A necessidade urgente de um serviço capaz de identificar e localizar a origem das chamadas de emergência
No primeiro artigo de minha coluna, contamos como os LBS (Location-based Services) surgiram a partir de uma exigência do governo norte-americano para que as chamadas ao seu serviço de emergência, o famoso 911, pudessem ser localizadas mesmo que fossem originadas de um telefone celular. Daquela data para cá, a indústria de LBS se materializou, o mercado enxergou a grande variedade de negócios e os filões que os LBS podem gerar e, finalmente, a nossa telefonia móvel brasileira se prepara para oferecer e faturar serviços nas categorias de entretenimento, M-commerce, rastreamento, etc, etc… Mas, e quanto ao mais nobre e mais importante de todos os LBS? Como anda nosso serviço de emergência?? Como está nosso "E-911" tupiniquim??? Infelizmente a resposta é: "Simplesmente não está"!!!!
Basta se perguntar quantas pessoas você conhece que possuem um telefone celular para saltar aos olhos a importância de se ter um LBS de Emergência, ou seja, um serviço da "Defesa Civil" capaz de identificar e localizar fisicamente a origem das chamadas de Emergência.
Só para esclarecer, segundo a Defesa Civil do Estado de São Paulo, entende-se por Defesa Civil o conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas, com o propósito de evitar ou minimizar desastres, procurando, simultaneamente, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade do convívio social.
Embora o Brasil possua um número de telefone oficial para o cidadão discar em caso de emergência, que é o nosso "CÓDIGO ESPECIAL 199 – DEFESA CIVIL" , tal serviço não oferece ao cidadão brasileiro nem o mesmo atendimento nem a segurança de possuir sua chamada celular localizada para um atendimento adequado.
Primeiramente, antes de prosseguir com este artigo, que será dividido em três partes, gostaria de deixar bem claro que não estou criticando nosso serviço "199" e de forma alguma este artigo visa comparar o nosso humilde serviço "199" com o exemplar serviço "911" do Tio Sam, pois o pessoal da Defesa Civil até que está fazendo um bom trabalho com a verba que alguns estados possuem para tal.
Entretanto, por se tratar de um LBS que objetiva a segurança do cidadão e o bem estar da população, o "Serviço de EMERGÊNCIA baseado em Localização" que eu tomo a liberdade de "criativamente" batizar de "E-199", merece posição de destaque nesta minha modesta coluna, com a esperança de poder sensibilizar os leitores para a enorme necessidade que todos nós habitantes deste querido mas violento Brasil temos de um serviço de Emergência que localize as chamadas para:
Evitar trotes – Não que nossa consciente população costume passar trotes, que absurdo, mas por via das dúvidas…
Agilizar o Tempo de Atendimento no local – Ao localizar a chamada, a "prestadora Local de Telefonia" poderá automaticamente rotear a chamada para o "Posto de Comunicação da COMDEC" mais próximo do local em Emergência visando o encurtar o trajeto das viaturas de polícia, do corpo de bombeiros, de ambulâncias etc, ganhando precioso tempo que pode fazer a diferença entre a vida e a morte para o cidadão em Emergência.
Otimizar a logística de atendimento – Os dados estatísticos de localização para cada tipo de emergência (policial, Bombeiros, médica, etc) pode claramente indicar quais os serviços mais solicitados em cada área, de maneira a se priorizar a otimização de tais serviços nas áreas corretas onde faz mais sentido.
Indicar onde se deve investir – Além de melhorar a logística, os dados estatísticos localizados também podem mostrar onde e no que investir em função das diferentes necessidades de cada área coberta pela COMDEC.
Bom, a esta altura do campeonato você já deve estar pensando: "mas que raios será uma COMDEC???" Calma, a partir de agora, vamos explicar o que é uma COMDEC, uma CEDEC, um PSAP bem como os conceitos básicos de funcionamento do nosso serviço de Emergência – 199. Também explicaremos os conceitos básicos do famoso e funcional serviço de Emergência – 911 americano, e finalmente vamos humildemente "sugerir" um modelo para o que poderia ser o nosso "E-199" – o serviço brasileiro de Emergência-Localizada, que a partir de hoje sai dos meus sonhos para habitar a consciência de quantos cidadãos esta publicação puder atingir. Espero que sejam muitos, que sejam influentes cada um em sua área e que, acima de tudo, sejam corajosos para romperem com o comodismo e virem a contribuir para que este assunto possa ganhar energia, destaque, notoriedade, seriedade e providências do atual governo, pois quem sabe amanhã sua vida ou de um dos seus pode depender disto?
Deixando de lado minha veia político-catequista, vamos ao que nos propusemos a fazer descrevendo primeiramente o conceito básico por traz do "CÓDIGO ESPECIAL 199 – DEFESA CIVIL" do Estado de São Paulo, o qual tomamos como alvo de nossa análise por se tratar do estado da União que mais se aproxima do cenário norte-americano nos aspectos de concentração de habitantes e problemas urbanos. Desta forma, e a grosso modo, se um modelo de LBS funcionar para São Paulo, provavelmente funcionará para os demais estados da União.
A estrutura do Sistema Estadual de Defesa Civil se divide em: CEDEC – Coordenadoria Estadual de Defesa Civil; REDEC – Coordenadoria Regional de Defesa Civil; COMDEC – Comissão Municipal de Defesa Civil; CODDEC – Comissão Distrital de Defesa Civil; e NUDEC – Núcleo Comunitário de Defesa Civil.
A base de ação do atual Serviço de Emergência é a COMDEC, a qual necessita de uma eficiente Rede de Comunicação para receber as informações e mobilizar os recursos disponíveis com a maior rapidez possível. Para isto as operadoras de telefonia (chamadas de Prestadoras) fornecem as linhas e direcionam as chamadas ao "199" para a prefeitura municipal (Provedora). Desta forma, qualquer telefone (fixo, público ou celular) poderá originar chamadas gratuitas ao código "199" e ser direcionado ao posto de comunicação da COMDEC, que encaminhará o recurso adequado tais como a Polícia, o Corpo de Bombeiros, ambulâncias, etc.
Neste ponto devo relembrar ao leitor que este é um artigo sobre LBS – Serviços Baseados em Localização, e que todos interessados neste assunto devem permanecer "sintonizados" na InfoGEO e acompanhar o assunto, pois além de se tratar do mais nobre e importante de todos os LBS, certamente irá impulsionar um grande movimento nos negócios de uma considerável variedade de setores, gerando empregos e um pouco mais de segurança e qualidade de vida para todos.
Nos encontramos então na próxima edição, onde apresentaremos o famoso E-911 americano e mostraremos a arquitetura daquele LBS que é o pai de toda esta promissora indústria de Serviços baseados em Localização.
Romualdo Henrique Monteiro de Barros é diretor da FlögenTrack, uma empresa focada em LBS e rastreamento veicular. romualdo@flogentrack.com.br