Onze prisões em flagrante, feitas nas duas últimas semanas, marcaram o fim da impunidade à exploração ilegal de madeira na Amazônia.

Na fronteira do Peru com o estado do Acre, área onde se tem notícia desse tipo de exploração há pelo menos duas décadas, madeireiros peruanos foram pegos com motosserras e armas. Junto com eles, centenas de toras de árvores brasileiras, principalmente mogno, seriam enviadas a madeireiras sediadas no Peru.

Há oito anos, agentes da Polícia Federal, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Exército realizam operação conjunta de fiscalização da área, motivados por denúncias feitas por povos indígenas que habitam a região. Para flagrar os madeireiros em ação, os agentes envolvidos na operação realizaram um trabalho minucioso de planejamento e monitoramento com imagens de satélite, identificando pontos onde estariam localizados os acampamentos clandestinos dos madeireiros.

Munidos dessas informações, os agentes permaneceram três dias acampados em uma área isolada da floresta, até o momento do primeiro flagrante, ocorrido há duas semanas.

De acordo com o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Flávio Montiel, apesar de haver indícios, há mais de 20 anos, sobre a exploração ilegal de madeira por peruanos em terras brasileiras, o governo daquele país jamais reconheceu o problema ou agiu de modo a intensificar a fiscalização para impedir o contrabando.

Segundo Montiel, já existia um grupo de cooperação ambiental fronteiriça, mas não havia ação efetiva. "Com esse flagrante, será possível estabelecer uma pauta com propostas que busquem soluções efetivas", disse o diretor.

Enquanto os dois países não discutem o problema, o Ibama já anunciou a construção de um posto de fiscalização avançada na região, próximo à terra indígena dos Ashaninka. Os índios serão capacitados pelo Ibama para ajudar na fiscalização e assim impedir a ação dos madeireiros.

Informações da Agência Brasil