Dentre os principais desafios da educação pública superior do País, destacam-se a necessidade de aumento no número de pós-graduações em Engenharia e a redução das desigualdades regionais. O diagnóstico foi apresentado pelos participantes do seminário "Expansão do Ensino Superior Público", realizado pela Comissão de Educação e Cultura esta semana em Brasília.

A deputada Neyde Aparecida (PT-GO), presidente da comissão, disse que o seminário foi uma contribuição dos deputados para alcançar a determinação do Plano Nacional de Educação de que, até 2008, pelo menos 30% dos jovens de 18 a 24 anos estejam matriculados no ensino superior. O requerimento para realização do seminário foi apresentado pelo deputado Carlos Abicalil (PT-MT).

Expansão do ensino

De acordo com o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Nelson Maculan Filho, nos últimos três anos o País ganhou 14 universidades públicas, num total de 49 campi. Maculan lembrou que todas as novas instituições localizam-se em cidades do interior. "Quando chegamos ao MEC, não havia nenhuma demanda de prefeitos por universidades. Essa mentalidade mudou nos últimos anos", disse.

O representante do MEC afirmou que, de 2002 até o ano passado, o governo federal investiu R$ 186 milhões no ensino público superior, e a previsão de recursos a serem empregados até 2007 é de R$ 592 milhões. Esses valores, segundo ele, não incluem o pagamento de pessoal. Em 2004, segundo Maculan, foram oferecidas 124 mil vagas nas universidades públicas. Para 2006, a previsão é de 141,3 mil e em 2007 deve-se chegar a 154 mil.. A meta de expansão para o período de 2005 a 2010 é de 125 mil novas vagas, conforme o secretário.

Investimentos

Para o presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Almeida Guimarães, o País precisa aumentar o número de mestres e doutores em Engenharia – disciplina que representa a maior demanda do mercado. De acordo com Guimarães, apenas a Petrobras necessita de 60 mil novos profissionais pós-graduados na área até 2010. "Os pós-graduandos hoje são suficientes apenas para substituir as aposentadorias", afirmou.

O representante da Capes lembrou que o Brasil forma anualmente cerca de 10 mil doutores. Desses, apenas 13% são de Engenharia e Ciências da Computação. Nos países que competem com o Brasil, tais como Coréia do Sul, China e Índia, esse índice chega a 70%. No mestrado, as engenharias também respondem por somente 11,6% do total de aproximadamente 30 mil alunos.

Pós-graduação

De 1996 a 2003, a demanda por cursos de mestrado aumentou 11,5%, enquanto no doutorado o aumento da procura foi de 11,9%. No mesmo período, o número de alunos que alcançaram o título de mestre subiu 14,8% e de doutorado, 15,3%. O número de docentes com doutorado, no entanto, não cresceu na mesma proporção, como mostrou Guimarães – o índice foi de apenas 4,6%. "Isso mostra claramente que a pós-graduação não serve mais apenas para a academia", defendeu.

A meta da Capes é elevar o número de doutores formados anualmente para 16 mil em 2010. Para alcançar esse objetivo, conforme disse Guimarães, serão necessários recursos da ordem de R$ 1,6 bilhão nos próximos quatro anos. "Isso é perfeitamente possível, porque o dinheiro não virá apenas da Capes", afirmou. De acordo com ele, a Caixa Econômica Federal já anunciou um programa de financiamento da pós-graduação. Além disso, os recursos poderão vir de agências de fomento estaduais e da cooperação com instituições privadas e do exterior.

Fonte: Agência Câmara