Os avanços da tecnologia podem agir a favor ou contra sua empresa. Depende apenas de você.

No mercado da geoinformação a evolução tecnológica sempre surge, para a maior parte dos fornecedores, como uma ameaça à sua existência ou à sua forma de trabalho.

Ao contrário, a mesma evolução é considerada pela maioria dos usuários como oportunidade para obter produtos mais rápidos, confiáveis e de menor custo, não necessariamente nesta ordem.

Costumo dizer que os dois pontos de vista são falsos e verdadeiros ao mesmo tempo. São os consumidores – como prefiro chamar aqui os usuários – e não os fornecedores os grandes responsáveis pela evolução tecnológica do mercado.

É a imposição dos consumidores sobre os fornecedores que os obrigam a fazerem altos investimentos em novos equipamentos e aprimoramentos para que possam acompanhar a tão propalada evolução tecnológica.

Existem pensamentos muito distintos no mercado. Há determinados consumidores que, no afã de alcançar maiores lucros em seus negócios, optam pela política de adquirir o produto sempre com o menor preço e se esquecem que essa determinação “quase cega”, inevitavelmente, leva ao sucateamento do setor e à conseqüente perda de qualidade.

Por outro lado, determinados tipos de consumidores, mais exigentes, preferem produtos melhores, com mais qualidade, prazo, e estão dispostos a pagar preços justos, nem sempre maiores, por um serviço melhor. Ao final tem-se como resultado um produto muito mais adequado às suas necessidades.

Também não é raro que um mesmo consumidor às vezes opte por uma ou por outra forma de adquirir seus produtos. A conclusão é que cada vez mais se torna necessária a presença de bons profissionais técnicos acompanhando os processos de compra, e esses devem ponderar critérios técnicos e de preços.

Aquelas famosas expressões: “todo consumidor tem o fornecedor que merece, e vale a recíproca” e “o barato sai caro” são mais que apropriadas no nosso mercado.

Do outro lado da balança estão os fornecedores que se adaptam às regras impostas pelos consumidores. Assim, existem fornecedores que procuram atender prioritariamente as necessidades financeiras de seus clientes e aqueles que procuram atender os preceitos da boa técnica com prazos e preços compatíveis.

Embora todos os fornecedores se “apresentem” como o último tipo, o mercado é dividido, tendo como extremos esses dois exemplos.

Numa das extremidades da cadeia de fornecedores estão as empresas que investem em técnica (corpo executivo da empresa) e em tecnologia (equipamentos). É o tipo de empresa que não se preocupa exclusivamente com o lucro em curto prazo. Sua visão vai além do faturamento a qualquer custo e a sua opção em se manter atualizada contribui muito com a evolução do setor, pois acaba estimulando seus concorrentes a fazerem o mesmo.

O maior desafio para esse tipo de empresa é manter sua atualização: os constantes investimentos no aprimoramento e manutenção do seu corpo técnico, o uso de novos e atuais equipamentos, a eterna busca do melhor atendimento e o trio qualidade-prazo-preço.

Aerolevantamentos
Vários exemplos podem ser citados, mas falaremos especificamente da área de aerolevantamentos, onde grandes evoluções tecnológicas também estão acontecendo.

Podemos citar o grande aprimoramento ocorrido nos sensores aerotransportados, sejam sensores a LASER aerotransportados ou câmaras aéreas digitais.

O sensor a LASER Aerotransportado (ALS – Airborne LASER Scanning), ou perfilamento a LASER sofreu uma evolução muito grande nos últimos anos. Hoje já são cerca de 150 sensores em operação no mundo.

A freqüência de varredura já chegou – e quem sabe quando você estiver lendo este artigo já tenha ultrapassado – aos 150 kHz contra os sensores de 25 ou 50 kHz em uso. 150 kHz significa a possibilidade de medição de 150 mil pontos no terreno num intervalo de tempo de um segundo.

Independente da freqüência, a precisão altimétrica é a mesma. Essa maior freqüência associada a uma melhor precisão planimétrica, permite não só obter uma massa altamente densa de dados altimétricos do terreno, mas também obter informações planimétricas a partir de processos automáticos e semi-automáticos de vetorização.

Em alguns serviços específicos da área de engenharia, o mapeamento vem sendo feito baseado somente em dados LASER.


Carta hipsométrica gerada a partir de dados LASER 150 khz

Os sensores da última geração, como o ALS50 da LEICA, permitem que se voe numa altura de até 6 mil metros contra o limite de 3,5 mil metros da geração anterior. Pode se prever, com esses novos limites de operação e flexibilidades de uso, que a opção LASER, muito mais otimizada agora, seja também uma alternativa competitiva em relação às poucas opções do RADAR aerotransportado.


Sensor LASER aerotransportado ALS 50 fase II

Os sensores ou câmaras aéreas digitais estão hoje num nível tecnológico que não é mais o futuro, e sim o presente. Recobrimentos aéreos com resolução multiespectral (bandas RGB, pancromática e infravermelha) muito melhores que as atuais imagens de satélite ditas de altíssima resolução; produtos ligeiramente mais rápidos; sem a necessidade de filme aéreo, laboratório fotográfico e escaneamento; entre tantas outras, são as vantagens desses sensores. Já existem quase 100 câmaras aéreas digitais em operação no mundo.


Sensor digital aerotransportado LEICA

Existe um programa no Ministério de Agricultura americano, chamado NAIP, para o imageamento de vários estados americanos, no qual a opção foi mapear com a câmara aérea digital ADS40 da LEICA.

Esse sensor pode obter imagens com pixel de cinco centímetros até um metro de resolução geométrica. Para o imageamento dos estados americanos o tamanho do pixel escolhido foi de um metro.

Ou seja, lá na terra das imagens de satélite a opção foi mapear com a câmara digital, e ainda com um pixel maior do que o das imagens de satélite de altíssima resolução disponíveis.

Isto é uma prova que o nível de evolução tecnológica desses sensores é muito superior ao dos sensores que coletam as imagens orbitais. E comprova que usar imagens de satélite não significa estar “usando tecnologia de ponta”, contraditoriamente ao que se ouve de alguns no mercado.


Câmera aérea ZEISS RMK-TOP

Hoje, no Brasil – maior extensão territorial da América Latina – perto de cinco empresas operam sensores aéreos produzidos na última década, as demais trabalham com sensores fabricados a partir dos anos 50.

Só recentemente é que foram incorporados às câmaras aéreas recursos, indispensáveis hoje, como: eletrônica embarcada, Foward Motion Compensation (FMC), Angular Motion Compensation (AMC), oito marcas fiduciais, suspensão giroestabilizada, etc..

Sensores ou câmaras antigas podem até ter conjuntos óticos-mecânicos excelentes, mas são câmaras com tecnologia ultrapassada e recursos muito limitados.

Empresas que não optarem por sérios investimentos na atualização técnica e tecnológica poderão ter suas mortes anunciadas ou, na melhor das hipóteses, serem obrigadas a atuar na outra extremidade da cadeia de fornecedores com grande defasagem tecnológica. Existem vários exemplos característicos no mercado.

Valther Xavier Aguiar
Engenheiro cartógrafo e diretor técnico da Esteio Engenharia e Aerolevantamentos S.A.
valther@esteio.com.br