Ainda há muita confusão quanto às imagens de satélites que todos estão acostumados a ver em telas de computadores e na televisão. Os próprios filmes de Hollywood contribuem para a crença em imagens em tempo real e com resolução de míseros centímetros. A idéia de que um satélite poderia captar o que uma pessoa está lendo em um jornal em Terra é – e continuará sendo por muito tempo – um dos mitos das imagens satelitais.
No entanto, algumas lendas estão se tornando verdade à medida que a tecnologia avança e novos modelos de negócios aparecem.
Uma dúvida recorrente dos usuários mais leigos é sobre os tais “satélites do Google”. Com a popularização do Google Earth, alguns internautas acessam o serviço e acham que as imagens são obtidas pela própria empresa, quando na verdade tudo o que aparece lá é obtido através de parcerias com outras companhias da área de sensoriamento remoto, seja com satélites ou aerofotogrametria.
Com o lançamento de um foguete estampado com o logotipo do Google, no dia 6 de setembro, começou a cair esse mito. O satélite GeoEye-1, apesar de não ser desenvolvido e operado pelo Google, é fruto de uma parceria com a empresa GeoEye para o fornecimento de imagens com exclusividade para os serviços Google Earth e Maps, em detrimento de outros, como Microsoft Virtual Earth, Yahoo Maps, etc..
Outra lenda que sempre está presente quando o assunto são os satélites de observação da Terra é o suposto controle governamental sobre algumas imagens. Muito já foi dito e publicado sobre imagens “borradas” de instalações nucleares ou bases militares, a pedido dos governos de vários países, porém até hoje nada foi confirmado.
Junto com o lançamento do GeoEye-1 veio a notícia de que o governo norte-americano restringirá o acesso público às imagens. A resolução espacial das imagens poderia ser de apenas 41 centímetros, a melhor já obtida por um satélite comercial, mas serão disponibilizadas com detalhamento de meio-metro devido a questões de “segurança nacional”.
O lançamento de dezenas de satélites de alta resolução está previsto para os próximos anos, com possibilidades inimagináveis de aplicações e de modelos de negócios. A questão está a cada dia mais presente na vida das pessoas, e mesmo que ainda exista muito desconhecimento quanto ao assunto, não há dúvidas sobre os benefícios da observação da Terra para o presente e o futuro da humanidade.
Eduardo Freitas Oliveira,
Engenheiro cartógrafo pela UFPR
Técnico em edificações pelo Cefet-PR
Mestrando em C&SIG no Isegi/UNL
Editor da revista InfoGEO
eduardo@mundogeo.com