O arquiteto de sistemas da Construtel, Deyler S. Paiva, complementa a coluna futuroGEO, que nas duas últimas edições procurou traçar a anatomia dos sistemas de informações geográficas
Por Deyler Santos Paiva

Após a leitura das duas últimas colunas do Gilberto Câmara (As roupas novas do imperador I e II, revistas nº 12 e 13), julgamos necessário acrescentar nossas próprias observações sobre alguns dos softwares citados, na tentativa de preencher lacunas e contribuir de alguma forma com um conhecimento mais detalhado, que julgamos desfrutar como usuários desses produtos. Na avaliação dos sistemas de "GIS Desktop" (aqueles nos quais os dados espaciais e tabulares são armazenados separadamente) estranhamos a ausência de algumas características do Autodesk World, listado na tabela 1, onde fizemos algumas anotações, relacionadas abaixo.

Tabela 1 – GIS Desktop
Produto
– Autodesk World;
Suporte imagens – suporte a imagens raster em diversos formatos, tais como JPEG, TIFF, EPS e outros;
Análise espacial (Geoestatística, etc) – ausente;
Álgebra mapas – pesquisas espaciais, de atributos e de relacionamentos;
Integr. servidor – acesso bidirecional aos bancos Oracle, Sybase, MS SQL Server e qualquer outro que suporte ODBC/DAO;
Ling. progr. – não se restringe ao Visual Basic, como citado, podendo incluir quaisquer linguagens COM-compliant, tais como MS Visual C++, Borland C++ ou Delphi, contando ainda com os recursos de automação da API Activex;
Interop. – acesso a dados vetoriais em seus formatos nativos, incluindo ARC/INFO, ArcView, MapInfo, MicroStation, Intergraph, Atlas GIS e outros; permite combinar CAD, GIS, raster, atributos e arquivos multimídia em um único ambiente;
Orient. objetos – total, projetado para uso no ambiente Microsoft Office.

Com relação às camadas de acesso aos "Gerenciadores de Dados Geográficos" (aqueles que armazenam tanto a geometria como os atributos dos objetos em SGBDs relacionais) temos algumas correções a indicar na tab. 3, relacionadas ao VISION*.

>b>Tabela 3 – Gerenciadores de Dados Geográficos
Produto – VISION*;
Área de aplicação – integração de dados de engenharia, GIS e informações empresariais; gerência de redes nas áreas de telecomunicações, saneamento, eletricidade, gás e administração pública;
Integração produtos – AutoCAD Map e Autodesk MapGuide;
Gerência Transação – diferentemente do que foi citado, o VISION* possui controle de versões (long transaction versioning);
Interface progr. – provê um conjunto de APIs chamado de GML (Geographic Macro Language), próprio para criar, manipular e atualizar dados espaciais e tabulares, a partir de aplicações clientes desenvolvidas em VisualBasic, C++ ou Java;
SGBDs suportados – Oracle.

Estranhamos também, no caso dos "Componentes GIS" (aqueles que fornecem um ambiente de componentes, com tipos de dados geográficos básicos, métodos de acesso e de apresentação), a ausência dos VISION* Objects, que permitem a implementação e customização de aplicativos desenvolvidos a partir das linguagens de programação já citadas. Com isso, adicionamos à tabela 4 uma outra linha, com os dados abaixo.

Tabela 4 – Componentes GIS
Produto
– VISION* Objects;
Ambiente programação – Visual Basic, C++, Java;
Integração servidor – Vision* / Oracle;
Tipos de dados – Vetores, Tabelas, Imagens;
Suporte para OLE/ODBC – presente.

Finalmente, com relação às "Arquiteturas Web de Dados Geográficos" (aquelas que permitem a publicação de mapas GIS pela Internet), anotamos algumas correções relativas ao Autodesk MapGuide, um software que permite a visualização universal de dados pela Internet, além de prover recursos para a preparação de mapas interativos para publicação na Internet ou intranets.

Tabela 5 – Arquiteturas Web de Dados Geográficos
Produto
– Autodesk MapGuide;
Tipo de produto – "client-side";
Tecnologia visualizador – Activex;
Integração servidor – VISION* / Oracle e AutoCAD Map.

Concluindo, retornamos mais uma vez às palavras do Gilberto, para também registrar o nosso espanto quanto à velocidade com que a tecnologia GIS vem evoluindo e conquistando as grandes corporações, a ponto de confundir mesmo os que lidamos com ela no dia a dia. E assim, como num ecossistema, a diversidade é um fator extremamente valioso, fazendo com que todas essas tecnologias se revistam de um caráter de complementaridade, de tal forma que os aplicativos desenvolvidos para um objetivo, antes isolado, passam a ser utilizados como blocos de construção de um projeto maior e com objetivos mais amplos.

Por isso, se a sua empresa está iniciando um projeto GIS, valem as advertências de sempre: cuidado com o que você está construindo (lembra-se do Frankenstein?) e não deixe de investir no seu pessoal, afinal, são eles que fazem as coisas acontecerem. E se você é daqueles que gostam de sair fazendo as coisas no maior pique, sem muito planejamento, vale a advertência atribuída a Napoleão para os seus ajudantes: "Vistam-me devagar que eu estou com pressa!"

Deyler Santos Paiva
é arquiteto de sistemas da Construtel. E-mail: dpaiva@construtel-sti.com.br