O profissional que as empresas procuram:

"Os negócios vão mudar mais nos próximos dez anos que mudaram nos últimos
cinquenta" – Bill Gates

As lideranças das empresas tentam antecipar o futuro. Fruto das visões obtidas e sob a pressão da realidade são montadas as estruturas de operação dos empreendimentos.

Hoje, notadamente no setor de serviços em tecnologia, a Empresa busca um tipo de profissional que esteja apto a passar pelas mudanças que certamente ocorrerão. Existe um modelo de colaborador que se procura: auto gerenciado, que aprenda rápido, que perceba cenários, que se relacione e se comunique bem, que tenha ambição de crescimento e, essencialmente, que adote os valores da Empresa. Formação básica sólida é muito importante; já uma especialização não é tanto, dentro da Empresa haverá possibilidades para isto.

Do outro lado muitos profissionais ainda procuram na Empresa: estrutura formal, plano de carreira, previsibilidade da carga de trabalho, rotina, segurança e valorização de uma alta especialização previamente adquirida.

Dentro da estrutura das empresas aconteçe o amálgama destes paradigmas conflitantes. De certa forma isto é natural, sempre foi assim, e constitui a origem da evolução dos emprendimentos e das profissões.

As características descritas não são regras: sim uma das tendências.
Empreendimentos têm diferentes estratégias, portanto diferentes estruturas. Assim são as pessoas. Devemos entender que estaremos mais aptos à felicidade profissional se conseguirmos casar compatibilidades nossas e das empresas em que trabalharemos.

As condições de evolução dentro da estrutura do empreendimento também são importantes. A Empresa hoje experimenta uma enorme necessidade de competências gerenciais. Há falta de gerentes especialistas, generalistas e empreendedores. Esta carência é o principal impeditivo do crescimento dos empreendimentos.

Há muito espaço para os que almejam gerenciar. Que tipo de gerente poderemos nos tornar? As possibilidades se resumem em quatro e Jack Welch, diretor da GE, as descreve:

"O primeiro cumpre com os compromissos e valores da Empresa. O segundo não cumpre com os compromissos e não compartilha os valores da Empresa O terceiro não cumpre com os compromissos mas compartilha os valores da Empresa. O quarto cumpre seus compromissos mas não atende aos valores da Empresa"

Quais dentre estes tipos a Empresa procura? Quais tolera? Qual destes pode atender objetivos de curto prazo mas não atende objetivos de longo prazo?

Refletir sobre essas questões ajuda a compreender melhor o complexo universo das relações entre nós, as empresas, o mercado … e o futuro.

Enéas R. Brum – Presidente da Imagem Sensoriamento Remoto. E-mail: ebrum@img.com.br

"Nos últimos anos, a aplicação de Geotecnologias às mais diversas áreas do conhecimento vem gerando uma enorme quantidade de dados a serem processados para a tomada de decisões. O problema a ser resolvido envolve, agora, não apenas entender o processo de geração de dados confiáveis, mas também saber como gerenciar estes dados de forma eficiente e segura e, além disso, desenvolver novas formas de análise de maneira a gerar informação útil e em tempo hábil. Isto significa que o profissional precisa aliar conhecimento sólido e conceitual em diversos aspectos de geotecnologia à capacidade de desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação complexos.

Na verdade, não existe UM profissional, mas uma grande gama de profissionais que trabalham com tecnologias "geo". As atividades destes profissionais cobrem um amplo leque de perfis, desde aquelas voltadas à venda e comercialização de produtos, passando pelo desenvolvimento destes produtos, até a gerência de projetos. Além disso, é um campo em constante expansão, pela evolução das tecnologias associadas e pela conseqüente modificação do mercado. Estes dois fatores – multiplicidade de profissionais e evolução tecnológica e de mercado – fazem exigem definir não UM, mas vários perfis de profissionais de geotecnologia.

Há um ciclo complexo produtor-consumidor, envolvendo dados, tecnologia e produtos. Este ciclo é ativado pelas necessidades dos usuários, cujos requisitos motivam a especificação de software e/ou hardware que são a seguir desenvolvidos. Software e hardware, por sua vez, utilizam dados geográficos dos mais diversos tipos, coletados e processados por especialistas humanos e por equipamentos sofisticados. A análise destes dados usando o software e o hardware desenvolvidos gera uma grande quantidade de informação. Esta informação, por sua vez, permite detectar novos problemas, que motivam um novo conjunto de especificações, realimentando o ciclo.

Os atores deste ciclo são os profissionais de geotecnologia. Apesar da enorme diversidade e heterogeneidade dos seus perfis, estes especialistas precisam ter: conhecimentos ligados aos aspectos tecnológicos de manuseio de dados "geo" e dos programas que os manipulam; predisposição para reciclagem e atualização permanente; e habilidade de trabalhar em grupo, em uma equipe multidisciplinar. O primeiro ponto se ocupa exclusivamente da formação continuada do profissional, o segundo se preocupa com a sua adaptabilidade às mudanças da tecnologia e consequentemente do mercado. O terceiro ponto resulta da impossibilidade de um único profissional dominar todos os aspectos necessários à pesquisa, gerência, desenvolvimento, implantação, manutenção, comercialização e uso dos produtos.

Qual, então, o perfil adequado? Em primeiro lugar, para fazer face à evolução contínua da geotecnologia, deve-se privilegiar uma sólida base teórica em geotecnologia. Assim, ao invés de exigir a concentração no USO de produtos específicos, deve-se dominar os conhecimentos teóricos usados no desenvolvimento desta tecnologia. Em segundo lugar, é fundamental que esta formação tenha um forte componente de sistemas de informação, em especial técnicas de especificação de software, projeto e construção de bancos de dados, gerenciamento de redes e desenvolvimento de programas. Em terceiro lugar, é necessário experiência de trabalho com problemas reais para várias plataformas de trabalho.

Claudia Bauzer Medeiros – Instituto de Computação UNICAMP E-mail: cmbm@ic.unicamp.br