Base Aerofoto faz lição de casa
O projeto de mobilização Vamos Mapear o Brasil vem crescendo em repercussão. Cada vez fica mais claro que existem várias alternativas e não apenas uma, a salvadora. Um exemplo é a inédita iniciativa da empresa paulista Base Aerofotogrametria, que firmou parceria com o governo gaúcho para fazer 100% da cobertura aerofotogramétrica do Estado. Importante destacar que o estado não vai entrar com nenhum recurso. O projeto está orçado em 5 milhões de reais e será financiado pela iniciativa privada gaúcha interessada nas informações. Após o vôo, o próximo passo será a produção do mapeamento. Louve-se a ousadia da empresa Base e a visão estratégica do governo e do empresariado gaúcho. Esperamos que iniciativas deste tipo sejam usadas também em outros estados brasileiros.
Governo pode contratar mapeamento a baixo custo
Conversando com empresários do setor de aerolevantamentos, ouvi uma idéia interessante, que segundo eles é adotada em alguns países. Muitas empresas ficam ociosas durante o ano, em períodos de entre-safras de novos contratos ou quando as condições meteorológicas são desfavoráveis para obtenção de fotos aéreas. A questão é que o governo poderia contratar essas empresas, em condições especiais, para produzir nesses períodos de ociosidade mapeamentos de qualidade, a baixo custo. Creio que vale a pena pensar nesta alternativa, pois com certeza todos podem ganhar. Ou melhor, deixar de perder. A iniciativa privada se manteria ativa e o governo poderia planejar melhor suas ações gastando menos recursos.
IBGE tem estrutura única no mundo
Reza a lenda que o Brasil é um dos poucos países do mundo onde um mesmo órgão governamental cuida da cartografia e da estatística. Parece óbvio que a produção de censos e pesquisas seja de longe mais importante para o Brasil que cartografia. A impressão que se tem é que a cartografia no IBGE está mais voltada para dar suporte aos projetos censitários do que para outras aplicações. Como seria se a atual estrutura do IBGE de cartografia funcionasse de forma autônoma e independente? Basta saber quem teria coragem para propôr ao governo esta mudança.
Vazio cartográfico: crise ou oportunidade?
Um fabricante de sapatos desejava ampliar seu mercado e deixou por uma semana um vendedor em uma ilha remota. Quando ele retornou, disse que lá era perda de tempo investir, pois os nativos andavam todos de pé no chão. O empresário não se contentou e enviou outro vendedor com perfil empreendedor. Ele voltou em poucos dias, todo empolgado, afirmando que o local era uma ótima oportunidade, afinal todos tinham carência em ter uma proteção adequada para os pés.
Um recado aos pessimistas de plantão que choram há anos que o governo não investe mais em cartografia. O curioso é que nestes anos todos muitas empresas minguaram e atá faliram, enquanto outras estão prosperando. Por que será? Afinal, não dá para esperar que o governo construa uma base na ilha e compre sapatos para distribuir para a população.
Seminário e Blog: Vamos mapear o Brasil!
Em breve duas novidades serão divulgadas, visando ampliar a discussão que busca alternativas para a produção de mapeamento no Brasil. Será lançado dentro do portal MundoGEO um blog exclusivo sobre o tema, onde a comunidade poderá se informar e expressar sua opinião. Outra será a realização de um seminário de um dia, em São Paulo, para o qual serão convidados profissionais, empresas, universidades e usuários, privados e públicos, para discutir as formas de enfrentar o desafio.
Emerson Zanon Granemann
Engenheiro cartógrafo
Diretor e publisher da Editora MundoGEO
emerson@mundogeo.com