Palestra do GEO Óleo e Gás 2005 relata benefícios trazidos por esta geotecnologia à exploração e produção de petróleo na estatal que integra Sergipe e Alagoas

Será apresentado no GEO Óleo e Gás 2005 – 2º Seminário e Exposição Internacional de Geotecnologias para Petróleo e Gás, a palestra GIS Aplicado na PETROBRAS Sergipe/Alagoas: Reduzindo Custos e Potencializando Benefícios na Exploração e Produção de Petróleo. Ela pretende apresentar uma sistemática dos resultados já obtidos que possibilitaram potencializar benefícios e redução de custos na Exploração e Produção da Petrobrás em Sergipe e Alagoas, a partir de um aplicativo desenvolvido com base no Sistema de Informações Geográficas já disponibilizadas, para toda a Empresa, via INTRANET. Acompanhe um pequeno histórico desta história de sucesso.

Partindo do princípio de utilização dos Sistemas de Informações Geográficas (GIS) – conforme box na próxima página – e objetivando-se a promoção de uma base de dados totalmente integrada para dar suporte às funções administrativas e de tomada de decisão em todos os níveis da organização, recomendou-se, durante um Seminário Ambiental realizado entre Unidades da Petrobrás em novembro de 1995, a padronização e consolidação da estrutura das diversas bases de dados georreferenciadas da Companhia, como forma de garantir o intercâmbio entre as mesmas.

Em Junho de 1996, realizou-se o I Encontro de Usuários de Geoprocessamento na Empresa, com o objetivo de promover a troca de informações entre os diversos participantes da área de Geoprocessamento e, ao mesmo tempo, sensibilizar outros segmentos da Companhia para a importância de se ter informações corretas e disponíveis de forma ágil e eficiente para as tomadas de decisões.

Promoveram-se palestras para os futuros usuários, visitas às Empresas, pesquisa bibliográfica, pesquisa de hardwares e softwares disponíveis no mercado, levantamento da documentação cartográfica existente em órgãos da administração pública e entrevista com gerentes. Também foram abordados os benefícios desta tecnologia.

"A utilização do GIS torna os dados amplamente disponíveis e permite que a informação seja integrada de uma maneira virtualmente ilimitada"

Com o uso do GIS evitar-se-ia a duplicação de esforços, pois os dados seriam inseridos uma só vez em uma base de dados centralizada, ao invés de ter a mesma informação inserida em várias bases de dados. A utilização tornaria também os dados amplamente disponíveis (um usuário poderia ser autorizado a acessar diretamente os conjuntos de dados de que necessitar) e permitiria que a informação fosse integrada de uma maneira virtualmente ilimitada (quaisquer conjuntos de dados dentro da base de dados poderiam ser usados em conjunto).

O sistema atuaria medindo, comparando e modelando matematicamente ou estatisticamente os diferentes temas dos dados, de forma que fosse gerada informação geográfica útil que prediga a condição de um ou mais aspectos do ambiente. O GIS inclui funções cartométricas básicas, como obter comprimento de linha, área da superfície, obter coordenada do mapa gerado e incluir pontos de coordenada conhecida. Técnicas de análise de mapas, como a habilidade para sobrepor digitalmente vários conjuntos de dados e extrair áreas que compartilham características comuns, como uso da terra, dutos e poços, são conjuntos de partes igualmente essenciais de qualquer GIS.

O GIS pode exibir dados geográficos contidos num banco de dados ou informação gerada a partir de procedimentos de análise dos dados. A exibição gráfica pode ser uma simples listagem de registros do banco de dados, uma apresentação das estatísticas em gráfico ou na forma de diagrama, ou um mapa temático que mostra o caráter geográfico da análise dos resultados. (Figura 1)


Figura1

Depois de decidirmos pela utilização desta geotecnologia, partimos para sua implantação, que começou efetivamente em Outubro de 1996, tendo como premissas básicas às recomendações constantes do relatório elaborado pela comissão. Considerando que a solução mais antiga de se resolver problemas envolvendo análises espaciais está correlacionada com a construção e utilização de mapas e estando a cartografia da área em meio analógico e completamente desatualizada, optou-se em investir na elaboração de uma nova base cartográfica, para dar suporte à implantação do Projeto. Os mapas, que cobrem uma área aproximada de 3.500 km2 da Bacia Sergipe/Alagoas, foram elaborados na escala de 1:25.000, a partir de um vôo aerofotogramétrico realizado na escala de 1:60.000, e disponibilizados, em meio digital, para todos os segmentos da Empresa.

O Sistema teve sua implantação definida para dois anos e contemplava alcançar, em princípio, os seguintes objetivos: auxiliar programação de equipes sísmicas e gravimétricas; facilitar a geração de mapas temáticos; possibilitar o controle de zonas de servidão; monitorar a injeção de inibidores, visualização de fotografias áreas, imagens de satélites e geologia de superfície.

