A cobertura vegetal existente na parte inferior da Bacia do Rio Paraíba do Sul, no Norte e Noroeste Fluminense, aumentou 14% de 1986 a 2001, o que representa um acréscimo de 8.940 hectares ou 15 mil campos oficiais de futebol. A conclusão é de pesquisadores do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), que analisaram imagens captadas pelo satélite Landsat. Segundo eles, boa parte da recuperação se deve à ação regeneradora da própria natureza, sobretudo onde antigos canaviais foram abandonados. Mas o crescimento se restringe basicamente às florestas, uma vez que a vegetação de restinga e de mangue apresentou expressiva redução no mesmo período. Além disto, os fragmentos de mata remanescentes encontram-se, em geral, devastados em seu interior pelo corte seletivo de madeira.

Os dados estão descritos na monografia de bacharelado da graduanda Renata Ferreira, do curso de Ciências Biológicas. O estudo mostra que, em 1986, 6,8% dos 9.356 Km que compõem parte inferior da Bacia do Paraíba (em território fluminense) estavam cobertos por vegetação arbustiva/arbórea. Em 2001, esse índice subiu para 7,8%. Renata credita o aumento da cobertura florestal ao fim do Pró-Álcool e à edição de leis ambientais mais severas. Mas chama a atenção para o fato de que muitos municípios, tais como Italva, Aperibé e São João da Barra, continuam totalmente desprovidos de florestas.

Segundo as informações da Assessoria de Comunicação da Uenf, o estudo mostra a necessidade e urgência de medidas de conservação e restauração dos ecossistemas. Entre outras propostas apresentadas, está a de estabelecer unidades de conservação para os manguezais da foz do Rio Paraíba e para o complexo lagunar das restingas de Iquipari-Grussaí e a de promover a restauração das matas ciliares, por meio da produção e beneficiamento de sementes, produção de mudas e implantação de florestas. A pesquisa mostra que, mesmo com o aumento total da área florestada, alguns fragmentos isolados ainda continuaram a perder área de vegetação em função das queimadas – naturais ou provocadas – e do corte seletivo de madeira clandestino. Os fragmentos de floresta de baixada, como as matas do Funil, de Bom Jesus, do Mergulhão e do Carvão, em geral, sofreram redução de área.