Dando continuidade aos artigos com conteúdo prático sobre a tecnologia de posicionamento por satélite, apresentam-se algumas considerações sobre a quantidade de veículos espaciais e o período de duração de sessões de rastreio

A quantidade de satélites em observação durante uma sessão é um fator importante para o posicionamento, pois é necessário um número mínimo de observações para que seja possível resolver as incógnitas no modelo matemático.

O número de satélites necessários para se obter uma solução no posicionamento relativo varia em função do método escolhido. A menor quantidade é de 4 veículos espaciais em observação simultânea pelos receptores nas diferentes estações, mas pode haver métodos que requeiram um número maior.

O aspecto da quantidade mínima é um dos pontos a serem notados no planejamento, porém considerar como suficiente esse número mínimo não é muito prudente, pois pode ocorrer que as observações para um satélite específico sejam corrompidas, ficando aquela sessão prejudicada. Portanto é conveniente escolher um período com maior quantidade para diminuir riscos, mesmo porque isso também implica em maior rapidez e precisão nas observações.

Para métodos como o diferencial estático podem ser conseguidos resultados de centímetros de precisão em bases de 10 Km com apenas quatro veículos espaciais, durante um período mínimo de uma hora – mas, se forem usados satélites em maior número, esse tempo pode cair para 30 minutos.

Métodos semi-cinemáticos necessitam de um número maior que cinco para que tenham bom desempenho. Nos métodos OTF se faz necessário um número de oito satélites para resolver as ambigüidades rapidamente. Em termos práticos, para todos eles quanto mais, melhor. Contudo o leitor, conhecendo um número mínimo, pode tomar decisões importantes durante o processamento de vetores.

Tempo

O tempo de duração de uma sessão é outro fator importante para o sucesso do resultado. Para métodos como o diferencial estático, a duração mais prolongada da observação é necessária para que haja suficiente alteração na geometria dos satélites, favorecendo o método de solução de ambigüidades.

Para outros, tal como o rápido-estático, a variação na geometria não é um fator preponderante, pois o modelo usado na solução da ambigüidade emprega outra estratégia, mas é necessário que o GDOP também seja o mais baixo possível e haja melhor disponibilidade de observações. Neste caso uma sessão pode ter duração entre 5 e 20 minutos.

A duração de uma sessão de rastreio deve ser programada sob a consideração de vários aspectos, é necessário se levar em conta fatores como: precisão, tipo de posicionamento empregado, quantidade de satélites, tipo e quantidade de sinais observados, fatores ambientais, fatores logísticos e distância entre as estações, entre outros não menos importantes que devem ser avaliados pelo profissional.

Um dos requisitos básicos para posicionamentos precisos é a resolução da ambigüidade. Uma vez que esta questão seja resolvida, ainda é necessário que se mantenha o registro de observações por um período maior para validar as soluções e obter a precisão desejada. Nos métodos rápidos é conveniente que a cada ponto sejam gravadas pelo menos entre quinze e trinta observações.

Em determinações que requerem altas precisões e/ou envolvam longas distâncias, ou ainda, onde haja condições ambientais difíceis, quer de aspectos logísticos ou com poluição eletromagnética, é conveniente fazer observações empregando o maior número de satélites possível e aumentar o período de observação. Desta forma, obtém-se maior quantidade de dados e melhor aproveitamento.

Procedendo-se com este cuidado no caso de locais de difícil acesso, por exemplo, corre-se menor risco de que seja necessário refazer a observação. Nestes casos o tempo de duração pode variar de algumas horas a vários dias. Tenha sempre em mente que o menor tempo de permanência em campo não é obrigatoriamente sinônimo de menor custo.

Régis Bueno
Engenheiro agrimensor, Msc e diretor da Geovector Engenharia Geomática
regisbueno@uol.com.br