A GITA (Geospatial Information Technology Association) é uma instituição sem fins lucrativos sediada nos Estados Unidos que tem por objetivo a disseminação das tecnologias de informação espacial em todo o mundo. Conhecida até 1.998 como AM/FM Internacional, a organização tem como principal atividade a realização de um congresso anual. Na edição de 1.999, que aconteceu em Charlotte, na Carolina do Norte, participaram mais de 3.000 profissionais ligados à tecnologia da informação, que puderam assistir a 80 trabalhos e visitar estandes de 140 expositores. Além do Congresso, a GITA também edita publicações e organiza seminários em todo o mundo. Atualmente, também está trabalhando para criar capítulos nacionais da organização. Grupos assim já existem na Austrália, Coréia e Japão, e são esperados capítulos na Europa e América Latina.Uma primeira aproximação com o mercado brasileiro aconteceu em maio. Durante o ExpoGEO Brasil ’99 um seminário sobre "Ciclo de Vida de Projetos GIS" foi realizado pela instituição e ministrado para uma platéia formada principalmente por diretores e gerentes de empresas. O diretor executivo da GITA, Robert Samborski, esteve em Curitiba para a ocasião e concedeu uma entrevista exclusiva a infoGEO.
Leia a seguir alguns dos depoimentos mais importantes de Robert Samborski:

Robert Samborski

infoGEO – Qual o objetivo de sua participação no expoGEO Brasil ’99 em Curitiba?
Samborski – O que é interessante em congressos como este é que há pessoas que vêm procurando respostas, e há pessoas que vêm trazendo soluções. O papel da GITA é justamente conciliar estas duas coisas.
Além disso, eu aprendo muito a cada viagem que faço. As pessoas têm sempre soluções diferentes em diferentes lugares do mundo. É importante conhecer o que está sendo feito na Coréia, por exemplo. Isso talvez possa ajudar projetos nos Estados Unidos. Os americanos geralmente não pensam assim, mas é verdade. E há muitos projetos de primeira classe aqui no Brasil. Eu mesmo já conheci alguns como é o caso do projeto Sagre, do CPqD, e da implantação do geo na Copel.

infoGEO -Como surgiu a GITA?
Samborski – A Associação começou em 1.978. Naquele ano, um grupo de 32 pessoas se reuniu em uma sala para discutir problemas em comum. Decidiu-se pela criação de uma organização chamada AM/FM, e logo a idéia começou a crescer. No ano seguinte eram 70 pessoas na reunião, e em 1.980 já havia 150 pessoas. Em 1.988 a Associação se profissionalizou, e naquele ano a participação na reunião anual pulou de 700 pessoas para mais de 1.340. Hoje reunimos mais de 3.000 pessoas por ano em algum lugar dos Estados Unidos e ainda temos o mesmo objetivo: resolver os problemas de todos os que trabalham com informação espacial.

infoGEO -Por que aconteceu a mudança de nome para GITA?
Samborski – A Associação começou a crescer e o nome (que se referia apenas a duas pequenas frações da informação espacial) passou a não atender nossas necessidades. Mais do que tratar de AM/FM, nos preocupávamos com todo tipo de informação espacial. Em 1.998, começamos nosso Congresso como AM/FM Internacional e terminamos como GITA. Acho que foi um passo acertado. Hoje, todos estão deixando de lado siglas como GIS, AM (mapeamento automatizado), FM (gerenciamento de infra-estrutura) para se preocupar com a geoinformação de uma maneira geral.

infoGEO -Quais são as principais atividades da GITA?
Samborski – Além do Congresso anual, realizamos seminários em várias regiões do mundo, inclusive com transmissão via satélite. Recentemente organizamos um seminário sobre uso de GIS para Infra-Estrutura pública que pôde ser assistido em 64 lugares dos Estados Unidos. Até 2.001 pretendemos estar fazendo um desses por mês. Apoiamos Congressos de nossas afiliadas em outras regiões do mundo. Em Osaka, no Japão, por exemplo, devem se reunir mais de 3 mil pessoas em outubro. Realizamos também Congressos para Executivos. Acreditamos que muitas vezes os projetos falham por falta de preparo ou interesse dos líderes da organização. Nesses congressos tentamos educá-los para entender e desenvolver projetos.

infoGEO -Vocês também têm publicações na área?
Samborski – Temos um acordo com um grande grupo editorial (McGraw Hill) para publicação de uma revista bimestral chamada It for Utilities, que vai para todos os membros da associação. Publicamos também um informativo que é lançado nos meses em que a revista não é publicada. Assim, todos os meses nossos sócios recebem informações sobre o mercado e a tecnologia. Em nossa home-page (www.gita.org) também divulgamos notícias e informações.

infoGEO – O que a GITA pode fazer pelo Brasil?
Samborski – Um capítulo brasileiro da Associação seria uma maneira de os usuários se reunirem para discutir seus problemas e trocar experiências. Seria também uma oportunidade de fazer intercâmbio com usuários estrangeiros e conhecer projetos de todo o mundo. Além de receber nossas publicações, os membros têm outras vantagens, como descontos em congressos, e poderíamos também trabalhar na publicação de um informativo em português. Além disso, é bom lembrar que não é necessário haver um capítulo brasileiro da GITA para haver esse relacionamento. Trabalhamos em diferentes níveis de cooperação, e podemos trocar informações mesmo informalmente. O importante é que hoje vejo gente interessada na tecnologia no Brasil. Percebo aqui um quadro parecido com o que havia nos Estados Unidos quando criamos a Associação, em 1.988. Com a diferença que vocês hoje estão muito mais adiantados.