O Projeto
Em outubro de 2003, a prefeitura de São Paulo iniciou os trabalhos de mapeamento digital da cidade, focando a modernização do seu sistema cartográfico. Através de uma licitação internacional realizada no mesmo período, em que três grandes grupos participaram, o Concidade, consórcio de quatro empresas do setor de Aerolevantamentos, foi o escolhido. O processo durou aproximadamente 14 meses, desde o edital até a assinatura do contrato.
A empresa paulista Aerocarta, líder do Concidade, e as curitibanas Aeroimagem, Esteio e Engefoto, foram responsáveis pela execução do projeto. Juntas, elas aplicaram as mais avançadas técnicas de aerolevantamento na execução, considerando custos, prazos e precisão.
Em três anos o mapeamento estava concluído. Atualmente, o projeto está nas mãos de uma auditoria e deve ser entregue até dia 06 de dezembro para a Secretaria de Planejamento Urbano da Prefeitura de São Paulo.
O Problema
Durante anos, a prefeitura paulista deparou-se com dificuldades para obtenção de informações precisas sobre o município, tanto para realização de um planejamento urbano e ambiental confiável, como para obter informações atualizadas de seus contribuintes. Até a conclusão do novo mapeamento digital, a prefeitura trabalhou com um mapeamento da década de 70, sem atualizações, e que já não correspondia com a realidade do município. As informações ultrapassadas geraram uma infinidade de conflitos para a administração pública e a necessidade de um novo mapeamento tornou-se eminente.
Além de corrigir as distorções do mapeamento anterior, um dos grandes objetivos da prefeitura foi obter uma base cartográfica digital confiável e precisa. Além disso, um dos benefícios deste projeto para a administração pública é o conhecimento do espaço urbano, esclarecendo pontos como o uso e ocupação do solo, subsolo e espaço aéreo, bem como a geração de cobranças mais justas e automáticas de impostos. Os resultados imediatos dessa iniciativa são o crescimento e a melhor aplicação da receita para o município, sem a necessidade de aumento de alíquota, além da integração entre as Secretarias.
Segundo o gerente do projeto, assessor da Secretaria Municipal de Planejamento (Sempla), Laurindo Boyo, “pela primeira vez o município terá um banco de dados integrado contendo fotos, mapa, curvas de nível, modelo digital do terreno (MDT) e geocodificação”.
Como preparação, foi realizado um estudo detalhado por parte da Prefeitura Municipal de São Paulo para obter a melhor metodologia a ser adotada para o mapeamento, que deveria atender às necessidades de uma das maiores cidades do mundo. A opção escolhida foi o aerolevantamento.
Em um panorama geral, o trabalho consistiu em obter o mapeamento digital georreferenciado do município, envolvendo coleta, georreferenciamento e codificação. O resultado é um sistema de informações georreferenciadas, que beneficiará todas as Secretarias, Subprefeituras e empresas municipais que utilizam dados sobre a cidade.
Trata-se de um dos maiores projetos do mundo de mapeamento cartográfico em escala cadastral já realizado por uma prefeitura, com alto grau de complexidade e de precisão adotada (PEC classe A).
Para a execução, São Paulo foi dividida em quatro partes equivalentes, definidas por grau de dificuldade do levantamento, e foram feitas duas coberturas em escalas diferentes.
O projeto contou com uma equipe multidisciplinar de aproximadamente 400 profissionais. Para a realização do aerolevantamento foram mobilizadas quatro aeronaves na área delimitada, devidamente equipadas com câmeras dotadas de Compensação do Movimento para Frente (FMC – Forward Motion Compensation), que desloca o filme para frente com a mesma velocidade da imagem, evitando o arrastamento e resultando em alta nitidez.
Uma técnica inovadora adotada para o mapeamento foi o Sistema de Perfilamento a Laser (ALS – Airborne Laser Scanning), também conhecido como sistema aerotransportado de laser para mapeamento do terreno (ALTM – Airborne Laser Terrain Mapper). Realizado pela consorciada Esteio, este é um sistema que adquire dados digitais de elevação do terreno com precisão equivalente ao GPS, mas de forma muito mais eficaz, pois o sensor principal do sistema está localizado em uma aeronave cujo deslocamento sobre uma área de interesse é extremamente rápido.
Essa tecnologia garante margem para futuros desenvolvimentos, especialmente nos algoritmos de geração dos modelos digitais e nos componentes do sistema com maior capacidade de varredura, permitindo avanços na capacidade de identificação e classificação de objetos.
Na prática, os sistemas de perfilamento a laser operam em qual-quer horário diurno ou noturno. As únicas interrupções são físicas, como chuva ou nuvens muito densas, entre o local perfilado e a aeronave. As vantagens são muitas, obtendo-se um resultado mais rápido e com menor custo.
Fiscalização
A prefeitura de São Paulo optou por contratar uma empresa terceirizada também para auditoria do projeto, a Fundação Atech. Especializada em desenvolver e integrar sistemas voltados para a tomada de decisões, a Atech fiscalizou os trabalhos realizados pelo Concidade, através de amostragem. A alternativa foi adotada pela prefeitura devido ao porte do projeto.
Para garantia dos resultados, o trabalho da Atech é auditado por sistemas, e em caso de inaplicabilidade a conferência é realizada manualmente com uma amostra de 8,5% do resultado. Havendo recusa, o Concidade deve reapresentar o trabalho.
Resultados
Segundo o diretor da Aeroimagem, Antônio Luiz Teixeira de Freitas, a precisão do trabalho superou as expectativas, considerando que as cartas georreferenciadas e vetorizadas obtidas no final do processo, apesar de realizadas por quatro empresas, eram idênticas. Isso garante à prefeitura de uma das maiores cidades do mundo o avanço tecnológico dos processos em que ela se insere.
Ágatha Branco
Assessora editorial
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Isabela Ferreira Sperandio
Jornalista
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Com informações de:
Helder Guimarães
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Antonio Luiz C. T. de Freitas
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Mardo Miguel Tavares
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Paulo Pessoa
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