Os vinte e cinco Estados membros da União Européia (UE) afirmaram ter um "compromisso irrevogável" nos próximos anos com o desenvolvimento do sistema de navegação por satélite Galileo, que vai ao espaço em 2008 e que será compatível com o americano GPS (Global Positio-ning System).
"É o primeiro grande projeto europeu deste começo de século", afirmou em entrevista coletiva o comissário europeu de Transportes, Jacques Barrot, depois de participar de seu primeiro Conselho de ministros da UE após assumir seu cargo em 22 de novembro.

Na opinião de Jacques, o sistema Galileo, que será inteiramente civil, ao contrário do uso militar do GPS, é uma "revolução tecnológica e uma grande conquista européia, que demonstrará a força da União".

O Galileo disporá de serviços de acesso livre, comerciais, regulados, codificados, de salvamento e um serviço governamental.

Além disso, Barrot considerou que o investimento total – de cerca de 3,2 bilhões de euros – que será realizado é "relativa-mente modesto" se forem consideradas as conseqüências que terá para a competitividade da UE, sua contribuição ao Produto Interno Bruto ou os postos de trabalho que gerará.

Segundo os cálculos da Comissão, só na Europa serão criados 150.000 postos de trabalho "altamente qualificados" e a receita direta que gerará deve superar os 9 bilhões de euros.

O mercado mundial dos produtos e serviços relacionados com a radionavegação por satélite duplicou seu valor entre os anos 2002 e 2003, passando de 10 a 20 bilhões de euros e se aproximará dos 300 bilhões em 2020, quando haverá 3 bilhões de receptores em funcionamento.

"Além disso, é preciso ter em conta a utilidade dos 30 satélites que serão colocados em órbita e que permitirão uma vida européia mais segura, com serviços eficazes em matéria de proteção civil, prevenção de inundações ou informação para a locomoção de equipes de socorro em casos de catástrofes", explicou Barrot.

Barrot fez duas afirmações importantes para o futuro do Galileo. Ele lembrou do acordo conquistado pelos europeus para tornar compatível seu sistema com o americano GPS, assim como a elevada participação do setor privado. O comissário também destacou a participação de outros países neste projeto, já confirmada a de Israel e China; em negociações com Brasil, México, Rússia, Índia e a ponto de se iniciar com Marrocos.

UE vai explicar aos brasileiros o valor do Galileo.

Os europeus tentam acelerar os avanços do processo de implementação do sistema Galileu nos países da América Latina (AL). Embora confirmada a participação do Brasil no projeto, a negociação ainda não foi concluída.

Segundo a Agência Espacial Européia, o projeto Galileo interessaria muito ao Brasil para a gestão de recursos naturais e catástrofes naturais.

"Precisamos de pelo menos quatro estações de controle em toda a AL e o Brasil é um dos países que têm potencial tecnológico no setor espacial e as características necessárias para desenvolvê-las", explicam os europeus.

A Empresa Comum Galileo lançou em dezembro passado uma licitação internacional para a abertura de um centro em um país latino-americano que se encarregaria de explicar a navegação por satélite e o projeto Galileo, suas diferenças em relação ao GPS americano, os tipos de aplicação e favorecer a cooperação de empresas latino-americanas com as européias.

"No Brasil e Argentina, dezenas de empresas que já utilizam o GPS americano e cerca de 100 companhias de cada um dos países da AL estão interessadas em usar o Galileo e suas aplicação específicas", garantem. A idéia da UE é acelerar todo o processo posterior à negociação.

Bruxelas vai subsidiar o centro na América Latina com 100 mil euros iniciais e outros 400 mil euros para o financiamento de demonstrações do funcionamento de Galileu no local. Essas exemplificações serviriam aos setores de seguranças ferroviária e marítima, aviação e civil. Também contribuiriam para a medição do nível a água dos rios e do mar, para o controle das mudanças climáticas, censo e agricultura de precisão.