A implantação de um sistema GIS sempre passou pela escolha de uma plataforma de software. Aí incluem-se o middleware GIS, o software cliente para edição dos dados e, mais recentemente, uma plataforma web para distribuição dos dados (normalmente dentro da intranet).

O processo de seleção da “plataforma GIS” é longo e envolve diferentes departamentos da empresa. Cada fornecedor ou fabricante de solução é convidado a fazer a apresentação de sua solução. Em alguns casos, projetos-piloto são desenvolvidos em cada uma das plataformas para tentar garantir que a escolha feita seja a correta, que seja selecionada a melhor plataforma.

Mas qual é a melhor plataforma? Depende da sua necessidade. Assim, esses processos de seleção de plataformas GIS também envolvem várias discussões internas e disputas de poder, porque cada departamento tem necessidades diferentes e não existe nenhuma plataforma GIS que seja a melhor para todos os requisitos.

Normalmente, a plataforma selecionada é aquela preferida por uma pessoa ou grupo com maior poder de influência. E muita tensão interna é gerada nas empresas por conta do projeto de GIS.

Analisando este processo de uma perspectiva externa, vemos que a alternativa ideal é cada departamento escolher sua plataforma de acordo com suas necessidades. E todas estas plataformas deveriam comunicar-se entre si, compartilhando as mesmas informações.

Naturalmente, esta alternativa foi sendo vislumbrada e daí surgiram iniciativas como o Open Geospatial Consortium (OGC) que trabalha no desenvolvimento de padrões de interoperabilidade geoespacial. Mas de nada servem os padrões se não forem aplicados na vida real.

A Autodesk, que é membro do OGC, há alguns anos já vem evoluindo suas soluções geoespaciais com o foco em interoperabilidade. Nos projetos de implantação de sistemas de informações geográficas, a maior parte do investimento é aplicada na aquisição dos dados geoespaciais. Então, não deveríamos tirar o máximo proveito desse investimento?

Para isso, as aplicações que editam e visualizam essas informações devem ser capazes de acessá-la. Mas como está armazenada essa informação? Em qual formato? Neste ponto entram os padrões do OGC. Se a informação estiver armazenada em um formato aberto, ou seja, um formato público, qualquer aplicação cliente poderá acessá-la. E aí teremos o cenário no qual diferentes aplicações estão se comunicando através de dados geoespaciais armazenados em formatos abertos.

Em 2001, o Autodesk Map 5, a solução da Autodesk para edição e análise de dados geoespaciais, já suportava o Oracle Spatial que armazena os dados espaciais de forma aberta, de acordo com as especificações do OGC. De lá para cá, as soluções da Autodesk têm cada vez mais se orientado na direção da interoperabilidade. Mas não apenas no sentido de ler e escrever dados armazenados em formatos que atendem o padrão definido pelo OGC, porque a maior parte dos dados existentes ainda está em formatos que não atendem estes padrões.

A Autodesk quer promover a interoperabilidade até mesmo com dados fora do padrão OGC. Sendo assim, a última versão do Autodesk Map 3D, a versão 2007, lançada em abril deste ano, é capaz de ler e escrever nativamente dados no formato ESRI ArcSDE® e ESRI ShapeFile (SHP), além do Oracle® Locator ou Spatial. Esses mesmos formatos também podem ser acessados diretamente pelo Autodesk MapGuide Enterprise 2007, lançado em junho, que permite distribuir e analisar dados pela web.

Mais recentemente, o desenvolvimento de Web Services para distribuição de informação geoespacial tem se tornado realidade. As soluções da Autodesk também são capazes de consumir dados disponibilizados através de serviços que seguem os padrões WFS (Web Feature Service) e WMS (Web Map Service) definidos pelo OGC.

Ambas as soluções da Autodesk, o Map 3D 2007 e o MapGuide Enterprise 2007, utilizam uma interface comum para acesso nativo a dados em diferentes formatos. Esta interface é chamada de Feature Data Objects (FDO). Além dos formatos já listados acima, o FDO também permite armazenar dados espaciais no banco de dados Microsoft SQL Server e MySQL, sem o custo de um software middleware GIS.

O FDO é uma aplicação aberta e sua API está disponível para download no site da Autodesk. A Autodesk acredita que o caminho das diferentes aplicações geoespaciais deve convergir para a interoperabilidade e há pelo menos 5 anos vem trabalhando nesta direção.

Um ambiente heterogêneo de soluções geoespaciais é uma realidade nas empresas e existe uma boa razão para isto. Fabricantes diferentes têm pontos fortes diferentes e capacidades que são determinadas pela história da empresa, os mercados que ela atende e as demandas de seus usuários.

Por outro lado, a história das organizações de nossos clientes também é importante porque muitas empresas já fizeram grandes investimentos nos sistemas que estão usando hoje. Através da interoperabilidade entre aplicações geoespaciais as empresas poderão escolher a “ferramenta” certa para cada tipo de trabalho, eliminando transferências de dados complicadas e múltiplas cópias do mesmo dado pela empresa. .

Cristina Randazzo
Engenheira de aplicações da Autodesk
cristina.randazzo@autodesk.com 

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