Cloud Computing e Cloud GIS na prática

A computação nas “nuvens”, em inglês chamada de Cloud Computing, é uma tendência na internet do futuro. Mas você sabe o que significa esta expressão?

Muita gente já deve ter ouvido falar, outras pessoas não sabem do que se trata, mas a computação nas nuvens tem sido um assunto bem estudado e alvo de investimentos de grandes empresas como, por exemplo, a Google.

A ideia é de que tudo passe a ser abstrato para nós usuários, que ficaremos com a sensação de estar nas nuvens, onde tudo que queremos está lá e pronto para uso. Onde também seja possível contar com a mobilidade, permitindo o acesso de todo conteúdo de qualquer lugar, sem se preocupar em como funciona ou de onde vêm aquelas informações que são obtidas da nuvem.

Acredita-se que, no futuro, ninguém mais precisará instalar nenhum software em seu computador para desempenhar qualquer tipo de tarefa, como edição de imagens e vídeos ou a utilização de programas de escritório (como o Microsoft Office), pois tudo isso será acessível através da internet.

Estes são os chamados serviços online. Ou seja, você simplesmente cria uma conta no site, utiliza o aplicativo online e pode salvar todo o trabalho que for feito, podendo acessá-lo, posteriormente, de qualquer lugar. É justamente por isso que o seu computador estará nas nuvens, pois você poderá acessar os aplicativos a partir de qualquer computador que tenha acesso à internet.

O Google é uma empresa que acredita muito que isso já está se tornando realidade, pois já traz uma porção de aplicativos que rodam diretamente em seu navegador. Dentre os mais famosos serviços do Google podemos citar Gmail, YouTube, Google Docs, etc..

Cloud GIS

No universo do GIS, também conhecido como Cloud GIS, o exemplo mais popular é o Google Maps e Google Earth, no qual os usuários têm acesso a uma infinidade de mapas, imagens de satélite, fotos, além de serviços básicos de geocodificação de endereços e roteirização.

Muitos websites, hoje, utilizam em seu conteúdo o Google Maps, seja para exibir a localização da empresa e disponibilizar um serviço de roteirização para este endereço, ou para realizar operações mais sofisticadas que podem ser desenvolvidas a partir da Interface de Programação de Aplicações (API, na sigla em inglês).

Além do Google Maps, existem outros serviços de Cloud GIS, como o ArcGIS Online, Bing Maps, Yahoo Streets, Microsoft Streets, etc..

A Computação nas Nuvens é dividida em tipologias que agregam diferentes serviços, correlacionadas com o Cloud GIS:

SaaS – Software as a Service ou Software como Serviço: uso de um software em regime de utilização web (por exemplo, Google Docs , Microsoft Sharepoint Online). Em Cloud GIS: Google Maps e ArcGIS Explorer Online (para web), Google Earth e Arc2Earth (para aplicações desktop);

PaaS – Plataform as a Service ou Plataforma como Serviço: utilizando-se apenas uma plataforma como um banco de dados, um web-service, etc.. Em Cloud GIS: API Google Maps, Web API ArcGIS Online e Arc2Earth;

IaaS – Infrastructure as a Service ou Infraestrutura como Serviço: quando se utiliza uma parte de um servidor, geralmente com configuração que se adeque à sua necessidade. No Cloud GIS, podemos citar o ArcGIS Server for Amazon EC2.

Como um exemplo da aplicação de Cloud GIS na gestão de serviços ambientais, podemos citar a Conestoga Rovers & Associates (CRA), que utiliza a estrutura SaaS, na qual projetos em ArcGIS Desktop podem consumir todos os serviços de mapas disponíveis, inclusive o Google Maps, através da extensão Arc2Earth. A imagem ilustra o uso do SaaS em um projeto em ArcGIS desktop.

Uso do SaaS em um projeto em ArcGIS desktop com imagem Google Maps

O Arc2Earth subsidia os projetos de mapeamento com conteúdo da Cloud GIS e, também, com serviços avançados de geocodificação, roteirização, análise de modelos de elevação do terreno, etc..

Outro exemplo interessante é o projeto que está sendo desenvolvido pela CRA em conjunto com a Notoriun Tecnologia, chamado GIS-PBA (PBA é a sigla para Projeto Básico Ambiental). Neste trabalho, a execução e integração de todos os dados espaciais dos programas ambientais, contidos em um PBA, é feita através de uma estrutura Cloud GIS híbrida, na qual parte dos dados espaciais estão contidos em um servidor GIS alocados em uma infraestrutura de TI na empresa e outra parte é suprida pelo serviço SaaS do Arc2Earth, conforme a arquitetura exibida na figura.

Arquitetura híbrida GIS CRA

No GIS-PBA os usuários finais acessam aplicativos WebGIS desenvolvidos em Flex-API, utilizando a estrutura PaaS (API ArcGIS Online e Arc2Earth).

A médio prazo a CRA pretende implementar a arquitetura Cloud GIS completa, utilizando a estrutura IaaS, onde o servidor GIS e todos os dados espaciais serão alocados na nuvem, deixando apenas na estrutura interna os aplicativos desktop (ArcGIS desktop). A figura exibe o panorama desta arquitetura.

Arquitetura Cloud GIS CRA

Fabiano Cucolo
Consultor de geoprocessamento e professor de geomarketing no MBA da Esic. Geógrafo e mestre em geociências pela Unesp Rio Claro. Doutorando em geografia pela USP
ffcucolo@gmail.com