Projeto conta com sistema de informação integrado para suporte a conservação e manejo das tartarugas marinhas

O Projeto Tamar-Ibama, ao longo de seus 22 anos de existência, vem coletando informações de suma importância para a conservação das tartarugas marinhas e de todos os ecossistemas a elas relacionados que ocorrem no Brasil. As duas principais bases de dados são: reprodutiva e não reprodutiva, que contêm as informações relacionadas a áreas de reprodução e alimentação de tartarugas marinhas. Atualmente, com a implementação do Programa Nacional para a Redução da Captura Incidental de Tartarugas Marinhas na Pesca e os experimentos com telemetria (monitoramento via satélite de indivíduos marcados), o sistema de coleta de dados expandiu-se para outras áreas oceânicas (Atlântico Sul). Essas informações provêm de dados da pesca oceânica, onde ocorre uma interação das tartarugas com a pescaria do espinhel pelágico e da rede de deriva, ou da telemetria.

Com o crescente fluxo de informações e uma quantidade de dados já bastante expressiva, proveniente de diferentes regiões, surgiu a necessidade de criar um sistema de informação integrado e georreferenciado, onde informações de diferentes fontes possam ser cruzadas e analisadas de forma mais precisa com possibilidade de visualização espacial dos dados.

Este sistema, denominado Sitamar (Sistema de Informação do Projeto Tamar), vem sendo desenvolvido desde o final de 2002, com apoio da Fundação Pró-Tamar e da National Fishery and Wildlife Foundation (NFWF) e tem o objetivo de "Aprimorar o processo de coleta, armazenamento, disponibilização e consultas de dados e informações sobre o Projeto Tamar- Ibama". Para isso, os seguintes passos serão seguidos:

Tabela de Passos – Sitamar
 Aprimoramento da coleta de dados.
 Desenvolvimento do sistema de informação para o Programa Tamar-Pesca.
 Desenvolvimento do SITAMAR, agregando dados do Programa Tamar-Pesca com as bases existentes (reprodutiva e não reprodutiva).
 Disponibilização do sistema de informações, possibilitando o acesso a consultas, atualização e introdução dos dados via Web.

O Programa Tamar-Pesca possui um banco de dados sobre a atividade pesqueira no Litoral Norte da Bahia, com o registro de aproximadamente 480 embarcações. Atualmente essa base vem sendo atualizada em trabalho conjunto com a Bahia Pesca, para a retomada da estatística pesqueira do estado da Bahia. O Projeto Tamar
vem executando a coleta de dados do Estatpesca no Litoral Norte do estado, acompanhando o fluxo de embarcações pesqueiras, artes de pesca empregadas e desembarque de pescado. O Sitamar tem como objetivo principal a integração destas bases usando um SGBD único, utilizando recursos web para atualização e disponibilização dos dados on-line, inicialmente entre as 22 bases do Projeto Tamar e posteriormente para entidades parceiras e o público geral.

Para o desenvolvimento do Primeiro GIS Piloto, foi utilizado o ArcView 8.2 e o software de navegação Nasareh2000P. Inicialmente estarão sendo utilizadas as bases de dados em formato Microsoft Access, e tabelas geradas no MS Excel.

Posteriormente, a implementação do sistema completo será efetuada com estrutura adequada à gestão em rede, com servidor, sistema de segurança e backup de dados, softwares gerenciadores de banco de dados, e provedor para Internet para disponibilizar os dados via web de forma confiável e segura. Outros bancos de dados de parceiros deverão ser integrados de forma facilitada.

Está disponível na internet a página do Projeto Tamar-Ibama (www.projetotamar.org.br), contendo informações gerais sobre o projeto e as espécies de tartarugas marinhas. O site recebeu cerca de 360 mil visitas até janeiro de 2003

Outro produto do Tamar-Pesca é uma base de dados referente ao espinhel pelágico no Brasil, pescaria voltada para a captura de espadarte, atum e tubarão e que apresenta grande potencial de captura incidental de tartarugas marinhas. A base de dados inclui informações geográficas, de esforço de pesca e de tartarugas capturadas, o que possibilitou o desenvolvimento de um protótipo do GIS.

O mapa base para a pescaria com espinhel pelágico contém temas como limites da Zona Econômica Exclusiva Brasileira, Áreas de atuação das bases do Projeto TAMAR-IBAMA, batimetria, divisão da região oceânica em três grandes áreas de maneira arbitrária (OC1, OC2 e OC3) e em quadrantes de 5º, a análise de CPUE (captura por unidade de esforço) por área oceânica e por quadrante de 15 graus.

Para o protótipo foi utilizado o ArcView 8.2, fornecido pela Gempi, assim como alguns layers conseguidos no próprio cd de mapas da ESRI (mapa do Brasil e Grid de latitude e longitude). Outros foram criados pela equipe de desenvolvimento utilizando-se do ArcView, cartas náuticas digitalizadas pela DHN e ima- gens aéreas adquiridas na Conder (órgão do governo da Bahia).

O ArcView está instalado em um notebook e recebe dados de parceiros, pontos de captura de tartarugas, áreas de pesca, etc. Com isso é possível identificar áreas de maior prioridade, onde a captura incidental é maior, e trabalhar junto com a frota pesqueira, buscando medidas para a redução da captura e da mortalidade. Está sendo formada uma equipe treinada de observadores de bordo para embarcar na frota pesqueira (do espinhel pelágico) para conseguir dados mais refinados e reduzir a mortalidade das tartarugas.

Pesquisadores do Programa Nacional para a Redução da Captura Incidental de Tartarugas Marinhas na Pesca

Gilberto Sales
Coordenador Nacional do Projeto Tamar
gilsales@tamar.com.br

Guilherme Maurutto
Analista de Sistemas do Plano Tamar
gmaurutto@tamar.org.br

+ Informações
na internet:
(www.projetotamar.org.br)