A utilização das geotecnologias nas atividades da Petrobras

Um dos maiores desafios da Petrobras foi o de descobrir e produzir petróleo na Amazônia, onde as primeiras pesquisas datam de 1917. Fundada em 1953, a empresa começou suas descobertas de petróleo já um ano depois, em Nova Olinda-AM e Maués-AM. No final da década de 70 foi descoberto gás natural na foz do Amazonas, campo de Pirapema, na plataforma continental do Amapá. Em terra, Província gaseífera do Rio Juruá -AM. No início dos anos 80 houve novas descobertas, desta vez no mar, na plataforma continental do Pará. Em terra, surgiram também os poços de Igarapé Cuia e Lago Tucunaré, no Estado do Amazonas, mas nenhum destes rentáveis comercialmente.

Uma das ferramentas importantes na atualização do mapeamento da região amazônica é o imageamento por satélite

O primeiro campo comercial da Amazônia foi descoberto em 1986: óleo e gás natural que pas-saram a ser extraídos da bacia do Rio Solimões, junto ao Rio Urucu, a 600 km de Manaus, no município de Coari. Começava então, um esforço gigantesco para se obter o máximo possível de garantia das informações para o planejamento das perfurações, baseada em capacitação téc-nica e profundo conhecimento do local para a otimização dos trabalhos, considerando que a região era de difícil apoio logístico. As equipes sísmicas, baseadas na interpretação geológica preliminar desenvolvida pelos geólogos e geofísicos, embrenharam-se na floresta junto com as equipes de Geodésia, para o georreferenciamento das linhas sísmicas, que nos pro-porcionariam o perfil sismográfico da área e a delimitação da bacia de interesse para a escolha dos pontos a serem perfurados.

As coordenadas dos primeiros pontos de apoio à sísmica eram determinadas por Astronomia de Posição e altitudes arbitradas, o que acarretava baixa precisão. Em, 1980, a Petrobrás iniciou sua atividade de rastreamento dos satélites do sistema NNSS – Navy Navigation Satellite System, conhecido como TRANSIT. Esse sis-tema requeria de 4 a 5 dias de rastreamento registrando de 40 a 60 passagens dos satélites. A precisão melhorou sensivelmente.

A partir de 1988 foram iniciados os primeiros testes com rastreadores de satélite do NAVIS-TAR/GPS (Sistema de Posicionamento Global em inglês), que reduziu o rastreamento para cerca de duas horas com resultados ainda mais precisos.

A descoberta do campo Rio Urucu motivou a perfuração de novos poços que levaram à descoberta de novos campos: Leste de Urucu (1987), Sudoeste do Urucu (1988), Carapanaúba e Cupiúba (1989) e extensão Igarapé Marta (1990). O conjunto desses campos passou a ser conhecido como Província Petrolífera do Rio Urucu.

A reserva avaliada justificou o início da produção que começou com 3500 barris de petróleo por dia, e levou a se optar pela implantação de uma infra-estrutura completa dentro da floresta, retirando as equipes de balsas-alojamento.

Foi então construída uma infra-estrutura operacional e logística única no mundo, que inclui um aeródromo, helipontos, portos fluviais, estradas, instalações administrativas e de telecomunica-ções, alojamentos, restaurantes, ambulatórios, almoxarifados, oficinas de manutenção, terme-létrica a gás natural, posto de abastecimento de gás veicular, estações de tratamento e reciclagem de lixo, viveiros de mudas, espaços de treinamento e de lazer. Tudo isso para dar suporte a um complexo sistema de produção, coleta e processamento de óleo e de gás natural, que inclui uma moderna unidade industrial de-nominada de Pólo Arara, formando um conjunto denominado Base de Operações Geólogo Pedro de Moura, geólogo entusiasta da Petrobrás, que muito contribuiu para a descoberta de petróleo na Amazônia. Hoje, funciona também na Base a Escola Esperança cuja função é alfabetizar e fornecer os ensinos fundamental e médio para os empregados das empresas contratadas que por ventura não tenham tido a oportunidade de estudar. Como resultado do Programa de Educação do Trabalhador, formaram-se 200 trabalhadores, sendo que destes 92 foram alfa-betizados, 60 concluíram o ensino fundamental de 1ª a 4ª séries e 58 de 5ª a 8ª séries.


Viveiro de mudas em Urucu: a preservação do meio ambiente é uma das prioridades da empresa

Novos levantamentos topográficos foram necessários, desta vez para a implantação e cadastro de toda essa infra-estrutura e seu detalhamento. A criação de um banco de dados, com informações de seu georreferenciamento e informações específicas de cada elemento, foi formado para dar suporte às várias atividades, inclusive à criação de um Sistema de Informa-ções Geográficas (GIS – sigla em inglês) para disponibilização na Intranet. Hoje, o sistema encontra-se em fase de aprimoramento para atender às diversas gerências situadas no campo e nos escritórios da Petrobrás em Manaus. Esse trabalho visa fornecer a essas gerências uma ferramenta que possibilite a visualização de toda a província integrada, com as informa-ções disponibilizadas por camadas e nível de detalhamento definido pelo usuário, conforme suas necessidades. Os mapas assim montados podem ser impressos diretamente do site.

