O E-911 americano
Continuamos com a série "Emergência – O mais nobre dos LBS", publicada na InfoGEO 30
No primeiro artigo desta série vimos alguns conceitos básicos de nosso "Código Especial 199 – Defesa Civil" e citamos importantes aspectos sobre um LBS de emergência para o Brasil, a exemplo do famoso E- 911 americano.
Neste artigo, que é a segunda parte de uma série sobre o serviço de emergência baseado na localização do usuário, vamos conhecer a arquitetura básica do E-911 norte-americano, e como o "pessoal do Tio Sam" implementou
um serviço que identifica a localização dos usuários que, em apuros, usam seus celulares para pedir socorro, recebendo pronta ajuda de um serviço voltado para salvar vidas, e que por isso mesmo merece o título de "O mais nobre dos LBS".
Para os propósitos desta coluna, descreveremos a arquitetura funcional do E-911 segundo uma óptica de LBS, ou seja, apontando os blocos funcionais e seus papéis no sistema que suporta aquele serviço. Segundo a norma interina para o "Enhanced Wireless 9-1-1 Phase II"
(E-911), a arquitetura do serviço pode ser descrita por um modelo funcional chamado de "Network Reference Model" (veja figura abaixo) composto por sete entidades de rede (network entities) a saber:
· Coordinate Routing Database (CRDB)
É o CRDB que converte uma dada posição expressa como latitude e longitude, em um conjunto de dígitos que identificam uma zona de serviço (Service Zone – ESZ).
· Emergency Services Message Entity (ESME)
O ESME é o responsável pelo roteamento e pelo processamento das mensagens de controle
de atributos (out-of-band messages) relacionadas às chamadas de emergência. Quando uma chamada de emergência é iniciada, é o ESME quem recebe a informação de posicionamento do MPC (Mobile Position Center).
· Emergency Services Network Entity(ESNE)
O ESNE é quem roteia e processa a parte de voz (voice band) das chamadas de emergência. O ESNE é composto dos chamados "selective routers", também conhecidos como transfer switches, os quais "roteiam" as chamadas para os respectivos PSAPs (Public Safety Answering Point).
· Mobile Position Center (MPC)
É o MPC que seleciona um PDE (Position Determining Entity) para encontrar o posicionamento do telefone celular (handset) que iniciou a chamada de emergência. É também o MPC que "conversa" com a MSC (Mobile Switching Center) que iniciou o processo de localização do handset.
· Mobile Switching Center (MSC)
A MSC é o que no Brasil chamamos de CCC, ou seja, é a Central de comutação que, junto com as ERBs, é responsável pelo estabelecimento de radio contato com os handsets que iniciam as camadas de emergência. ·
· Position Determining Entity (PDE)
Também chamado de Poistion Determining Equipment, o PDE é o sistema de Localização
de handsets propriamente dito. Colocando de outra forma, é o PDE que localiza descobre as coordenadas (longitude, latitude) de um handset em chamada de emergência. Cabe notar aqui, que no Brasil tem muita gente confundindo PDE com LBS, usando a sigla LBS ao se
referir a um sistema de localização (que na realidade é apenas um PDE).
· Public Safety Answering Point (PSAP)
O PSAP é o ponto que termina a chamada de emergência. É o "destino" final de uma chamada de emergência, o qual é o responsável por atender a chamada e providenciar o socorro e ações cabíveis.
Embora existam várias possíveis situações envolvendo as entidadescitadas, a mais típica é a seguinte:
1.O usuário usa seu celular (handset ou ainda Mobile Station) para iniciar uma chamada de emergência.
2.A MSC solicita ao MPC que informe a posição do handset.
3.O MPC escolhe o PDE apropriado e solicita que este localize geograficamente o handset.
4.O PDE localiza o celular (handset) e informa as coordenadas (longitude, latitude) ao MPC.
5 h.O MPC informa a MSC e ao sistema sobre a localização da chamada.
6.A MSC direciona a chamada, via ESNE, ao destino (normalmente um PSAP).
"Os usuários usam seus celulares para pedir socorro, recebendo pronta ajuda de um serviço voltado para salvar vidas"
Agora que você já conhece um pouquinho sobre como funciona o famoso e exemplar E-911, os encontramos na próxima edição para falarmos um pouco de um modelo "tupiniquim" que serviria para nosso E-199 e para outros LBS de cunho comercial também.
Romualdo Herique Monteiro de Barros
Diretor FlögenTrack
Empresa Focada em LBS e Rastreamento veicular
romualdo@flogentrack.com.br