Um artigo publicado na revista britânica Nature colocou a imprensa brasileira e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em confronto no mês de abril. O artigo se baseava em pesquisas de Daniel Nepstad, do Woods Hole Research Center, e explicava que, além do desflorestamento em grande escala monitorado pelo Inpe na Amazônia brasileira, existe também uma outra forma de degradação da floresta que não pode ser medida por imagens de sensoriamento remoto. "Trata-se da retirada seletiva de árvores para exploração de madeira, que não exige o corte da floresta", diz Paulo Serra, chefe do Centro Espacial de Cachoeira Paulista, do Inpe. Com a publicação do texto, vários jornais brasileiros começaram a contestar os relatórios de monitoramento do Inpe, afirmando que a devastação anunciada pelo governo era muito menor do que a verdadeira. "Os jornalistas confundiram desflorestamento com degradação, que é algo que nós nunca dissemos que estávamos medindo", diz Serra. "A primeira coisa que eu disse aos jornalistas é que o programa de monitoramento de desflorestamento do Inpe é o melhor do mundo. Eles medem a taxa de desflorestamento (clear-cutting) e não afirmam medir nada mais. Mas acho que isso é menos digno de notícia", diz o responsável pela pesquisa, Daniel Nepstad. O Prodes, programa de monitoramento do desflorestamento da Amazônia Brasileira realizado pelo Inpe há mais de 10 anos é considerado o maior do gênero no mundo e teve seu último relatório divulgado em fevereiro.