A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e os municípios no entorno – inseridos no chamado Colar Metropolitano – recebem neste fim de agosto um novo aerolevantamento, contratado pelo Instituto de Geociências Aplicadas (IGA), abrangendo uma área de aproximadamente 20 mil quilômetros quadrados referentes a 49 cidades.

Durante um ano foram captadas 14,8 mil fotos aéreas coloridas e em infravermelho, o que vai permitir um trabalho de mapeamento mais detalhado e jamais feito em qualquer região do Estado de Minas Gerais. Será a primeira vez também que municípios como Ribeirão das Neves, Ibirité e Capim Branco, entre outros, vão contar com um mapeamento na escala de 1:10.000.

A diretora geral do IGA, Cláudia Werneck, explica que, depois de concluído o mapeamento inédito da região, o material cartográfico servirá para a elaboração de um sistema de gestão metropolitano mais eficiente. “A Agência da RMBH vai contar, se quiser, com informações cartográficas recentes, sistemáticas e com a mesma qualidade, para toda a área sob sua responsabilidade. Com isso ela poderá desenvolver um sistema para gerenciamento e suporte à decisão e até mesmo sistemas de monitoramento”, afirma.

Do total das 14.846 aerofotos, a metade delas (7.423) foi captada na banda do infravermelho, o que confere ao material um excelente instrumento para a gestão relacionada ao meio ambiente. Essa tecnologia, que pela primeira vez o Estado terá nas mãos, é útil para a identificação das classes de vegetação presentes na cena, realçando o contraste entre cultura/solo e terra/água. Através das imagens é possível identificar alguns poluentes, onde há água contaminada etc.

Ainda segundo Cláudia Werneck, o IGA irá também iniciar um grande estudo para a revisão dos 29 limites municipais com problemas de destruição das características por causa da urbanização, com a proposição de novos limites para que sejam identificados de maneira clara.

Base cartográfica

A diretora de Pesquisa e Desenvolvimento do IGA, engenheira agrimensora Aliane Baeta, ressalta que o aerolevantamento é a matéria prima para a construção da base cartográfica preconizada pelo Plano Cartográfico de Minas Gerais. “Este trabalho é a condição para a elaboração de nossa cartografia, em escala de planejamento, para a atuação do governo do Estado na gestão da RMBH e adjacências”, afirma.

Sobre a possibilidade de se estender a captação das imagens para todo território mineiro, conforme estipulado no Plano Cartográfico, a diretora diz que estão sendo buscados, de maneira incisiva, recursos através de parcerias entre órgãos do Estado e agências e institutos de pesquisa do exterior.

Para o aerolevantamento foram investidos R$ 639,5 mil, recursos provenientes da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig),e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru). No total 49 municípios foram sobrevoados, sendo os 34 da Região Metropolitana, 14 do Colar Metropolitano e mais a cidade de Cachoeira da Prata.

Tipo de imagem

O último aerolevantamento feito de forma sistemática na Região Metropolitana foi em 1989, quando a região era muito menor e com uma paisagem bastante diferente da observada atualmente. “Naquela época, as imagens eram analógicas, em preto e branco e na escala de 1:40.000. Outra diferença está no tamanho do pixel. Antes, a resolução geométrica da imagem era de 80 cm e, agora, são 40 cm, ou seja, é possível enxergar mais detalhes”, compara a coordenadora do projeto no IGA, a engenheira cartógrafa Cláudia Saraiva.

Voo

Para a captura das aerofotos, a Hiparc Geotecnologia, empresa vencedora do edital, utilizou a mesma tecnologia de ponta empregada na Europa e nos Estados Unidos. De acordo com o diretor executivo da empresa, Flávio Lobos Martins, os voos foram feitos em um bimotor Piper Aztec, homologado pelo Ministério da Defesa, a cinco mil metros de altitude sobre o nível do mar.

Com uma câmera austríaca Vexcel totalmente ajustada para uso dentro de aeronaves, a cada 10 segundos, automaticamente, o equipamento fazia o disparo, armazenando a mesma imagem em dois tipos: colorida e infravermelha. “As fotos são feitas com superposição, o que permite ver em 3D toda a dimensão do território. Essa visualização tridimensional é mais precisa e fácil, e os produtos cartográficos extraídos das imagens aeras são mais precisos”, argumenta Flávio Martins.

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