Interoperabilidade é a capacidade dos sistemas computacionais em compartilhar informações e aplicações. Ao contrário do que se possa esperar, ela não é uma conseqüência natural do uso de sistemas digitais, nem tampouco da adoção de formatos padronizados. A interoperabilidade depende de uma complexa combinação de padrões com uma arquitetura de comunicação que crie caminhos necessários para a efetiva colaboração e compartilhamento de informações. Este artigo descreve uma arquitetura para os sistemas de informação que favorece a interoperabilidade, criando uma infraestrutura flexível para sistemas GIS.

A arquitetura MVCS

A arquitetura proposta, apresentada na Figura, é estruturada em quatro camadas: modelo, visão, controle e serviços. Esta estrutura é uma extensão da arquitetura MVC, já bastante comum em outros sistemas computacionais e que aqui recebe uma camada adicional de serviços. Cada camada possui um conjunto de responsabilidades para com o sistema e se integra às demais de modo a não ferir as responsabilidades da outra camada. Esta estrutura produz sistemas flexíveis e de fácil manutenção, porque cada componente sabe o que deve fazer e o que pode esperar dos demais. Padrões específicos são aplicados, individualmente, no interior de cada camada e nas comunicações entre elas.

Arquitetura proposta para um sistema GIS, visando a interoperabilidade
->Arquitetura proposta para um sistema GIS, visando a interoperabilidade

Camada de Serviços

Na camada de serviços encontramos a base das informações geográficas padronizadas por meio dos web services, como propõe o OGC. Várias ferramentas do mercado já implementam este nível de padronização, o que já garante um bom nível de interoperabilidade. Novos serviços podem ser criados para dar a especificidade que os sistemas GIS exigem. O formado XML usado nos web services facilita a integração dos dados dos serviços com as demais camadas.

Camada de Modelo

Nesta camada encontram-se os modelos de informação, a ontologia, que descreve o problema a ser resolvido pelo sistema. Pode-se usar de estruturas padronizadas de dados ou até mesmo adotar uma estrutura de metadados para implementá-la. Orgãos governamentais ou outras entidades oficiais poderiam contribuir muito com a interoperabilidade se incentivassem a padronização das bases de dados e dos serviços.

Camada de Apresentação

Na camada de apresentação se encontram as diferentes tecnologias de interface com os usuários finais. Nesta camada dominam os padrões Web e Windows. Favorece a interoperabilidade se caminharmos para o padrão web, com uso extensivo de navegadores internet como meio de interação humana com as aplicações. Padrões como XSLT, SVG, CGM e outros, na montagem de portais de informação GIS, contribuem com a interoperabildade das aplicações.

Camada de Controle

Nesta camada encontram-se as regras de negócio, e nela realiza-se a integração das demais camadas. Aqui poucos padrões podem ser usados, uma vez que nela reside o diferencial de um sistema GIS dos demais. O controle é responsável por transferir os dados do modelo, manipulados pela camada de serviços para a apresentação ao usuário final, e assim traduzir requisições de serviço às solicitações dos usuários feitas na camada de apresentação.

Conclusão

Mostra-se assim que a interoperabilidade é uma função do uso integrado de padrões em uma arquitetura flexível. Há uma ênfase na padronização e pouca atenção à arquitetura. O modelo MVCS aqui proposto sugere uma arquitetura que tem se mostrado flexível para a criação de sistemas GIS, com bons resultados de interoperação.

José Eduardo Deboni Sisgraph
deboni@sisgraph.com.br