Vamos mapear o Brasil?A discussão sobre o mapeamento do Brasil tomou novos rumos nos últimos dias, com o foco mudando para o tipo de mapa que o país realmente necessita. Sai de cena o mapeamento sistemático tradicional, e novos conceitos de padronização e de infraestrutura de dados espaciais passam a dominar o debate.

Com dezenas de mensagens sobre o assunto, a lista de discussão da Associação Brasileira de Engenheiros Cartógrafos – São Paulo (Abec-SP)  foi a que mais se envolveu na questão do novo paradigma para a cartografia. Veja a seguir alguns comentários.

“Respondendo ao questionamento sobre o assunto ‘Vamos mapear o Brasil?’, quero informar que sou geógrafo, curso mestrado em engenharia civil e ambiental na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), e minha dissertação diz respeito a um mapeamento geoambiental da bacia do rio Jacaré, afluente do São Francisco que banha a região de Irecê, no interior da Bahia. A finalidade é analisar espacialmente a situação ambiental da bacia e gerar diversos mapas, desde o mais comum até o geoambiental. Também aproveito o ensejo para informar que a UEFS tem um mestrado em modelagem ambiental com diversos trabalhos sobre mapeamentos no Estado, e estou entrando em um grupo, também na Universidade, que irá realizar, entre outras atividades, mapeamento da desertificação na Bahia. Também temos um laboratório de geotecnologias que realiza diversos mapeamentos do município de Feira de Santana, com vistas ao planejamento, principalmente urbano. Agora, o Governo Estadual está realizando, via universidades públicas, a atualização dos planos diretores das bacias, o que irá gerar um novo mapeamento para todo o Estado”.
Carlos Ney

“Acho que o novo paradigma para a cartografia é a descentralização. Temos que incentivar que os Estados brasileiros tenham órgãos oficiais de cartografia. Sugiro que demos início ao ‘separatismo’ da cartografia, cada Estado faz a sua, através da consolidação de seus órgãos oficiais. Os Estados devem ser responsáveis pelo mapeamento de seu território, pelo levantamento de suas propriedades rurais, pelo mapeamento de sua infraestrutura, etc.. Cartografia tem que ser sinônimo de desenvolvimento, de progresso, de organização, de eficiência, de esperança, de justiça. Tem que ser a base concreta para a elaboração de políticas públicas sérias, de respeito ao meio ambiente, de gestão territorial eficiente, do fim da obscuridade de falsos planejamentos. Os Estados brasileiros que tiverem boas bases cartográficas e que as utilizarem sairão na frente, poderão atrair mais investimentos, os processos de licenciamento ambiental e jurídicos serão mais rápidos, poderão ter mais justiça tributária, conseguirão maior agilidade na implantação de infraestruturas, terão um sistema financeiro mais seguro e proporcionarão melhores oportunidades aos seus cidadãos”.
Nilson C. Ferreira
 
“A título de informação, aqui no Espírito Santo está em andamento um projeto cartográfico que irá mapear todo o Estado na escala 1:15.000. Todos os produtos gerados nesse projeto (ortofotos, apoio terrestre, feições restituídas, etc.) serão de livre acesso a todos os interessados, sem restrições. Já é um começo. Vamos mapear o Brasil”!
José Carlos Batista

“Espero que os dados do Espírito Santo, após processados, analisados e representados, sejam realmente disponibilizados para o público em geral, e que haja um esforço dos demais Estados para realizar seus mapeamentos. Um detalhe importante: o Espírito Santo, nos últimos anos, cresce a taxas maiores que capitais como São Paulo, por exemplo”.
Joaquim Luiz Rodrigues Neto