Produtividade no levantamento de campo

Desde o início da década presenciamos mudanças rápidas e revolucionárias com respeito ao surgimento e uso de novas tecnologias para automação de várias tarefas, inclusive na área de topografia. Métodos de levantamento topográfico não mudaram, mesmo assim existe a necessidade de adequações aos novos equipamentos. Quais suas características técnicas principais, como usá-los, que ferramentas mais se adaptam ao tipo de serviço a ser executado são questões relevantes na busca de eficiência em campo e, conseqüentemente, no término dos trabalhos com tempo reduzido.

Estações totais, vistas com certa reserva por alguns profissionais, facilitam muito os trabalhos em campo e permitem melhor controle de pontos levantados. Com isso, alguns procedimentos deverão ser revistos para garantir a potencialidade do próprio equipamento. O planejamento no escritório é de vital importância, pois é na etapa de processamento com o software topográfico em que se percebe a falta de informações de descrições de pontos ou mesmo, de simples anotações, muito úteis para elaboração de desenhos.

Planejamento
Muitos usuários acham que as anotações em croquis não são mais necessárias pelo fato de os dados serem armazenados na estação total ou coletor. Na verdade, a etapa inicial do planejamento corresponde às anotações auxiliares do local, que devem ser feitas para facilitar o processamento de dados e algumas tarefas de desenho e projeto.

Outro tópico importante é a descrição ou codificação dos pontos levantados. Poderoso recurso das estações totais, é usado na gravação de pontos com códigos específicos e respectivos níveis de informação ou atributos, como por exemplo:

Todos os códigos e atributos, além de permitir melhor controle dos pontos, ajudam no pós- processamento, ou seja, na fase de desenho (sistema CAD) com as operações:
? Ligação de linhas especiais : os pontos que farão parte de uma linha de cerca ou divisa podem ser selecionados em função de sua descrição (Cerca) gerada pelo código usado pela estação total no levantamento e gravação do ponto;
? Seleção de pontos (por descrição) que farão parte da interpolação de curvas de nível e geração do modelo digital do terreno;
? Inserção automática de símbolos: símbolos gráficospodem ser inseridos automaticamente no ponto pela sua descrição. Por exemplo, se existe um símbolo chamado Poste, poderá ser inserido em todos os pontos que tenham descrição Poste, ou qualquer outra gerada pelo código na estação total

Além de códigos gerais para pontos de irradiações são também usados códigos específicos para pontos de levantamento que façam parte de poligonais, ou pontos auxiliares que podem ser definidos em tramos de poligonais. Com isso, existe uma diferenciação de pontos para pós-processamento, e cálculos de poligonais e irradiações

Adequação
Alguns conceitos realmente foram introduzidos para melhor aproveitamento do tempo em campo, que já é reduzido. Para obter melhores resultados é preciso fazer uma adequação de critérios de uso, que precisa de atualizações profissionais.

A imagem do topógrafo do passado está ligada à figura aventureira e heróica que desbravava interiores, sempre queimado de sol. Sua ferramenta principal era o teodolito e seu objetivo final a geração de um mapa ou desenho.

Hoje a nova imagem do topógrafo é a de um técnico especializado, responsável pelo gerenciamento de dados de uma área, dados esses que servirão como informações georreferenciadas. Sua ferramenta principal é um conjunto formado por equipamentos para levantamento com o software topográfico e o produto final de seu trabalho é a base de dados que contém todas as características significativas da área levantada.

Antes o topógrafo estava orientado ao equipamento, interessavam todas as especificações do instrumento como precisão e duração. Hoje além disso, a orientação visa negócios e, principalmente, produtividade, segurança e rentabilidade.

Fernando Cesar Ribeiro é engenheiro civil e consultor técnicoda Manfra & Cia Ltda (PR). email: fribeiro@manfra.com.br