Solução integra dados geográficos do Sistema de Vigilância da Amazônia

Dizem sempre que um óbice é uma oportunidade de apresentação de novas idéias e soluções inovadoras, bem como a demonstração das capacidades de gestão gerencial.

Este ditado pode ser exercitado na criação, implantação e operacionalização dos Centros Estaduais de Usuários do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), solução caseira para prover, a nível estadual, nos nove estados da Amazônia Legal Brasileira, as informações disponibilizadas nos três Centros Regionais de Vigilância (CRV), órgãos do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia).

O desafio
Ficou claro que a concepção inicial do Projeto Sivam não tinha aquinhoado o governo dos estados com uma ferramenta para receber o volume de dados do SIVAM, processá-los e criar novas informações, com a fusão das informações de nível estadual, utilizando-se os levantamentos periódicos em layers, elaborados pelos CRV.

Como, então, proporcionar um conjunto simples de ferramentas, de fácil administração, capazes de receber todos os tipos de dados de forma transparente e, ainda, provê-los numa Internet ou Intranet, dentro dos limites de orçamento?

A idéia
Depois da participação da equipe desenvolvedora na Conferência Mundial de Usuários da ESRI de 2000, verificou-se que estava consolidada a linha de hardware e software definidos pela comunidade de usuários de sistemas de informações geográficas (GIS), migrando para plataforma CISC e, em decorrência, para o sistema operacional Microsoft Windows T.

Esta combinação caiu como uma luva para necessidade do Projeto: utilizar máquinas de fácil manutenção, capazes de serem administradas sem grande esforço em treinamento de pessoal, reduzindo o custo total da solução ao orçamento previsto.


Figura 1 – Configuração dos Centros Estaduais de Usuários

Foi elaborado, então, um plano de desenvolvimento da solução, o qual partiria, inicialmente, por uma fase de pesquisa, a qual deveria fornecer os requisitos de aquisição de servidores, estações de trabalho, equipamentos de rede e aplicativos a serem instalados.

Utilizando como base de pesquisa o documento de arquitetura de sistemas, elaborado pela ESRI anualmente, e ingressando no programa beta, para o software ArcGis 8.1, com a criação de um laboratório de testes mínimo, pode-se implementar uma simulação da proposta.

Nesta simulação, pode-se verificar que:
 Não havia necessidade de utilizar uma estação com dois processadores, pois a versão do software cliente não utiliza este recurso, sendo, então, acrescida a memória da estação passando-a para 512 MBytes;
 A seleção de servidor mostrou-se correta: um Dell monoprocessado de 1 GHz com 1 GByte de memória;
 A rede utilizando switch CISCO 2912 XL suportava o volume de dados em situação de regime, sendo apenas estressada ao limite nas manipulações das visualizações, as quais exigiam todas as informações do banco de dados, utilizando o conector SDE em ORACLE 8i;
 A implantação de servidor de web com o software ArcIMS apresentou excelentes resultados na integração de dados para os usuários de Internet e Intranet;
 Verificou-se que a solução home small office do firewall Sonicwall, de grande facilidade de configuração, através de telas html em servidor de web próprio.

Desta forma, foi definido o pacote proposta para a gerência do projeto, a qual autorizou a aquisição dos equipamentos e aplicativos, para os nove estados. A figura 1 apresenta uma visão pictorial da solução.


Figura 2 – Mapa das terras protegidas do Estado do Amazonas

Foi selecionado o conjunto de softwares da ESRI, ArcGis, ArcSDE e ArcIMS, bem como o sistema operacional Windows 2000 nas versões profissional e servidor e o banco de dados Oracle 8i.

A implantação
Realizada as aquisições nos Estados Unidos e no Brasil, transporte e conferência de todo material, durante o ano de 2001, iniciou em Manaus, no mês de fevereiro de 2002, a primeira implantação.

A escolha do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas como primeiro local para instalação do Centro Estadual mostrou ser a melhor. Neste Instituto, já possuidor de laboratório com licenças de ArcView, a migração de seus usuários e administrador para o novo paradigma do ArcGis foi simples. A figura 2 apresenta o uso das novas ferramentas a disposição do estado. Com a padronização do processo de instalação confirmado no Estado do Amazonas, partiu-se para a instalação nos demais estados. Em todos, a mesma estrutura foi implantada, criando uma rede de páginas de web com produtos exemplo do potencial disponível. A figura 3 abaixo apresenta um produto do Centro Estadual de Usuários do Pará disponibilizado através da ferramenta ArcIMS 3.1.

Hoje, com todos os nove centros implantados e operacionais e usuários treinados, pode-se dizer que o projeto foi um sucesso em todas as suas decisões. Foi verificado que o sistema aumentou a capacidade instalada, pois já conheciam e utilizavam em grande profundidade as ferramentas ou outras similares.


Figura 3 – Terras indígenas no Estado do Pará – www.ceu.sectam.pa.gov.br

O futuro
Com a grande capacidade de integração e fusão de dados geográficos distribuídos nos Estados Amazônicos, será possível obter uma visão mais precisa de nossas peculiaridades nesta área tão importante do Brasil.

A disseminação destas informações poderá alcançar os tomadores de decisão de políticas governamentais, bem como alunos e professores nos vários níveis do ensino fundamental e médio.

Tem-se a certeza que as sementes plantadas em cada centro poderão crescer em quantidade e atualizações, lideradas pela comunidade de usuários, conscientes que não há barreiras para o uso de sistemas de informações geográficas, apenas os limites da inteligência humana.

Carlos Eduardo Magalhães da Silveira Pellegrino é chefe da Divisão Técnica do SRPV-MN do Comando da Aeronáutica. carlospellegrino@uol.com.br