São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais concentram a maior fatia do mercado brasileiro de Geoinformação
por Aline Assumpção

Em todos os setores da economia e do mercado, a Região Sudeste é, sem dúvidas, a que mais movimenta capital, mão-de-obra e recursos. Se na área tecnológica de forma geral a região está sempre à frente, no mercado de Geotecnologias esta característica é ainda mais acentuada. Pode-se dizer que, com exceção da região Sul, o mercado efetivo de Geotecnologias fora do Sudeste é ínfimo. Segundo levantamento do Guia de Empresas infoGEO 2001, 63% das empresas de Geotecnologias concentram-se na Região Sudeste, 53% estão no eixo Rio – São Paulo e 42% no Estado de São Paulo. "A região é marcada por algumas particularidades: por exemplo, a maioria das empresa de GPS se concentra no Rio de Janeiro; São Paulo reúne as maiores empresas de software e de imageamento de satélite – estas últimas, localizadas principalmente em São José dos Campos como conseqüência da sede do Inpe; Minas é marcada pela forte presença de empresas e centros de pesquisa na área de GIS. A única área das Geotecnologias que praticamente não se apresenta na região é o aerolevantamento, que está quase todo concentrado no Paraná.", explica Alexandre Benevento, diretor e proprietário da GNSS Brasil Ltda- RJ

A Região Sudeste sedia mais da metade do número de empresas brasileiras de Geo.

São José dos Campos, Campinas e Belo Horizonte formam basicamente um triângulo onde se concentram verdadeiros centros de excelência e pesquisa em Geotecnologias. O Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, O CPqD- Centro de Pesquisa e Desen-volvimento, a Prodabel, o CTGEO e outros Centros de Pesquisa e Laboratórios das Universidades são responsáveis pela maior fatia da produção científico- tecnológica de Geo no país.

Mas, não são apenas os produtores, prestadores de serviços e centros de pesquisa que fazem do Sudeste o principal mercado brasileiro de Geotecnologias. Os maiores clientes e consumidores deste mercado também se concentram aí. Quando se fala em clientes de grande porte, fala-se principalmente das utilities – a onda de privatizações trouxe com ela a necessidade de mega-projetos de cadastramento e mapeamento de redes de grandes companhias telefônicas e elétricas. A concessão de rodovias, também representa uma porção importante dos consumidores de Geotecnologias. Mas, em termos de quantidade, o maior número de clientes ainda se apresenta no setor público. As prefeituras, segundo grande parte dos fornecedores de serviços e tecnologia, são os grandes consumidores. Uma porcentagem bastante significativa das cidades do estado de São Paulo está atualizando ou atualizou seu cadastro nos últimos dois anos. Outro projeto público, que reúne o Governo de vários estados, e merece destaque, é o gerenciamento do Rio São Francisco, um projeto de grandes proporções, ainda em fase de desenvolvimento.

SÃO PAULO
Se o Sudeste é a principal região no mercado Geo, São Paulo é sem dúvidas o principal Estado, com quase metade do mercado brasileiro. Os maiores projetos aí localizados são na área de prefeituras e telefonia. O projeto da Telefonica (ver revista 16 – Ortofoto: a imagem que é um mapa) é considerado um dos maiores cadastros georreferenciados do país. Por outro lado, o projeto do mapeamento do subsolo São Paulo, proposto pela ABRATT- Associação Brasileira de Tecnologia Não-Destrutiva é um dos mais ambiciosos e vem sendo largamente discutido por profissionais da área. O projeto reúne dados cartográficas da prefeitura aos de companhias telefônicas, elétricas de áreas de diferentes concessões, que serão reunidos numa única base cartográfica, mapeando a maior metrópole Brasileira.

