O mapa do mercado de Geotecnologias no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

por Aline Assumpção

Com o segundo maior mercado de Geotecnologias do país, ficando apenas atrás da região Sudeste, a região Sul concentra um quarto de todas as empresas de Geo. O Sul foi a primeira região brasileira a se desenvolver em várias áreas do setor.

Segundo uma pesquisa divulgada pelo IBGE, a região é a mais desenvolvida no setor público, em especial na área de prefeituras. A primeira Pesquisa de Informações Básicas Municipais revela que os municípios do Sul respondem pelo mais alto índice de utilização de mapas digitais (14,6% dos municípios, contra 7% da média do país). A pesquisa mostra ainda que a região tem a maior proporção de municípios que atendem às exigências da legislação. O Sul também se mostra mais eficiente na arrecadação de IPTU: 23% dos municípios arrecadaram o imposto de mais de 80% das unidades cadastradas em 1998, contra 13% da média nacional.

Além das prefeituras, as questões de meio ambiente e saneamento têm merecido grande atenção do governo dos três estados. No setor privado também há projetos consideráveis das companhias elétricas e telefônicas, mas de menor relevância.

Paraná
Estado pioneiro em vários aspectos do setor, o Paraná não é mais o primeiro do Brasil, mas continua se destacando no mercado nacional com cerca de 14% de todas as empresas brasileiras e 56% das empresas do Sul. A posição do estado no setor está fundada na tradição da formação de profissionais pela UFPR, que desencadeou o surgimento das primeiras empresas que aí se concentraram.

Os municípios do Sul respondem pelo mais alto índice de utilização de mapas digitais (14,6% dos municípios, contra 7% da média do país)

José Bittencourt, diretor da Geocosmos, empresa do grupo Engefoto e professor sênior da UFPR que acompanhou de perto o início do Geo no estado e no país, conta como aconteceu: "Em 1953 o órgão de Cartografia do governo do estado, Departamento de Geografia Terras e Colonização DGTC contratou o primeiro mapeamento por vôo aerofotogramétrico do país, era um vôo de quase todo o Estado. Em 1964 a Escola de Florestas, em Curitiba, teve a primeira turma a cursar uma disciplina de aerofotogrametria. Em 1970 foi criado o Instituto de Geociências da UFPR, responsável pela criação, do primeiro curso de pós-graduação em Ciências Geodésicas do Brasil, em 1971. Em 73 surgiu a comissão de Cartografia, que criou o curso de Graduação em Cartografia, também pioneiro, que começou a funcionar em 76. A partir daí o Paraná passou a formar profissionais qualificados, o que resultou no surgimento de empresas especializadas, lá pelo início da década de 70, e num desenvolvimento cada vez maior deste setor no Estado".

O Paraná, especialmente Curitiba, continua a se destacar no panorama nacional da Geotecnologias. A diferença é que hoje, apenas as empresas de aerolevantamento estão em sua maioria no estado, os demais tipos de empresas relacionadas às Geotecnologias passaram a se concentrar cada vez mais, em São Paulo – seguindo uma tendência natural da nossa economia.

Tradição e formação Cultural e Educacional são os principais responsáveis pelo desenvolvimento do mercado no Sul

Dentre os projetos que acontecem no estado destaca-se o Programa Proteção da Floresta Atlântica do Paraná – PRÓ-ATLÂNTICA um dos maiores Programas exclusivamente ambientais executado no Paraná com recursos externos. Resultado de uma parceria entre a República Federal da Alemanha, através do seu agente financiador, o Banco Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), e o Paraná, o Programa prevê investimentos globais de U$ 20 milhões, para um período de cinco anos, que teve início em 1997. Deste total, 65% provêm de doação por parte do KfW e os 35% restantes do Governo do Paraná.

O programa prevê mapeamento e monitoramento de toda a área envolvida. O mapeamento básico e temático da área subsidiará a definição de locais prioritários para a realização do cadastramento fundiário na área de florestas, além de um sistema de monitoramento ambiental constituído por um banco de dados georeferenciado.

