A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) explora jazimentos minerais em florestas federais na região de Carajás no Pará e, em contrapartida, mantém diversas ações de monitoramento, proteção, manejo sustentado e apoio ostensivo na prevenção e combate aos incêndios florestais em parceria com o Ibama. Em ações de combate ao fogo, quanto menor o tempo de detecção e chegada no local do incêndio, menor será o risco do fogo fugir ao controle e, conseqüentemente, gerar os impactos negativos decorrentes. Com este desafio, a CVRD buscou parceiros estratégicos como o Instituto Estadual de Florestas (IEF-MG) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que já detêm larga experiência neste segmento, fazendo uso das geotecnologias. Desta parceria nasceu o Sistema CVRD de Detecção de Incêndio Florestal, o SDI-Vale.

SDI-Vale
Sistema corporativo que objetiva ampliar o poder de monitoramento de grandes áreas, agilizando a detecção de incêndios florestais. É a ferramenta de suporte aos Programas de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais da Companhia, e tem aplicação direta na defesa de áreas de florestas situadas em suas unidades operacionais. Atualmente, o sistema está em teste na Unidade Operacional de Carajás, no Pará.

Tecnologia de Sistema de Informação Geográfica (SIG) utilizada
Foi utilizado o avançado ambiente tecnológico das instalações do IEF em Belo Horizonte, preparado para Sistemas de Informação Geográfica corporativos. No total são três servidores, que serão acessados por todas as localidades CVRD via internet. Toda a arquitetura é baseada na tecnologia da Esri – ArcSDE, ArcIMS, ArcEditor , e extensão Spatial Analyst, além da solução Oracle para banco de dados, incluindo a extensão espacial.

Funcionalidades do Sistema
Oferece recursos automáticos de detecção e níveis de alerta em tempo quase real
O sistema recebe do Inpe, seis vezes ao dia, a localização de focos de calor, por satélite, com a indicação dos pontos com possibilidade de ocorrência de incêndios. Para estes focos, o SDI-Vale gera automaticamente dois tipos de níveis de alerta: o primeiro destaca, através de cores, a posição do foco em relação à área de monitoramento, dentro (cor amarela) ou fora (cor verde). O segundo tipo de alerta, mais complexo, destaca os focos sob a forma de símbolos graduados, após interação automática com áreas de risco indicadas pelo Mapa de Suscetibilidade de Incêndios Florestais, carregado diariamente no sistema. Símbolos menores significam focos em áreas menos suscetíveis, e símbolos maiores em áreas de maior suscetibilidade.

Permite acompanhamento online das ações de verificação e combate
Após a detecção do foco, um macrofluxo operacional foi desenhado para seqüenciar as ações de verificação em campo, comunicação, acionamento de recursos e documentação. A partir da verificação dos focos em campo, o sistema permite a alteração de mudança do respectivo status para verificado (rebate falso) ou confirmado, que destaca o foco com novas cores e simbologias. Ainda disponibiliza boletins de ocorrência online, que permitem o registro das atividades e equipes envolvidas, em tempo real, durante todo o período de fogo, até seu rescaldo. Ideal para o acompanhamento e gerenciamento compartilhado das atividades, além de subsidiar os canais de comunicação.

Oferece recursos simples de produção de mapas
Com os recursos espaciais, e acessando o amplo acervo de dados geográficos disponível na base central da CVRD, o usuário poderá construir e plotar diferentes mapas temáticos para apoiar a logística das operações de campo na prevenção e combate, principalmente  para visualização das bases e brigadas mais próximas, além de atividades de campanhas informativas e de educação ambiental.

Mantém a base de dados geográficos atualizada e compartilhada
Dados geográficos (mapas, imagens de satélite e fotos aéreas), bem como fotos digitais locais e panorâmicas, podem ser carregadas e publicadas no sistema quase em tempo real.

Mapeando a suscetibilidade de incêndio florestal com análise espacial
Existem dois fatores que afetam a probabilidade, ocorrência e a intensidade dos incêndios florestais: fator de ignição e fator de propagação. Suas variáveis foram identificadas, junto com suas respectivas feições geográficas, no formato de arquivos raster. Estes arquivos foram agrupados em três classes: uso do solo e informações do relevo (variáveis estáticas) e informações climáticas (variáveis dinâmicas). Cada arquivo ganha um coeficiente que registra maior ou menor importância em relação à deflagração do fenômeno de queima de forma isolada ou combinada, e que após a etapa final da álgebra de mapas resulta em  cinco intervalos de classe iguais, nos quais as cores escuras, em vermelho, apontam para os valores mais altos e mais suscetíveis a riscos de incêndios, variando para  azul, nos valores mais baixos e menos suscetíveis, formando assim o Mapa de Suscetibilidade de Incêndios Florestais. Este mapa é gerado diariamente de forma automática a partir das informações climáticas recebidas das estações meteorológicas de Carajás.

Área de monitoramento na região de Carajás
Tela do sistema
Arquitetura do sistema
Tela do sistema mostrando os níveis de alerta
Parte do mapa de saída
Tela do sistema mostrando o mapa de suscetibilidade diário

De cima para baixo:
Área de monitoramento na região de Carajás;
Tela do sistema;
Arquitetura do sistema;
Tela do sistema mostrando os níveis de alerta;
Parte do mapa de saída;
Tela do sistema mostrando o mapa de suscetibilidade diário

Outros recursos do SDI-Vale
• Acesso através de senha para usuários autorizados no centro de operações e para a alta gerência;
• Relatórios e gráficos automáticos podem ser impressos sobre os focos de calor, a partir da seleção interativa, com o mouse, de qualquer área da tela;
• Recurso de publicar imagens de alta resolução para áreas críticas;
• Recurso de posicionar um ponto no mapa a partir das coordenadas coletadas com GPS. Ideal para confirmação dos focos de calor nos checks de campo;
• Medições de superfície sobre o mapa – segmentos e áreas acumulativos. Agiliza o cálculo de distâncias e medidas de áreas;
• Visualização em mapa dos focos de calor para qualquer intervalo de tempo. Ideal para documentação estatística e histórica, planos diretores e comparações com incêndios confirmados.

Resultados
O nível de acerto do sistema está sendo monitorado na presente época de estiagem na região de Carajás, iniciada em julho. Os primeiros resultados são extremamente animadores, pois em apenas dois meses já houve a confirmação, de cerca de  90% dos focos detectados pelo sistema, fazendo com que as ações de combate fossem mais rápidas, minimizando as áreas queimadas e em alguns casos, permitindo o controle do incêndio antes de seu alastramento.

Marcelo Roberto Barbosa
Geólogo, Analista de SIG da Gerência Geral de Gestão e Desempenho Ambiental (CVRD)
marcelo.barbosa@cvrd.com.br

Hamilton Carvalho
Engenheiro Florestal, Analista Ambiental do Instituto Ambiental Vale do Rio Doce (CVRD)
hamilton.carvalho@cvrd.com.br

Jose Carlos Sicoli Seoane
Geólogo, Prof. Dr. do Departamento de Geologia da UFRJ
cainho@geologia.ufrj.br

Laudicena Curvelo Pereira
Gestora de Meio Ambiente, Gerente do Previncêndio do IEF-MG
laudicena.curvelo@ief.mg.gov.br

Mario Guimarães Buratto
Engenheiro Eletricista, Diretor de Desenvolvimento da Hiparc Geotecnologias Ltda.
mario@hiparc.com.br

Leonardo Santana de Oliveira Dias
Especialista em Sistema GIS da Divisão de Geoinformática da Geoexplore Ltda.
leonardo.santana@geoexplore.com.br