O Site foi desenvolvido em parceria com a TECGRAF – PUC/RJ e todo na linguagem ASP, e encontra-se disponível na rede interna da Petrobrás (INTRANET ).
Em relação à infra-estrutura do Projeto, a aplicação foi desenvolvida na plataforma MGE (Modular GIS Environment) hoje em Geomedia Pro Versão 5.2 e Geomedia Web Map Versão 5.2, baseado na ferramenta Microstation. Todos os recursos de criação e gerenciamento de gráficos vetoriais disponíveis nos bancos de dados convencionais foram devidamente utilizados. (Tabela 01)

Tabela 1

A área de abrangência do projeto GIS é muito ampla, sendo que algumas frentes de atuação já manifestaram seus benefícios com a utilização do GIS. Evidenciou-se nos estudos para a aprovação de locação de poços uma redução do tempo gasto em aproximadamente 15 dias de trabalho dos técnicos lotados nos escritórios da sede em Aracaju e conseqüentemente facilitou-se a confecção das bases dos poços a serem perfurados nos estados de Sergipe e Alagoas e o trabalho dos técnicos nos Ativos de Produção de Sergipe Terra e de Alagoas. O sistema também auxilia:

– Na identificação dos municípios onde as atividades operacionais das sondas de produção e perfuração estão sendo executadas para o recolhimento do ISS;

– Quando solicitado pela ANP, na identificação do município onde se encontra o poço produtor para que a mesma efetue o pagamento da Par-ticipação Governamental;

– Nos estudos de posicionamento das torres de telecomunicações para melhor obtenção dos sinais de dados e voz;

– Na Confecção de mapas para o Licenciamento Ambiental a fim de Outorga de uma determinada área em estudo;

– Nos estudos para aquisição de sísmica 3D, rotas de fuga, devolução de áreas de concessão. Isto é obtido com uso de uma base cartográfica, 1:25.000, elaborada a partir da restituição de uma cobertura aerofotogramétrica, 1:60.000, da bacia Sergipe/Alagoas de 1997 e imagens de satélites LandSat 5 e Quickbird;

– Na permissão da liberação de áreas para perfuração de poços, utilizando o mapeamento das propriedades rurais. Esta vantagem trouxe facilidades ao contato e acesso com o proprietário;

– Confecção de mapas para o auxílio da elaboração do novo Capítulo 06 da NORMAN-01, onde a partir de agora, plataformas fixas desabitadas, que distem menos de 6 Km da costa, estão liberadas do uso de Rádio Farol em todo território nacional. Este resultado, segundo o pessoal responsável do GAS-NATURAL/TCOMMKT-OPER/REG-AJU, significa deixarmos de gastar entre R$ 800.000,00 a R$ 1.000.000,00 além de liberar os equipamentos para situações de maior necessidade;

– Na confecção de apresentações para diversas gerências da UN-SEAL e órgãos externos: IBA-MA, UFS, ADEMA, SEMA/SE, entre outros.

O conceito de GIS

Sistemas de Informações Geográficas (GIS – sigla em inglês) são modelos do mundo real úteis a um certo propósito que subsidiam o processo de observação (atividades de definição, mensuração e classificação), a atuação (atividades de operação, manutenção, gerenciamento, construção, etc.) e a análise do mundo real (Rodrigues e Quintanilha, 1991).

Estes sistemas são constituídos por uma série de programas e processos de análise, cuja característica principal é focalizar o relacionamento de determinado fenômeno da realidade com sua localização espacial. Eles utilizam uma base de dados computadorizada que contém informação espacial, sobre a qual atuam uma série de operadores espaciais e baseiam-se numa tecnologia de armazenamento, análise e tratamento de dados espaciais, não-espaciais e temporais e na geração de informações correlatas (Teixeira, 1992).

Bibliografia:
QUINTANILHA, J. A. Processamento de imagens digitais. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOPROCESSAMENTO, 1., 1990, S. Paulo. Anais… S. Paulo: EPUSP, 1990. V.1, p. 37-52.
RODRIGUES, M. Geoprocessamento. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHEIROS CARTÓGRAFOS, 5., 1988, Presidente Prudente. Anais… Marília: Gráfica da UNESP, 1988, V.1, p. 144-60.
TEIXEIRA, A. L., MORETTI, E., CHRISTOFOLETTI, A. Introdução aos sistemas de informação geográfica. Rio Claro: Ed. do Autor, 1992.

Arionaldo Rodrigues Menezes
Coordenador GIS/UNSEAL
arionaldo@petrobras.com.br

Sandro Luis Medeiros
Engenheiro Cartógrafo
slm@petrobras.com.br