O Brasil conta apenas com cerca de 20 doutores e 150 mestres na área das Ciências Geodésicas, predominantemente formados no Programa de Mestrado e Doutorado da UFPR, e uma pequena fração formada em programas congêneres no exterior

Ao todo, serão 86 mapas na escala 1:25.000 produzidos em sistema digital, que atualizarão a base cartográfica dos 15 municípios abrangidos pelo Programa, defasada em pelo menos 20 anos. Além dos mapas temáticos – 27 por tema, na escala 1:50.000 – detalhando vegetação, solos, geologia, entre outros aspectos. Ainda serão utilizadas imagens do satélite Landsat. Com todas as informações numa base única, o Pró-Atlântica montará seu Sistema de Informações Geográficas (SIG), e terá um conhecimento mais preciso da realidade, podendo agir rapidamente para conter as ações que comprometam o meio ambiente em sua área de abrangência. O monitoramento vai permitir acompanhar as ações realizadas na região e atualizar permanentemente o banco de dados. (proatlan@pr.gov.br)

O Estado do Paraná conta com o Sistema de Informações Cartográficas Oficiais do Paraná – SICOPAR cujo objetivo é organizar, estruturar e disponibilizar as informações cartográficas básicas de interesse dos órgãos estaduais e do cidadão. Para sistematizar os dados cartográficos do Estado, foi elaborado o modelo de dados cartográficos onde constam as principais entidades de interesse geral dos diversos usuários de cartografia, constituindo-se em um núcleo básico, que pode ser adotado por todos os órgãos estaduais.

O modelo foi elaborado pela CELEPAR e discutido com os técnicos das instituições através da Câmara Técnica de Cartografia e Geoprocessamento. O SICOPAR esta sendo desenvolvido em plataforma GIS e é composto pelos subsistemas: Produtos Cartográficos, Estruturas Geodésicas, Sensoriamento Remoto e Cartografia. (GIS.geotec@pr.gov.br)

Destacam-se a ainda o GIS da SANEPAR, que envolve análises hidráulicas, simulações e técnicas modernas de operação e o Geoprocessamento do Serviço Social Autônomo Paranacidade, desenvolvido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano do Paraná (ver MunicípioGEO, pag 52), que prima pela reorganização e planejamento dos municípios do estado.

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ONDE ESTUDAR – PR
UFPR
Curso de pós-graduação em Geodésia
Mestrado e Doutorado
www.geoc.ufpr.br
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Santa Catarina
O menor estado da região, aparece no panorama nacional com cerca de 5% das empresas de Geo do país, e se destacam principalmente os projetos voltados ao meio ambiente na região litorânea. Os principais exemplos desta iniciativa são o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro -PEGC, que visa estabelecer a implantação da Política Estadual de Gerenciamento Costeiro, incluindo a definição das responsabilidades e procedimentos institucionais para a sua execução, baseados no PNGC ( nacional); e o Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro PMGC, que deve guardar estreita relação com os planos de uso e ocupação territorial e outros pertinentes ao planejamento ambiental.

"As Geotecnologias aqui no Rio Grande estão sendo fortemente alavancadas pelo governo do Estado, que tem incentivado o crescimento do setor e investido em projetos de grande porte, como o Pró-Guaíba. A prefeitura de Porto Alegre também está investindo em GEO, e acaba de fechar acordo com o exército para fazer todo o mapeamento da capital"
Francisco Bragança, coordenador do XX Congresso Barsileiro de Cartografia, IX Congresso Nacional de Engenharia de Agrimensura e VIII Conferência Ibero-americana de SIG.

Faz parte do programa o Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro SIGERCO, um componente do Sistema de Informações sobre o Meio Ambiente (SINIMA), proveniente de banco de dados, sistema de informações geográficas e sensoriamento remoto. O SIGERCO organiza e sistematiza os dados e informações obtidas pelas atividades do Projeto e permite a avaliação periódica da evolução das atividades sócio-econômicas sobre o meio ambiente.

Outro projeto de âmbito público é o mapeamento do oeste catarinense, que está sendo executado pela UFSC. A região havia sido mapeada pela última vez na década de 50, de lá para cá a desatualização das informações tem gerado alguns problemas. Na área rural é difícil identificar onde começa e onde termina uma propriedade, nas áreas urbanas, o problema é o mesmo, tornando difícil a arrecadação de impostos e construção de melhorias.