Dentro do mercado paulista, São José dos Campos é considerada uma das cidades com maior crescimento econômico e tecnológico do país, segundo o site da prefeitura da cidade:
(www.sjc.sp.gov.br/negocios/porqueinvestir.htm#mercado), 24% da sua população economicamente ativa está empregada no setor industrial, que "se destaca no cenário nacional por apresentar três fortes segmentos de empresas e suas respectivas cadeias produtivas: o automotivo, o de telecomunicações e o aeroespacial e de defesa", neste último destaca-se a crescente instalação de empresas de sensoriamento remoto, movidas pela presença da sede do Inpe (www.inpe.br), e pelo desenvolvimento de pesquisas e capacitação de mão-de-obra por ele proporcionados.

A localização da sede do INPE em São José dos Campos é um dos fatores que mais tem estimulado o mercado de Geo na região.

Fatia paulista do mercado brasileiro.

MINAS GERAIS
Com projetos pioneiros de Geoprocessamento e GIS, Minas se destaca pela grande quantidade de profissionais especializados que tem oferecido ao mercado. A Prodabel, órgão da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, um dos órgão mais conceituados nacionalmente, é responsável pelos primeiro grandes projetos de GIS e cadastro, desenvolvidos principalmente na área de Prefeituras.
"Em BH, existe Geo na Prefeitura, na CEMIG, na Telemar, na COPASA e em diversos órgãos do governo do estado. A maioria dos projetos tem características pioneiras, e alguns são inclusive modelo para projetos semelhantes Brasil afora. Mas também existem características únicas e inovadoras em cada caso. Particularmente aqui da Prefeitura de Belo Horizonte, o Geo faz dez anos no final deste ano. Na CEMIG e na Telemar (Telemig) o início foi mais ou menos pela mesma época, antes de 1992. A Copasa iniciou o seu em 1994. O Governo do Estado começou em 1995, mas existe muito uso de sensoriamento remoto bem anterior a isso", destaca Clodoveu Davis, da Prodabel. Atualmente, a implantação da Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs é que tem movimentado o mercado mineiro. Uma parte bastante significativa das empresas do estado está envolvida em projetos de construção e distribuição de suas redes.

Na visão do diretor da CPE- MG, Rogério R. Baeta Neves, as áreas mais promissoras, em Minas, são no setor de GIS, aplicados à prefeituras, concessionárias elétricas e telefônicas, principalmente devido à grande demanda de cadastro.

Eixo Rio-São Paulo
O mercado está concentrado principalmente no eixo Rio-São Paulo.

RIO DE JANEIRO
Com a segunda maior concentração de empresas de Geo, o Rio de Janeiro detém 17% do mercado da região. Os projetos de utilities são os de maior peso. A Cerj e a Light, tem praticamente toda sua rede mapeada, cadastrada, e georreferenciada.

Um grande usuário de Geotecnologias do estado é o setor petrolífero. Nos últimos meses, com o vazamento na baía de Guanabara e o acidente da plataforma, o sensoriamento remoto e os levantamentos aéreos foram largamente utilizados. Além disso a Petrobrás se utiliza de um sistema próprio de GIS e outras ferramentas, que permitem o acompanhamento de todas as áreas envolvidas no gigantesco processo.

As universidades do estado se destacam pelos laboratórios e pesquisas realizadas, principalmente na área de meio ambiente.

Distribuição do mercado dentro da região.

ESPÍRITO SANTO
Com 1% do mercado da região, o Espírito Santo se destaca pelo uso urbano do Geoprocessamento.
A prefeitura de Vitória tem todo seu território mapeado e está desenvolvendo projetos sociais a partir do cadastro realizado. Graças a estas tecnologias os morros da capital estão sendo urbanizados, ganhando luz elétrica, novas ruas e melhor acesso. Administrações de Prefeituras menores como a do município de Linhares, por exemplo, também estão aplicando GIS a diversos setores.

No setor de utilities, a Escelsa, como as companhias elétricas dos outros estados também é considerada uma das maiores usuárias do Geoprocessamento.