Todos os dutos de coleta e produção, que transportam óleo ou gás, assim como seus instrumentos, foram levantados e tiveram suas tabelas revisadas pela equipe da gerência de manutenção e inspeção, para visualização no GIS. Foram levantadas também as jazidas de argila para utilização no embasamento no leito das estradas; as clareiras, para que possam ser monitoradas quanto à sua reutilização ou reflorestamento quando não mais necessárias; e criadouros para estudo e controle de insetos. Tudo na Base de Operações Geólogo Pedro de Moura está hoje georreferenciado, dependendo apenas de constante atualização uma vez que os trabalhos no campo são muito dinâmicos.

Uma das ferramentas importantes na atualização do mapeamento da região é o imageamento por satélite. Imagens de alta resolução já foram e estão sendo adquiridas com essa finalidade.

Visando o cumprimento de sua Política de Gestão "orientada para a excelência do desempenho, garantia de qualidade, conservação ambiental, prevenção de acidentes, proteção da saúde das pessoas e para a responsabilidade social" a Petrobrás criou o Programa Tecnológico de Meio Ambiente (PROAMB), onde são realizados projetos que incluem metodologias de simulação de acidentes e monitoramento am-biental nas unidades operacionais, como subsídio aos planos locais de contingência. Um banco de dados alimentado com informações enviadas via satélite, partindo de equipamentos adequados instalados na região, possibilitará o fornecimento da direção exata da mancha de óleo, em caso de vazamento. Essa mancha poderá ser monitorada com a utilização de imagens de satélite e/ou dados de aeronave de sensoriamento remoto pertencente ao Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), que tem trabalhado em parceria com a Petrobrás. Esse banco de dados possibilitará também a identi-ficação de alterações no ecossistema da região que possam ser classificadas como evidência de algum acidente ocorrido com as instalações da empresa. Dados vêm sendo coletados a cerca de 5 anos para tal.

Em situações de emergência, os empregados da Petrobrás contam também com um sistema de-senvolvido para a empresa: o Sistema Informatizado para Apoio a Plano de Ação de Emergência (InfoPAE), cuja finalidade é o gerenciamento e controle de ações durante a ocorrência de uma emergência, visando minimizar o tempo de resposta das ações, validar e aprimorar a lógica dos planos de emergências. Visa também treinar as equipes responsáveis pelas ações aproveitando seu módulo de simulação. Este sistema encontra-se em fase de implantação em toda a empresa e trabalha aliado a bases cartográficas e imagens de satélite, que auxiliam na visualização da contingência.

Mais uma tecnologia que deverá estar sendo testada em breve pela empresa é a Interferometria, que é o estudo de padrões de interferência gerados pela combinação de dois conjuntos de imagens de radar de uma mesma área partindo de diferentes pontos de vista e cuja diferença permite aos cientistas determinar a elevação da superfície. Métodos usuais de determinação de altitudes são inviáveis na Amazônia. Condições impostas como difícil acesso, minimização de danos à floresta, mata fechada impedindo pas-sagem de sinais de GPS e outros fatores levam a empresa a crer que essa nova tecnologia pode auxiliar a preparar um modelo digital de terreno valioso para a interrupção de possíveis vazamentos dos poços de produção da Província Petrolífera de Urucu. Sabendo-se para onde esse óleo poderia escorrer, as equipes de so-corro podem facilmente controlar a contingência e limpar a área minimizando os danos ao meio ambiente.

O NAVISTAR/GPS
reduziu o rastreamento para cerca de duas horas com resultados ainda mais precisos

A Unidade de Negócios da Bacia do Solimões (UN-BSOL), responsável por toda essa estru-tura na mata e seus escritórios na capital do estado, tem como razão de ser "Explorar e produzir gás natural e óleo na Amazônia, de forma competitiva e rentável, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região." Essa razão vem sendo largamente apoiada pelo esforço de seus empregados em conjunto com essas novas tecnologias de forma a torná-la uma realidade sempre.


A utilização do gás natural no processo de produção ajudou à Petrobras a obter os certificados ISO 9001, ISO 14001 e BS 8800 (norma inglesa que diz respeito à saúde e segu-rança no trabalho

Gerência de Geodesia da UN-BSOL (Unidade de Negócios da Bacia do Solimões) da área de E&P da Petrobras em Manaus – AM