A partir desta situação, o departamento de Engenharia Civil da UFSC iniciou um projeto de mapeamento aeroespacial da região. O laboratório já está participando do mapeamento das Prefeituras de Belém do Pará e São José, em Santa Catarina. Este levantamento é feito através da Retac, uma rede de trabalho que envolve, além da UFSC, as universidades estadual e federal do Rio de Janeiro, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e uma empresa privada.

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Onde Estudar – SC

UDESC
– Cursos de extensão na área de geoprocessamento Laboratório de Geoprocessamento –
– Conhecendo Geotecnologias de Suporte à Decisão Espacial
– Iniciando em Sistemas de Informação Geográfica
http://www.cav.udesc.br/~engrural/ie/eventos/index.html

UFSC
http://www.fapeu.ufsc.br/
Curso de Pós-Graduação- Mestrado e Coutorado – Dep. Engenharia Civil Cadastro técnico Multifinalitário
Curso de Pós-Graduação- Mestrado- Dep. Engenharia Ambiental
Planejamento de Bacias Hidrográficas
Curso de extensão:
Introdução à Cartografia Digital e Representação de Dados Espaciais em CAD

UNISUL
http://www.unisul.rct-sc.br/Index.phtml?Canal=1&Curso=EAM&Guia=Disciplinas
Engenharia Ambiental. Curso de graduação. Inclui Topografia e Cartografia, Geoprocessamento.
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Rio Grande Do Sul
Com 23% das empresas da região e uma considerável produção científico-acadêmica, o Rio Grande do Sul será sede, em outubro, de um dos maiores eventos de cartografia do país. Acontecerão simultaneamente, na PUCRS, o XX Congresso Brasileiro de Cartografia, o IX Congresso Nacional de Engenharia de Agrimensura e a VIII Conferência Ibero Americana de SIG. "De 07 a 12 de outubro, Porto Alegre será o centro da Cartografia Mundial, estarão presentes autoridades da Cartografia de todo o mundo, como por exemplo o presidente da ISPRS( International Society of Photogrametry and Remote Sensing). São 17 palestrantes internacionais", conta Francisco Bragança, coordenador do evento.

No Estado está o que pode ser considerado um dos grandes projetos de meio ambiente e monitoramento hidrográfico envolvendo Geotecnologias do país. O Programa Pró-Guaíba objetiva melhorar as condições ambientais da Bacia Hidrográfica do Guaíba – a mais importante das três regiões hidrográficas do Rio Grande. É uma área de 85.950 quilômetros quadrados, dividida em 8 sub-bacias, Alto Jacuí, Taquari-Antas, Pardo Baixo Jacuí, Vacacaí, Caí, Sinos, Gravataí e Guaíba, equivalendo a 30% da área total do Estado. O projeto vai atingir mais de 250 municípios responsáveis pela geração de 86% do PIB gaúcho – onde vivem 2/3 da população do Estado, e levará de 15 a 20 anos para atingir suas metas

O Programa, orientado por um Plano Diretor de Controle e Administração Ambiental da Bacia, quer criar as condições necessárias para o desenvolvimento racional dos recursos naturais, recuperação da qualidade ambiental nas áreas urbanas e rurais, bem como executar o manejo ambiental sustentado da produção agrícola, pecuária, florestal e industrial. A preocupação é em reverter o processo de utilização do solo e urbanização impensada que acabaram comprometendo os diferentes ecossistemas do Estado.

O investimento estimado para intervenção em toda a Bacia é de 1,5 bilhão de dólares contando com o financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o que representa 60% do total dos custos e 40%, em forma de contrapartida do Governo do Estado e de governos municipais. O Programa está sendo executado pela Secretaria da Coordenação e Planejamento (SCP) em ações conjuntas com vários outros órgãos estaduais e municipais.

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ONDE ESTUDAR – RS
PUC-RS
http://www.pucrs/ffch/labgeo/frame.html
Curso Extensão – Laboratório de Tratamento de Imagens e Geoprocessamento
Noções Básicas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento
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Dados e estatísticas:
Fonte:
Guia de Empresas 2001 – Infogeo
IBGE