Algumas regiões do planeta estão tendo sua cartografia modificada nestes primeiros anos do século 21. Aumento do nível dos mares, diminuição do volume de geleiras e afundamento do leito de rios alteram, aos poucos, os mapas dessas áreas. Cientistas apontam que a principal causa é o aquecimento global, conseqüência da ação humana sobre o meio-ambiente.

Confira algumas mudanças atribuídas ao aumento da temperatura da Terra:

Ilha habitada desaparece na Índia

Uma pequena ilha desapareceu da superfície do planeta devido ao aumento do nível do mar. A submersão da ilha de Lohachara, localizada na região onde os rios Ganges e Brahmaputra, Índia, é a confirmação de previsões sobre o agravamento do efeito estufa.

Segundo especialistas, à medida que os mares se elevam, países com vastas planícies costeiras, como o Egito ou Bangladesh, podem perder boa parte de suas terras.

O desaparecimento gradual de Lohachara, porém, não tem precedentes. No passado, o local abrigava 10 mil pessoas. O desaparecimento total da ilha foi confirmado por cientistas da Universidade Jadavpur, de Calcutá.

Os pesquisadores constataram a submersão por imagens de satélites. Uma ilha vizinha, Suparibhanga, também desapareceu, assim como dois terços de outra ilha povoada, Ghoramara. Há ainda outras dez ilhas em processo de submersão na parte indiana do delta.

Iceberg se desprende no Ártico

Um gigantesco iceberg, com 66 quilômetros quadrados de área, se desprendeu do litoral da ilha Ellesmere, no Ártico canadense.

Cientistas da Universidade de Ottawa afirmaram que o desprendimento da massa de gelo, com 15 quilômetros de comprimento e 5 de largura, aconteceu de forma rápida, e pode ameaçar a navegação quando começar a se deslocar, em meados do próximo ano.

O desprendimento aconteceu há 16 meses, mas só foi detectado agora, após a análise de imagens de satélites. A separação da camada de gelo é a maior ocorrida no Ártico canadense nos últimos 30 anos.

O colapso da gigantesca massa de gelo, que tem entre 30 e 40 metros de espessura, também foi registrado por sismógrafos situados a centenas de quilômetros da ilha Ellesmere.

O professor Warwick Vincent, da Univerisdade Laval, declarou a meios de comunicação locais que "este incidente está relacionado à mudança climática global".

Após desprender-se da geleira Ayles, o iceberg navegou cerca de 50 quilômetros, até ter suas águas congeladas pelo inverno ártico. O iceberg continuará à deriva nos primeiros meses de 2007.

->Iceberg à deriva no Canadá (Imagem: SOCC)

Foz do Amazonas afunda

Um grupo de pesquisadores financiados pela Petrobras vai pesquisar o afundamento da foz do Amazonas. Neste ano, o grupo do projeto Piatam Mar tentará medir o fenômeno pela primeira vez. O provável é que a taxa de afundamento seja de alguns milímetros por ano.

A área em questão mede 330 quilômetros, desde o cabo Norte (Amapá) até a ponta da Tijoca (Pará). No meio do caminho está a ilha de Marajó, com seus 40 mil quilômetros quadrados.

Mas, pelo menos nesse caso, ainda não é possível saber se essa elevação do mar está relacionada com o aumento médio da temperatura global –o que não está totalmente descartado.

O que deve estar ocorrendo na foz do Amazonas, é que a saída desse corpo d’água está ficando cada vez mais entulhada. Com a elevação, o sedimento trazido dos Andes pelo Amazonas vai se depositando em maior quantidade logo depois da foz e acaba chegando em menor quantidade ao oceano aberto.

Para tentar mapear toda essa movimentação amazônica, os pesquisadores montaram uma verdadeira força-tarefa. Estão envolvidos no projeto cientistas do Pará, do Amapá e do Maranhão. Serão usados quatro marégrafos, três receptores GPS e 20 refletores, que vão ajudar nas análises por satélite.

Esses equipamentos de reflexão serão instalados em vários pontos, explica o pesquisador, inclusive no alto dos prédios de Belém e de Macapá. O custo de projeto é de R$ 7 milhões. Serão feitas duas excursões científicas em 2007. Também serão coletados dados biológicos.

->Foz do Amazonas (Imagem: NASA)