. De acordo com a empresa, 70 a 80% das licitações para GIS nos Estados Unidos neste setor são vencidas pela Smallworld. Em julho, Newell veio ao Brasil para visitar clientes de seus produtos e divulgar a empresa. Ele diz que acredita muito no potencial da América Latina. A empresa se instalou na região há apenas 18 meses e já tem clientes como a Companhia de Energia Elétrica do Uruguai, a Companhia Telefônica do Chile e a Companhia Elétrica do Peru. No Brasil, já são clientes a Light e a CERJ (Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro). A entrevista a seguir foi concedia por Newell à infoGEO durante sua passagem pelo Brasil. Daniel Castillo (presidente da representante Smallworld para a América Latina) e outros membros da Cotesa estiveram presentes à entrevista, como o vice-presidente Juan Carlos Viñez, o Diretor Geral para vendas na América Latina Ali Chahin, o Diretor Geral para a América Latina Ricardo Ferreyros e a assessora de imprensa Maria Carolina Brison. Confira:

Richard Newell e Daniel Castillo durante entrevista à infoGEO

InfoGEO – Como começou a Smallworld?
Newell – O começo foi em 1.988. Éramos um grupo de nove engenheiros que, olhando para o mercado de GIS, vimos que havia uma grande oportunidade ali. Mas achávamos que os sistemas disponíveis na época não estavam fazendo um bom trabalho. A maioria dos sistemas era de pequeno porte, e não trazia bons resultados para os negócios. Havia muitos pontos técnicos que precisavam ser resolvidos para que a tecnologia pudesse resolver os grandes problemas que você encontra especificamente em empresas de utilities (serviços como distribuição de energia, água, esgoto e telecomunicações).

infoGEO – Quais são as peculiaridades desta área?
Newell – Primeiro de tudo, nesse tipo de serviço são usados bancos de dados enormes. Esse tipo de empresa precisa no final acessar informações sobre milhares de pessoas simultaneamente. O GIS, por outro lado, era historicamente usado com bancos de dados de poucos megabytes para resolver alguns projetos específicos. No começo, tentou-se resolver os problemas usando softwares que estavam preparados para usar um banco de dados pequeno. Os primeiros softwares de GIS estavam baseados em CAD (que não tem conectividade nem topologia) ou eram feitos para resolver problemas de áreas, com polígonos em overlay, o que também não viabiliza o estudo de redes. O que a Smallworld fez foi notar esse vácuo, perceber que havia muitas empresas no mundo com os mesmos problemas e que nenhuma das tecnologias disponíveis há dez anos conseguia dar conta deste desafio, e nós achamos que sabíamos o que deveria ser feito. Nós identificamos o problema, escrevemos um documento sobre os dez mais importantes questões que precisavam ser resolvidos para que a tecnologia funcionasse.*

InfoGEO – A Smallworld está lançando um software para publicação de dados em rede. Qual a importância da Internet para o GIS?
Newell – Ela é muito importante na fase de disponibilização dos dados. É uma grande novidade nesse sentido. Não é necessariamente uma grande fonte de divisas para as empresas que fabricam GIS. Mas é realmente essencial para fornecer uma solução completa para uma organização para maximizar o uso da base de dados. Ter um software para disponibilização de dados em rede hoje não é uma opção. É uma obrigação.

InfoGEO – Na sua opinião, o que Smallworld Web tem de diferente dos concorrentes?
Newell – Muitas coisas. Acho que principalmente o fato de ele operar diretamente no modelo da base de dados do GIS e não num extrato. Ou seja, ele oferece todas as funções do software ao usuário. É claro que existe uma questão de performance que geralmente faz com que as empresas optem por fazer um disponibilizador menos funcional mas que rode mais fácil. Nós, no entanto, acreditamos que é fundamental que nossos clientes possam fazer todas as operações possíveis em sua base de dados, seja via Intranet ou Extranet.

infoGEO – Qual é hoje a família de softwares Smallworld?
Newell – Temos o Smallworld 3, que é a versão profissional do software; o Smallworld View, que é um visualizador de dadosl; e o Smallworld Web, que é o disponibilizador. E em novembro estaremos lançando provavelmente um outro software, que se chama Smallworld Spatial Intelligence, para geomarketing. Também esse opera diretamente na base de dados. Todos os nossos produtos têm essa filosofia. Arquitetonicamente, acredito que seja errado cada software de uma família ter um formato diferente de dados.

infoGEO – Como está a participação da empresa na América Latina?
Newell – Estamos nos estabelecendo na América Latina há cerca de 18 meses e hoje já temos escritórios em 6 países. Estamos nesse momento fazendo nossas primeiras vendas em alguns países (Brasil, Venezuela, Peru, Uruguai) e todos nos dizem que há um grande mercado por aqui e que devemos dar atenção a esta região. É o que estou fazendo vindo aqui, tentando dar visibilidade ao nosso trabalho e aos nossos produtos.

 Quem tiver interesse pode ler o documento completo na Internet: Http://www.smallworld-us.com/technology/tech/tech_tenprobs.as