A edição de 2007 do GEOBrasil Summit bateu todos os recordes de visitação e negócios em relação às edições anteriores. Durante os três dias de evento, entre 17 e 19 de julho, o Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, recebeu 3,5 mil pessoas, que assistiram a palestras, participaram de workshops e visitaram estandes das principais empresas de geotecnologia do Brasil. Ao todo, 50 expositores marcaram presença na feira, entre Alezi Teodolini, Autodesk, CTGEO, Digibase, Engemap, Engesat, Esteio, Furtado & Schmidt, Geoambiente, Geotec, Gisplan, Imagem, Inpe, Manfra, Maptek, Novaterra, Orbisat, Petrobras, Santiago & Cintra, Spot Image, Teodonível, Threetek e Wild.

O evento marcou a primeira investida conjunta da Alcantara Machado e da inglesa Reed Exhibitions – maior conglomerado de feiras de negócios do mundo – na organização do GEOBrasil Summit.

O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, foi um dos palestrantes que iniciaram o evento. Comentou bastante sobre as mudanças climáticas, aquecimento global e suas conseqüências. “O Brasil se vangloriava de não ter furacões, mas depois do Catarina, que ocorreu no ano passado, está provado que o país terá outros furacões”, disse. Apresentou dados sobre o controle do desflorestamento e como grandes áreas ainda são desmatadas, mesmo com o monitoramento feito pelo Inpe. Câmara finalizou a palestra com o anúncio dos próximos passos do Inpe, como as novas versões do satélite Cbers e o satélite 100% nacional, o SSR-1.

A Embrapa Monitoramento por Satélite, por meio de Evaristo Eduardo de Miranda, apontou o grande potencial de crescimento do agronegócio e do setor de agroenergia. Segundo ele, existem investidores nacionais e internacionais interessados em investir na área de etanol, mas que perdem oportunidades por não existir mapas atualizados das áreas rurais.

Técnicos da Wild, Manfra e Alezi Teodolini mostraram como os trabalhos de campo se modernizaram nos últimos anos e como surgiram novas áreas de atuação para topógrafos, agrimensores e cartógrafos. Em outro momento, a Embratop e a Santiago & Cintra detalharam o uso de GPS RTK e laser scanning em campo. Este último evidenciou o poder do uso da imagem para levantamentos topográficos em diversas áreas, como mineração, petro-química, arquitetura, arqueologia, estradas, construção civil, entre outras.

Um tema bastante discutido foi a utilização de sensores aerotransportados, principalmente com a apresentação de William Sharp, da Fugro/EarthData, sobre as inovações em sensores de radar interferométricos, e também por Willian Kim, da Wild, que comentou que há uma nova demanda de mercado brasileiro por aplicações de laser aerotransportados de alta freqüência.

Os setores de localização e rastreamento também foram destaque. Sobre LBS e mapas na internet, falaram Frederico Hohagen, da Maplink, Helder Azevedo, da Navteq, e Rafael Siqueira, do Webraska/Apontador. No campo de rastreamento, a discussão girou em torno das soluções e paradigmas relacionados ao uso de AVL, para veículos de passageiros, cargas e logística.

Abertura oficial do GEOBrasil Summit 2007 com representantes da Alcantara Machado, Reed Exhibitions, MundoGEO, Inpe, Gita, Petrobras, Caixa Econômica Federal e Esri
-> Abertura oficial do GEOBrasil Summit 2007 com representantes da Alcantara Machado, Reed Exhibitions, MundoGEO, Inpe, Gita, Petrobras, Caixa Econômica Federal e Esri


Participação internacional

Este ano, grandes nomes internacionais do setor de geoinformação estiveram presentes no evento. Entre eles o presidente da Esri, Jack Dangermond, que abriu o congresso destacando a importância do GIS no desenvolvimento social e econômico do mundo. Dangermond afirmou que o futuro do setor passa pela integração dos usuários de GIS e de web, servidores, redes de sensores, conteúdo, tudo isso baseado em Arquitetura Orientada a Serviços (SOA, na sigla em inglês). Também comentou sobre Web 2.0 e de que maneira as ferramentas como Google Earth e Microsoft Virtual Earth podem ser úteis em alguns sistemas de interpretação.

Bill Shepperd, representante da Global Spatial Data Infrastructure (GSDI), liderou o debate sobre Infra-estrutura de Dados Espaciais, assunto que aos poucos passa a ser discutido no Brasil. Shepperd apresentou exemplos do que está sendo feito nesta área no restante do mundo e quais os resultados do trabalho da instituição. O debate também contou com a presença de Adriana Crem, da Companhia Vale do Rio Doce, que mostrou como o acervo da empresa está sendo padronizado por meio da tradução da norma internacional. Leia mais sobre as iniciativas brasileiras na coluna Brasil SDI, de Silvana Camboim.

