Vale de Geotecnologias

A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) é conhecida por ser uma potência mundial do ramo de mineração. A empresa foi criada em 1º de junho de 1942, durante o governo Getúlio Vargas, e privatizada 55 anos depois, quando o então Consórcio Brasil, composto pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Bradesco e a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, venceu o leilão realizado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e adquiriu 41,73% das ações ordinárias do Governo Federal por 3,338 bilhões de dólares. Em 2001, a CSN saiu do negócio.

Ao longo de sua história, a Vale expandiu sua atuação do Sudeste para as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil, diversificando o portfólio de produtos minerais e consolidando a prestação de serviços logísticos. Atua nas áreas de mineração, alumínio, carvão, logística e energia, e está presente em 14 estados brasileiros e nos cinco continentes. A partir de 2005, a empresa investiu na compra de seis empresas ao redor do mundo. A mais significativa foi a compra da canadense Inco, no final de 2006, que tornou a CVRD a maior produtora mundial de níquel.

Nos últimos anos, a Vale teve uma evolução acelerada e foi considerada pela revista Exame Melhores e Maiores (agosto de 2007) como a maior empresa produtora e exportadora de minério de ferro do mundo em 2006,
quando apresentou uma rentabilidade média de 31,6% para os acionistas.

De acordo com dados da CVRD, a empresa emprega quase 140 mil pessoas, sendo que os postos de trabalho diretos cresceram mais de 24%, comparados com o primeiro semestre de 2006.

A CVRD atende o mercado com diversos produtos, que dão origem a uma infinidade de elementos presentes no dia-a-dia de milhões de pessoas. Além disso, a Vale tem o compromisso com o meio ambiente, sendo responsável por diversos projetos ambientais que ajudam na conservação do planeta. No primeiro semestre de 2007, a companhia investiu mais de 119,1 milhões de dólares em projetos ambientais, um aumento de 46,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Produção da VALE

SIG na Vale

Uma das pioneiras em aplicações utilizando as  geotecnologias no Brasil, a CVRD teve esta iniciativa na década de 1980, com o uso de imagens de satélite LandSat, em baixa resolução, de uso muito valioso. Na época, as diretorias já tinham uma visão da importância da implementação de um SIG.

Segundo Patricia Procópio, especialista em geoprocessamento do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos, “a evolução para a gestão começou a partir de uma ferramenta de trabalho utilizada por geólogos. E hoje é muito mais, ela nos dá a possibilidade na tomada de grandes decisões “

As iniciativas começaram em uma empresa de exploração do grupo, que se chamava DoceGeo – hoje o Departamento de Desenvolvimento de Projetos Minerais (DIPM). A ferramenta inicial foi o MapInfo, e posteriormente foi feita a migração para aplicações da Esri.

A Vale investe constantemente na aquisição de equipamentos, bases cartográficas, atualização e padronização de dados, bem como na reciclagem, capacitando constantemente o pessoal que utiliza a ferramenta. Desta forma, agrega inúmeros valores às atividades, nas quais viabiliza ações geograficamente consistentes baseadas em Sistema de Informações Geográfica (SIG).

Vale de Geotecnologias


Um passo para o futuro

Em 2002, quando foi criada uma decisão da diretoria executiva (DDE–0048), formalizou-se  a necessidade da criação de um sistema corporativo de gestão ambiental e territorial utilizando SIG.

Com várias premissas de que os dados deveriam ser organizados, padronizados e adquiridos para aproveitamento futuro, a preocupação era ter um padrão no qual toda a empresa pudesse usufruir das informações, principalmente nas tomadas de decisões. Adriana Crem, administradora do Banco de Dados Geográficos Corporativo da CVRD, lembra que “na época houve, por parte de um grupo, um grande esforço para se ter procedimentos de padronização e integração de dados em todas as unidades da empresa, onde foi possível desenvolver o  sistema de geotecnologias da Vale”.

Na etapa de padronização, uma das  preocupações das gerências  foi com o levantamento do acervo de dados existentes desde a criação da mineradora, com mapas, fotos, imagens de satélite, etc.. Hoje está praticamente tudo organizado e catalogado em Centros de Documentação (Cedoc), que se encontram nas principais unidades operacionais. “A idéia é continuar armazenando tudo em uma única base central, respeitando-se as permissões de acesso a dados restritos”, lembra a geóloga do Departamento de Desenvolvimento de Projetos Minerais (DIPM), Juliane Uchôa.

Três diretorias gerenciam os Sistemas de Informação Geográfica na Vale, sempre com o apoio de Tecnologia de Informação da Diretoria de Serviços Compartilhados (DISC):
• Departamento de Gestão Ambiental e Territorial (DIAT);
• Departamento de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos (DIPF);
• Departamento de Desenvolvimento de Projetos Minerais (DIPM).


Essas diretorias são responsáveis pelos projetos:
• Sistema CVRD de Detecção de Incêndios Florestais (SDI-Vale);
• Sistema de Informações Ambientais (SIA);
• SIG Territorial – Módulo de Metadados e Módulo Gestão;
• SIG Mineral;
• SIG Ferrovias;
•SIG Exploração;
•SIG Negócios.

Os sistemas estão integrados, ou em processo de integração, para compartilharem a mesma base de dados geográficos, respeitando-se as diferentes aplicações, e ainda podem ser visualizados via internet ou pela intranet da empresa.


