O Centro de Controle de Operações da Compsis Computadores e Sistemas, sediado em São José dos Campos, pode ser comparado a uma torre de controle de tráfego aéreo. Dali a empresa monitora cinco mil veículos de mais de 20 empresas. Entre elas, as frotas da Ambev e da G-log, da Granero.

O engenheiro Ailton de Assis Queiroga, graduado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), fundou a Compsis, em 1989, para integrar e desenvolver sistemas de bordo de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), com o sócio Helio Ikedo.

Com oito anos de experiência na Embraer, mestrado em engenharia eletrônica na Holanda e tendo sido engenheiro do sistema aviônico do caça AMX na Itália, Queiroga associou-se a Ikedo para fornecer às Forças Armadas.

Porém, os projetos para a aviação voltaram-se para os veículos terrestres e os principais clientes da empresa hoje são empresas privadas. O sistema de monitoramento da Compsis, além de rastrear veículos, também faz a gestão da frota.

Os principais produtos da Compsis são sensores de pistas para praças de pedágio. Os sensores detectam quantos eixos por veículo passam pela pista e permitem a gestão eletrônica dos pedágios e sua automação.

Incorporados a um sistema de transporte inteligente que inclui dados de análise de tráfego, controle de painéis de mensagens, circuitos fechados de TV e que se comunica com estações meteorológicas, os sensores constituem o carro-chefe da Compsis, e são usados em estradas de seis Estados brasileiros e de dois outros países: a Airport Motorway, na Austrália; e a Delhi Noida, na Índia.

Sistema SMV

A Compsis reuniu todo o conhecimento desenvolvido para aplicação em navegação aérea e o trouxe para a navegação terrestre sob a sigla SMV – Sistema de Monitoramento Veicular. Para o sistema virar realidade, a empresa precisava desenvolver também a rede de transmissão e um dispositivo embarcado no veículo.

A rede de transmissão sem fio via microondas ou celular já estava disponível. A peça que faltava era a integração do "Sistema de Monitoração de Rotas de Veículos". Batizada de caixa-preta, em referência ao dispositivo embarcado nos aviões e que registra todas as informações de uma aeronave, a peça é um computador de bordo um pouco maior que um maço de cigarros.

Ele contém uma entrada para dados digitais e analógicos dos veículos, uma placa com software próprio que reconhece e processa os dados, chamado firmware, uma placa modem de comunicação, uma antena de transmissão via GSM celular e outra de recepção GPS.

De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o Brasil contabiliza prejuízos de R$ 500 milhões por ano em roubo de cargas. Por isso, o mercado de rastreadores de caminhões monitorados via satélite está saturado por um sem-número de empresas. Faz parte das exigências das seguradoras de cargas que as transportadoras contratem rastreadores.

O SMV funciona da seguinte maneira: mapas digitalizados com softwares de georreferenciamento recebem os dados dos veículos via ondas de rádio UHF ou via GPRS, banda de transmissão de dados da operadora TIM de telefonia celular. Os dados enviados contêm informações sobre o posicionamento do veículo devido a uma antena de recepção GPS.

O sistema de posicionamento global permite saber as coordenadas de latitude e longitude do veículo. Em anexo segue um conjunto de informações sobre o desempenho mecânico. O equipamento de bordo pode registrar 40 mil posições ou pontos de paradas.

Pode também ser programado por meio de notebook ou via celular para registrar outros parâmetros além da velocidade e número de aberturas de porta. O software permite a reprogramação de rotas, alarmes e a criptografia de dados.