Por Eduardo Freitas Oliveira

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária está iniciando a fase de testes da sua nova Rede Incra de Bases Comunitárias do GNSS, a RIBaC.

Nesta nova fase, a RIBaC é constituída por receptores próprios do Incra, todos de dupla freqüência (L1/L2), que acumulam observações do GPS e do Glonass. Com isso, pode-se considerar que a RIBaC é realmente uma rede GNSS.

As características dos arquivos gerados continuam idênticas às adotadas na sua fase anterior. Gerados no formato Rinex, contendo os arquivos de observação e navegação, os arquivos são publicados a cada hora, com taxa de gravação de cinco segundos, 24 horas por dia e sete dias por semana.

A partir de agora, as coordenadas horizontais e verticais da estação estão sendo publicadas somente em WGS-84, e conseqüentemente em Sirgas, para estimular o abandono gradativo do SAD-69 como referencial geodésico, já que este é incompatível com as tecnologias atuais de posicionamento preciso. O novo aspecto da monografia da estação inclui a visualização da sua fotografia, o diagrama da antena e os dados da entidade parceira que hospeda a estação.

É importante ressaltar que todos os dados disponíveis (arquivos e coordenadas da estação) estão rigorosamente homologadas pelo IBGE. Atualmente, a RIBaC publica arquivos gerados por 26 estações homologadas, representadas pelos círculos azuis da figura acima. Além disso, 14 estações representadas pelos círculos verdes estão instaladas e transmitindo os dados regularmente para o servidor do Incra, e aguardam a fase final do processo de homologação, que deve estar concluído em breve.

Constituída por 80 estações, as 40 restantes serão instaladas na medida em que a construção dos pilares seja concluída e a infra-estrutura de comunicação seja adequada. A expectativa é que até o final de 2007 todas as estações estejam instaladas e homologadas, e finalmente possam transmitir os dados.

As estações estão localizadas em unidades próprias do Incra e em universidades federais ou estaduais, além de sedes de órgãos e empresas públicas e privadas, mediante acordos específicos. Ao final da instalação de todas as novas estações, a distância média entre as mesmas será de 250 quilômetros.

Nova RIBaC

Como pode-se visualizar no mapa, quando todas as estações estiverem em pleno funcionamento, apenas algumas áreas do noroeste do Brasil não terão a cobertura adequada. Este é um grande salto de qualidade para o mapeamento do território brasileiro, e pode ser considerado um verdadeiro marco na cartografia nacional.

Aspectos técnicos da nova RIBaC

A modernização da RIBaC e da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) é uma das atividades do Projeto de Infra-estrutura Geoespacial Nacional (PIGN), fruto da cooperação entre o IBGE e a Universidade de New Brunswick, do Canadá.

Um dos principais passos da cooperação foi a aquisição de 80 receptores pelo Incra, sendo 15 Trimble NetRS e 65 Trimble NetR5. Estes novos equipamentos têm placa de rede integrada ao receptor, o que elimina a necessidade de um computador junto à base, possibilita a configuração online via browser e o download de dados por FTP. Além disso, o NetR5 rastreia os sistemas GPS e Glonass.

A nova RIBaC é constituída por 15 receptores de dupla freqüência (L1/L2) que acessam observações do GPS, e 65 estações que rastreiam também as observáveis do Glonass. Os dados de rastreio dos satélites são acumulados a cada segundo por cada uma das estações de referência e são publicados a cada hora, pelo servidor da RIBaC, com taxa de gravação de cinco segundos. Cada arquivo publicado, após a compactação, ocupa em média um espaço de 260 kb e é disponibilizado no formato Rinex.

Antes do plano de modernização, a configuração básica era constituída de um receptor conectado a um computador local através da porta serial, com um software para coleta dos dados e envio destes por FTP para o endereço IP desejado. Esta configuração tem a desvantagem de ser instável em função de problemas de paralisação e dos custos de manutenção do computador local.

A nova configuração apresenta três opções para acesso aos dados: instituição com Firewall, Link RuralWEB e IP Público. Na alternativa com Firewall, a instituição conveniada ao IBGE deve abrir regras para acesso ao receptor através de portas específicas. No caso do Link RuralWEB, o receptor possui um IP privado e o modem realiza um NAT sem firewall, o que permite o acesso direto ao equipamento. Já na configuração IP Público, o receptor possui um endereço que pode ser acessado através de qualquer ponto de internet, em qualquer lugar do mundo.

Quanto à transmissão de dados, pode ser feita através de software Networked Transport of RTCM via Internet Protocol (NTRIP) em stream. Também está prevista a instalação do link RuralWEB no centro de controle, para atender a nova demanda da expansão da rede, e também o uso do software GPSNet, utilizado para gerenciamento das estações NetRS e NetR5.

Salto quantitativo e qualitativo

A expansão da rede de monitoramento do Incra e do IBGE aumenta significativamente a quantidade de dados disponíveis para rastreamento, mas também prevê uma melhora na qualidade tanto dos dados como nas formas de transmissão e disponibilização destas informações.

Além de gerar dados para o georreferenciamento para o modo pós-processado, a rede nacional deverá colaborar com instituições internacionais, como o IGS Real Time Working Group. Os projetos para o futuro são gerar correções em tempo real (RTK) e Wide Area DGPS, com correções transmitidas a cada segundo via internet.

Acesso aos dados

Finalmente, o mais importante: como baixar os dados? O acesso aos dados é efetuado exclusivamente pela internet, sem nenhum custo ou restrição, através da página do Incra. Os passos para baixar aos dados do Incra são:

1 – Acesse http://ribac.incra.gov.br;

2 – Clique na região de interesse;

3 – Clique na estação mais próxima do ponto rastreado;

4 – Verifique a monografia do ponto base e certifique-se que ele é apropriado para o seu trabalho;

5 – Escolha o tipo do arquivo, ano, mês, e dias de início e fim;

6 – Adicionalmente, verifique quais as estações mais próximas, caso seja necessário rastrear mais do que uma base.

Importante: outra forma de acesso aos dados é pelo FTP do IBGE, em ftp://geoftp.ibge.gov.br/RBMC.

O Incra informa que o funcionamento da rede encontra-se em fase experimental e a configuração das novas estações pode sofrer ajustes. Assim, a utilização dos dados deverá ser feita com reservas.

+Informações

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Órgão responsável pela gerência da RBMC
www.ibge.gov.br

Marinha do Brasil – Mantenedora da rede de rádios-faróis instalados na costa brasileira e que transmitem dados para correção diferencial de sinais do GPS em tempo real (DGPS)
www.mar.mil.br

US Coast Guard Navigation Center (USCG) – Informações sobre o funcionamento dos satélites do GPS
www.navcen.uscg.gov

The National Executive Committee for Space-Based Positioning, Navigation, and Timing (PNT) – Comitê Executivo de Agências Federais Norte Americanas, responsável pela política governamental para o GPS
http://pnt.gov

Santiago & Cintra – Empresa representante da Trimble no Brasil, responsável pela assistência técnica às estações de referência (CBS) que compõem parte da RIBaC
www.santiagoecintra.com.br

SightGPS – Empresa representante da NovAtel no Brasil, responsável pela assistência técnica às estações de referência que compõem parte da RIBaC
www.sightgps.com.br