Por Antonio Machado e Siva, Diretor da AMS Kepler

Ele sai com um ano de atraso, pois o ano de 2012 já se foi. O grande marco deste primeiro ano seria o lançamento do CBERS-3, postergado para o ano corrente, 2013. Na primeira metade (2012-2016), o programa dá ênfase na consolidação do atual estágio de desenvolvimento e prevê a conclusão dos projetos em andamento. Os destaques neste período são os satélites CBERS-3 e CBERS-4; o satélite Amazonia-1; o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC); o foguete Cyclone-4, que será lançado a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (MA); o Veículo Lançador de Satélites (VLS) e o Veículo Lançador de Microssatélites (VLM). Com o atraso do lançamento do CBERS-3, ainda sem data prevista, coloco em dúvida o lançamento do CBERS-4 no primeiro quinquênio. Do mesmo modo, apesar de todos os esforços, vejo com muito ceticismo o lançamento do SGDC na data prevista. Em relação aos foguetes, me abstenho de qualquer previsão.

O período 2017-2021 está sendo visto como a fase de expansão do programa espacial. Está previsto o desenvolvimento de projetos de maior complexidade tecnológica. O programa Amazonia terá continuidade, com o lançamento de 2 satélites (Amazonia-1B e Amazonia-2). O Brasil desenvolverá um satélite meteorológico geoestacionário e um satélite de comunicação. Além disto, vai ampliar o seu domínio tecnológico no campo dos satélites de sensoriamento remoto com o desenvolvimento de um satélite radar de abertura sintética (SAR).

Para o segundo quinquênio tudo é possível, basta querer e investir de maneira contínua e apropriada. A grande novidade deste decênio é a criação da empresa Visiona (51% Embraer e 49% Telebrás) para ser a integradora dos projetos de satélites. Por enquanto não se fala na participação dela na área de veículos lançadores de satélites.

A Visiona vem com a tarefa de sanar os principais problemas do setor espacial. Entretanto, o principal problema é o fluxo orçamentário irregular, inconstante e insuficiente. Se ela conseguir ter força política suficiente para garantir um orçamento compatível com as aspirações do PNAE, terá justificada sua existência.
Dela se espera também uma gestão mais profissional e eficiente dos projetos e dos recursos disponíveis.

Como qualquer novidade, a presença da Visiona na indústria espacial suscita sentimentos contraditórios. Há um receio sobre o que vai acontecer com as empresas do hoje enfraquecido setor espacial. Mantido um orçamento inadequado à grandeza do PNAE e considerando o velho ditado “farinha pouca, meu pirão primeiro”, o que sobrará para o mercado depois da Visiona garantir o seu quinhão?