"No meu ponto de vista as obras públicas ainda representam a maior parte deste mercado no Sudeste, com prefeituras e obras como as que envolvem o gerenciamento do rio são Francisco. " – Alexandre Benevento- diretor e proprietário da GNSS Brasil Ltda- RJ

"Este ano está sendo ótimo, o mercado está crescendo muito. Enquanto no começo do ano passado as perspectivas não eram muito promissoras, do final de 2000 para cá o mercado cresceu, a demanda por Geotecnologias e serviços aumentou e a tendência é que cresça cada vez mais." – Eduardo Deimann – Diretor e proprietário da Deimann Instrumentos Topográficos SP

"Sem dúvidas a região é a mais importante do país na área de Geotecnologias, e tem acompanhado muito bem as revoluções tecnológicas do setor mundial." – Rogério Ribeiro Baeta Neves- diretor da CPE – MG

"O Sudeste é líder em volume de negócios, número de empresas em soluções de ponta. O mercado da região vai a pleno vapor, tentando cobrir deficiências de décadas, em poucos anos. Mas deve estabilizar em três a cinco anos. Hoje, estamos em pleno crescimento." – Lúcio Graça – executivo de desenvolvimento de negócios

ONDE ESTUDAR

Onde estudar – SP
 UNESP- Prudente
http://www.prudente.unesp.br/dcartog/
Laboratórios de Ensino e Pesquisa Astronomia, Topografia e Geodésia – LATOGEO; Geodésia Espacial-LGE; Computação Gráfica e Processamento de Imagens: Ensino de Cartografia; Fotogrametria ; Mapeamento Móvel; Sensoriamento Remoto e Análise Espacial; Interpretação de Imagens Aquisição e Impressão de Documentos Cartográficos.;
– Mestrado em Aquisição, Análise e Representação de Informações Espaciais
Curso:Ciências Cartográficas / Faculdade de Ciências e Tecnologia – Presidente Prudente
– Mestrado e Doutorado Geociências e Meio Ambiente
Curso: Geociências/ Instituto de Geociências e Ciências Exatas – Rio Claro
 UFSCAR
Núcleo de Geoprocessamento do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de São Carlos (NGEO) http://www.deciv.ufscar.br/geo Local: Campus da UFSCar em São Carlos – SP
– Curso de Especialização em Geoproces-samento (lato sensu) voltado às aplicações urbanas, meio ambiente
 UNICAMP
Instituto de Geociências
– Curso de especialização em Geoprocessamento
– Curso de especialização em Geoprocessamento e Integração de Dados em Agricultura de Precisão
 CTGEO- Centro de Tecnologia em Geoprocessamento
Centro de Tecnologia em Geoprocessamento, é uma unidade do CETEC – Centro Tecnológico da Fundação Paulista, que presta serviços e desenvolve tecnologia de Geoprocessamento, integrado com a Escola de Engenharia de Lins e Faculdade de Informática de Lins.
 EEL – Escola De Engenharia de Lins / CETEC/CTGEO http://www.ctgeo.br/
– Curso de Pós-Graduação em Geoprocessamento
 Universidade Anhembi Morumbi – www.anhembi.br
– Especialização em Eng. Geomática
– Especialização em Planejamento do Território para o Terceiro Milênio

Onde Estudar – RJ
 UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro
Pós-Graduação em Engenharia de Computação
Curso Stricto Sensu – Área de Concentração Geomática
e-mail : pgesc@eng.uerj.br, http://www.geomatica.eng.uerj.br
 UFF- Universidade Federal Fluminense
Instituto de Geociências www.uff.br
– Cursos de Pós-Graduação:
Strictu Sensu (Mestrado):
– Ciência Ambiental
– Geologia e Geofísica Marinha
– Geografia: Ordenamento Territorial e Ambiental
Lato Sensu (Especialização):
– Geologia e Geofísica Marinha
– Planejamento Ambiental
– Organização Espacial do Rio de Janeiro
– Teoria e Prática de Conteúdos de Geografia
– Geotecnologias Aplicadas à Análise Ambiental de Bacias Hidrográficas

Onde estudar – ES
 Não há cursos de especialização em Geotecnologias no estado