O evento também contou com a presença de Brian Weiss, da Pitney Bowes/MapInfo, que apresentou cases de sucesso que usam a tecnologia da empresa para adotar ações de governo eletrônico ao redor do mundo. No assunto GIS corporativo nas prefeituras, o destaque ficou por conta da participação de técnicos da prefeitura de Madrid. Quem também falou para os visitantes foi o diretor de tecnologia com foco em soluções geoespaciais da Autodesk, Geoff Zeiss.

Palestra especial de abertura
-> Palestra especial de abertura

Acidente da TAM

O trágico acidente com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas, que vitimou 199 pessoas, não foi esquecido pelos organizadores e participantes do GEOBrasil Summit 2007. No dia seguinte ao ocorrido, foi respeitado um minuto de silêncio às vítimas antes das palestras especiais. O acidente resultou no cancelamento de muitos vôos e interferiu na continuidade do evento, já que impediu a ida de participantes e visitantes a partir do segundo dia.

Nova fase

José Danghesi, diretor do evento, disse que a edição do ano que vem apresentará surpresas para os visitantes. “Teremos uma integração completa das soluções de geoinformação e traremos mais nichos que estão ligados a este universo”, garantiu Danghesi. Para o coordenador do evento, Emerson Granemann, essa integração passa pela necessidade em aproximar o evento da comunidade acadêmica e pela presença de visitantes e expositores de outros países da América Latina. O presidente da Alcantara Machado, José Rafael Guagliardi, destacou o avanço obtido desde a primeira edição, realizada em 1999. Para ele, o evento “tem sido um palco de debates sobre essas tecnologias, que foram disseminadas de maneira rápida em vários setores da nossa indústria”.

Vislumbrando um avanço mais significativo, a idéia dos organizadores do evento, agora com participação direta da Reed Exhibitions, é tornar o GEOBrasil Summit em um ponto de encontro de empresas e profissionais de geotecnologias de toda América Latina. Por essa razão, o nome do evento será alterado para GEO Summit Latin America. Inclusive, já tem data marcada: 15 a 17 de julho de 2008.

A equipe da revista InfoGEO entrevistou Geoff Zeiss, diretor de tecnologia da Autodesk. Confira um trecho da entrevista:

InfoGEO: Qual é a novidade das ferramentas de dados geoespaciais da Autodesk?
Geoff Zeiss: Eu diria que a coisa mais importante que está acontecendo na área geoespacial, não apenas nessa área, é o que chamamos de convergência. Estamos falando de convergir arquitetura, engenharia, dados geoespaciais e visualização em 3D, incluindo ambiente de jogos.

IGEO: A parceria da Autodesk com a Oracle é uma forma de tornar a convergência mais ágil e eficiente?
GZ: As aplicações de GIS têm suporte para Oracle Spatial e é possível compartilhar informação espacial entre ferramentas da Esri, Autodesk, MapInfo, Intergraph. Por isso acredito que a relação da Autodesk com a Oracle é fundamental para melhorar o tráfego de informação.

IGEO: A Web 2.0 pode ser uma tecnologia fundamental para auxiliar no tráfego de informações?
GZ: A tecnologia da Web 2.0 dá suporte para o pessoal em campo, atualizando a base de dados central. E se houver cobertura de rede sem fio – que está ficando cada vez melhor – significa que o pessoal em campo pode utilizar a tecnologia para atualizar diretamente a base de dados central. Isso realmente ajuda a resolver o problema.

Galileo – Centro de información pra a América Latina

Ao final do primeiro dia, foi realizado um workshop sobre o Galileo, organizado pelos Consórcios Latino e Celeste, para apresentar os projetos e resultados do primeiro ano de trabalho e o que deverá ser feito no próximo ano. Representantes do projeto Latino, José Marques, do Crectealc (Centro Regional de Educação em Ciências e Tecnologias Espaciais para América Latina e Caribe), e Eduardo Freitas Oliveira, da editora MundoGEO, exibiram como funciona o Centro de Informações Galileo para a América Latina, cuja principal ferramenta de divulgação é o site www.galileoic.org/la. O projeto Celeste foi representado por Fernando Augusto Salla e Eno Siewerdt, da Atech Tecnologias Críticas, que apresentaram os planos de demonstrações sobre o funcionamento do Galileo na região. Um dos assuntos tratados foi o caos aéreo e como esse pode ser solucionado com o auxílio dos sistemas globais de navegação por satélite.

Por Gustavo Ribeiro de Francisco
Com informações de Ágatha Branco e Eduardo Freitas Oliveira