Observar a terra por meio de satélites é, hoje, a maneira mais efetiva e economicamente viável de coletar dados para o monitoramento e a modelagem de fenômenos, quer naturais, quer decorrentes de atividades, especialmente em países de grande extensão territorial como é o caso do Brasil e da China. No final de 2002, foi assinado um protocolo complementar ao acordo de cooperação espacial Brasil-China. Por este documento, os dois países se comprometem a construir juntos mais dois satélites de observação dos recursos naturais da Terra (CBERS-3 e CBERS-4).

Os dois primeiros CBERS (Satélites Sino-Brasileiros de Recursos Naturais da Terra) foram construídos num esquema de participação em que o Brasil entrou com 30% e a China, 70%. O CBERS-1 está em órbita desde 1999 e o CBERS-2, que deveria ter subido ao espaço no segundo semestre do ano passado, teve seu lançamento adiado por razões técnicas para meados do próximo ano. Pelo novo acordo, os dois próximos CBERS obedecerão a uma nova divisão, com participação igual de ambas as partes. O programa de cooperação espacial Brasil-China é considerado o mais importante entre países em desenvolvimento.

Os satélites, que terão custo total de US$ 500 milhões, sendo US$ 300 milhões na primeira fase – US$ 100 milhões do Brasil e US$ 200 milhões da China – realizarão o sensoriamento remoto em áreas como monitoramento florestal, impactos ambientais, avaliação da produção agrícola e do crescimento urbano, gerenciamento de desastres naturais, entre outros. O CBERS-3 está com lançamento previsto para 2006.

Em 1988, os dois países haviam firmado um compromisso de cooperação que envolvia a construção de dois satélites, o CBERS-1, lançado em outubro de 1999 e ainda se encontra em órbita, e que levou Brasil e China a alcançar completa autonomia na geração de imagens de sensoriamento remoto sobre todo o planeta, e o CBERS-2, com lançamento previsto entre julho e setembro do próximo ano, na China.

O CBERS se constitui na maior e mais bem sucedida experiência de cooperação pacífica entre dois países do Sul e demonstra que ambos alcançaram, na prática, o status de nações proficientes em pesquisa de desenvolvimento e que avançam a passos firmes em direção à vanguarda internacional no campo da ciência e da tecnologia. O acordo com a China prevê ainda o estabelecimento de planos para a construção de uma joint venture para comercializar e distribuir os produtos CBERS, além de negociar também as imagens geradas pelos satélites com outros países.

O Programa CBERS foi matéria de capa da edição 24 da InfoGEO. Todas as edições anteriores da revista no Portal MundoGEO (www.mundogeo.com.br), com acesso exclusivo a assinantes da revista.