A implantação do Galileo, sistema europeu de navegação e posicionamento, está fora do cronograma devido a falhas nos relógios a bordo dos satélites. Entenda

O sistema global de navegação por satélites Galileo sofreu outro contratempo, com os relógios falhando a bordo de vários satélites, informou esta semana a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). A contagem do tempo de forma ultra-precisa é essencial para o funcionamento do sistema de geolocalização.

Projetado para tornar a Europa independente do sistema norte-americano GPS, o projeto de 10 bilhões de euros pode, ainda, sofrer atrasos adicionais, pois a causa das falhas ainda está sendo investigada, disse o diretor-geral da ESA, Jan Woerner. A ESA orgulhava-se de que o Galileo tinha os relógios atômicos mais precisos jamais colocados em órbita para uso em geolocalização.

Até agora, 18 satélites já foram colocados em órbita para formar a constelação do Galileo. Por enquanto, nenhum satélite foi declarado totalmente “fora de operação” como resultado da falha. “No entanto, se esse problema tem uma razão sistemática, temos de ter cuidado para não colocar mais relógios com falhas no espaço “, complementou Woerner.

Cada satélite Galileo tem quatro relógios atômicos ultra-precisos – dois que usam rubídio e dois maser de hidrogênio. Por outro lado, cada satélite precisa de apenas um relógio para o sistema de navegação funcionar – o restante são sobressalentes.

Os próximos quatro satélites têm data provável de lançamento no segundo semestre de 2017, mas por devido aos erros nos relógios, essa data pode ser adiada.

Lançamentos e atrasos

O projeto do Galileo já experimentou muitos contratempos, levando mais de 17 anos e o triplo do orçamento original antes de ser declarado operacional, em dezembro passado.

O mais recente lançamento de satélites do Galileo foi feito dia 17 de novembro de 2016, quando pela primeira vez um foguete Ariane-5 foi usado para colocar em órbita quatro satélites do sistema europeu de navegação. Todos os lançamentos anteriores foram levados a cabo por foguetes russos.

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Os serviços iniciais estarão disponíveis gratuitamente em smartphones e aparelhos de navegação que utilizem microchips compatíveis com o novo sistema. Além de fornecer sinais para os navegadores, o Galileo, em combinação com satélites de busca e resgate do sistema Cosps-Sarsat, poderá localizar navios ou até mesmo montanhistas que estejam em situação de perigo.

Por dentro do sistema de navegação Galileo

Os primeiros elementos orbitais do sistema de navegação europeu foram constituídos por quatro satélites que fizeram parte da fase In-Orbit Validation (IOV), que foi o núcleo operacional do Galileo e  provaram que os satélites e o elemento em solo cumpriam os requisitos do sistema e validaram o desenho do mesmo antes da finalização e do lançamento do restante da constelação.

O programa Galileo vai dar à União Europeia independência a partir de seu próprio sistema de navegação para apoio a múltiplas aplicações, permitindo à Europa lidar com os desafios estratégicos, econômicos, industriais e sociais inerentes ao rápido crescimento das tecnologias espaciais de posicionamento e tempo.