Fábrica de SIG

A partir de algumas especificações criadas na empresa, nasceu a necessidade da criação de padrões para todos os projetos geográficos da Vale. Por isso, em 2006, foi criada a Fábrica de SIG, na qual duas empresas do mercado de geotecnologias, que passaram por um processo de seleção pela CVRD, e iniciaram o desenvolvimento dos sistemas corporativos e departamentais de SIG.

A importância da Fábrica se resume na otimização da fase de contratação, permitindo a uniformização e padronização no desenvolvimento, e o compartilhamento de ferramentas entre os sistemas. Antes da Fábrica, a contratação ocorria a cada projeto e consumia quase quatro meses do empreendimento, que normalmente tem duração de menos de um ano.

Portal GEOVale

Idealizado em 2004, o Portal GeoVale é um dos projetos que está em construção, com uma visão de portal corporativo de SIG na CVRD. Permite-se o acesso aos sistemas corporativos e departamentais, cursos online sobre SIG e sensoriamento remoto, com  links para os principais sites de geotecnologias, download de materiais e documentos, além da disponibilização de um mapa dinâmico, baseado em SIG, com a localização dos empreendimentos e as informações alfanuméricas.

“O principal benefício é que, através de fóruns e criação de grupos, a Companhia consiga promover uma área para os profissionais poderem divulgar boas práticas, novas técnicas, base de dados e outras experiências, além de centralizar os diversos serviços que começam a ser desenvolvidos”, diz Marina Ando, analista de SIG da Vale.

Convênios e Parcerias

A Vale utiliza, de maneira crescente, dados e sistemas de informação geográfica para o planejamento, instalação e operação de suas atividades nas diversas unidades de negócio. A expansão do seu acervo cartográfico gera uma base de dados corporativa e centralizada, que possibilita uma abordagem integrada das áreas de atuação da Companhia nas esferas municipal, estadual e mundial. Esta base de dados está sendo compartilhada por todas as unidades da empresa e, em casos específicos, também por atores externos.

É um trabalho diferenciado, pois oferece um conhecimento sistematizado e acessível, disponibilizando informações geográficas em diversas escalas, que podem contribuir na proposição de algumas políticas públicas e práticas de responsabilidade social, como planos diretores municipais, zoneamento urbano e informações de infra-estrutura urbana. Além de apoio à disseminação de informações e projetos urbanos, levantamentos censitários, etc., melhorando as ações de desenvolvimento territorial e ambiental local e regional.

Algumas ações de parcerias:
• Disponibilização  de aerofotos e imagens de satélite às Prefeituras de Angra dos Reis – RJ  e Colatina – ES;
• Aerolevantamento digital para Governo do Espírito Santo;
• Fornecimento de bases cartográficas do acervo da CVRD para atlas ambientais municipais na região de
Paragominas – PA;
• Disponibilização de imagens de satélite recentes da região de Carajás – PA. 


Presente

Hoje, as aplicações baseadas em geotecnologias estão presentes em todos os segmentos de atuação da empresa.

Na mineração, é usado para gerenciar áreas de pesquisa e de operações mineiras, otimizando parte das atividades de planejamento e mineração, além de auxiliar análises espaciais em programas de exploração mineral em âmbito internacional.

Na logística, permite o monitoramento das operações ferroviárias com a localização em tempo real das composições. Ainda orienta investimentos em manutenção de trilhos e auxilia na redução dos impactos ambientais, pela rápida resposta na localização dos acidentes ferroviários.

As geotecnologias auxiliam na organização e distribuição das informações geográficas da Companhia, a qualquer hora e em qualquer lugar. Desde o ano passado verifica-se um crescimento mais acelerado do número de usuários desta tecnologia na empresa. As facilidades deste sistema estão propiciando a comunicação entre diversos setores da Companhia pela linguagem dos mapas.


Futuro do SIG

A CVRD entende como estratégicos o domínio e a continuidade da expansão da tecnologia geográfica. Para Marcelo Barbosa, analista de SIG da Gerência Geral de Gestão e Desempenho Ambiental, “o futuro está no aperfeiçoamento dessa base e expandir para mais perfis”. Para isso, a Vale está realizando fortes investimentos na aquisição e manutenção das melhores práticas disponíveis no mercado de geotecnologia, com aplicações e produtos já implantados e em desenvolvimento que vêm agregando valor às atividades chaves da Companhia, viabilizando decisões geograficamente consistentes, que resultam em redução de riscos e custos nos processos de negócio.

Usuários do SIG
• 30 gestores do sistema SIG
• 350 usuários diretos
• 100 usuários indiretos (este número tende a crescer para mais de 3 mil, assim que o módulo de servidor de mapas estiver finalizado)

Vale Geograficamente em Números: (2004)
• Investimentos em aquisição de dados geográficos vetoriais: 10 milhões de dólares;
• Aquisição média anual de imageamento de diversos sensores orbitais e aerotransportados, totalizando cerca de 300 mil quilômetros quadrados de área recoberta;
• Extenso programa de aerolevantamentos convencional e imageamentos de alta resolução, cobrindo mais de 9 mil quilômetros lineares de ferrovias;
• Programa de aerolevantamento digital combinado laser: 6 mil quilômetros quadrados;
• Mapeamento temático digital para uso do solo da Ferrovia Centro – Atlântica e da Estrada de Ferro Vitória a Minas, totalizando aproximadamente 24 mil quilômetros quadrados de mosaicos.


Ágatha Branco

Editora da revista especial Mineração
agatha@mundogeo.com