O mapa que o Brasil precisaO artigo publicado na edição 51 da revista InfoGEO, sobre a iniciativa “Vamos mapear o Brasil?”, rendeu comentários enviados por e-mail e também publicados em listas de discussão sobre geotecnologias. O objetivo do projeto é incentivar as instituições públicas e privadas envolvidas com geoinformação a pensar sobre quanto o país perde por não ter uma base cartográfica completa e confiável.

Veja abaixo algumas considerações sobre a iniciativa. E aí, vamos mapear o Brasil?

“O tema é realmente muito importante para o desenvolvimento de inúmeras ações e efetivação de projetos relevantes, tanto no segmento público como privado. Isso porque está diretamente relacionado às questões de infraestrutura (tema bem atual), que envolve vários segmentos de serviços em setores importantes e em crescimento,  que demandam informações atualizadas e mais detalhadas, seja para disponibilizar os serviços ou para o gerenciamento desses, no caso das agências reguladoras”.

Iara Musse Felix
Intare – Consultoria em Gestão da Informação

“Os objetivos estão nas mentes dos especialistas em cartografia, e com certeza praticamente já escritos no papel. A tecnologia (satélites, sistemas, ferramentas, computação, grafismo, profissionais, empresas, etc.)  existe, é acessível e só tende a melhorar, baratear e se democratizar, e acredito que os recursos financeiros igualmente (não obrigatoriamente vindos do setor público). Basta vontade e força política de fazer acontecer.

Mas não acredito que órgãos públicos no Brasil devam propriamente se encarregar de fazê-lo. Basta que facilitem a tarefa. Devem sim ser aproveitados os trabalhos já feitos e os acervos do Exército, do IBGE, a experiência da Embrapa Monitoramento por Satélite e do Inpe, entre muitos outros.

Na minha opinião, seria tarefa do setor privado, para garantia de meios e finalidade. Haverá oportunidades para todos participarem, e as opções são muitas: parcerias público-privadas para criar, atualizar, imprimir e distribuir digitalmente e analogicamente a cartografia base nos próximos anos; um programa de aceleração do crescimento específico da cartografia, com incentivos e metas; e uma empresa privada S.A., quotada em bolsa, com executivos e profissionais de alto nível com a missão de realizar essa tarefa e fazer disso um negócio rentável para quem usará comercialmente os resultados. O objetivo final é colocar a cartografia padrão ao alcance de todos, a baixo custo, sem elitizar ou restringir o seu acesso, para todos os usuários e usos.

Porém, isso não quer dizer que não seja uma atividade sem rentabilidade. Há retornos  inimagináveis no desenvolvimento de cartografia atualizada, sejam ambientais, industriais, rurais, urbanos, logísticos, financeiros, etc.. Ou seja, é certamente sustentável, e não se trata de investir a fundo perdido, além de ser indispensável!

O brasileiro, em termos gerais, tem que ser instruído para tirar melhor proveito no dia-a-dia das informações que lhe fornece a cartografia. Mas para isso o Brasil tem que investir. Não tem segredo, só se colhe o que se planta!

As opiniões formuladas acima são pessoais. A minha especialidade são imagens de satélites, e posso nas minhas palavras ter cometido algum erro ou engano, sem intenção de prejudicar, difamar ou subestimar quem quer que seja. Apóio a iniciativa e gostaria de participar ativamente.  As minhas atitudes serão sempre construtivas e positivas, e estou seguro, igualmente, de que imagens de satélites são um dos principais insumos para a cartografia”.

Laurent Martin
Engesat Imagens de Satélites

“Entendo ser o assunto totalmente pertinente no atual momento, com as discussões a nível nacional do PAC (será que há cartografia nos projetos)? No Paraná, iniciamos uma discussão na Câmara Técnica de Cartografia e Geoprocessamento (CTCG) visando sensibilizar o Governo Estadual para a questão e apresentar alternativas de soluções técnicas e econômicas para os possíveis investimentos em informação cartográfica. Mesmo o Estado do Paraná, que é tido como bem mapeado no cenário nacional, ainda tem muitas carências nessa área”.

Gislene Lessa
Instituto de Terras, Cartografia e Geociências do Paraná