Dois lançamentos de projetos foram destaque nos últimos dias, mostrando que algumas regiões do país estão se mobilizando para realizar cartografia de alta qualidade, produzir mapas confiáveis e, com isso, auxiliar na tomada de decisão do poder público e no progresso da iniciativa privada.

O anúncio de que um plano de cinco anos para mapeamento da Amazônia foi aprovado e está em vias de se concretizar foi uma mostra de que o governo quer realmente fazer algo pela maior floresta do mundo. Do outro lado do país, a empresa Base firmou uma parceria com o governo do Rio Grande do Sul para fazer o cobrimento aerofotogramétrico de todo o Estado, sem custos para a administração pública.

Investindo na Amazônia

Cerca de 350 milhões de reais serão investidos pelo governo brasileiro nos próximos cinco anos para atualizar e concluir o mapeamento terrestre, geológico e náutico da região amazônica. Os recursos vão viabilizar a implementação do Projeto Cartografia da Amazônia, que será coordenado e executado pelo Centro Gestor e Operacional da Amazônia (Censipam), em parceria com o Exército, Marinha, Aeronáutica e Ministério de Minas e Energia.

O projeto irá contribuir para o planejamento e a execução de infra-estrutura para a região, incluindo obras como a construção de rodovias e hidrelétricas, além da demarcação de áreas de assentamentos e de mineração, para o agronegócio e elaboração de zoneamento ecológico. As informações, fruto do projeto, também servirão para o conhecimento da região e para a geração de dados que possam ser utilizados na segurança e defesa nacional, com atenção especial para as áreas de fronteira.

Do total de recursos que serão aplicados no projeto, 85,4 milhões de reais serão destinados a investimentos, como a modernização dos sistemas de aquisição e processamento de dados de aeronaves especializadas em sensoriamento remoto; software e hardware para o tratamento e processamento dos dados e imagens; capacitação de recursos humanos; e na construção de cinco navios hidrográficos para realizar o mapeamento náutico.

A previsão é que o projeto seja concluído em 2012. Hoje, dos 5,2 milhões de quilômetros quadrados que a Amazônia possui, aproximadamente 34,6% não dispõem de informações sobre seu mapeamento terrestre.

Portal Amazônia

Desde o dia 7 de setembro qualquer internauta pode ser um fiscal em defesa da floresta. O portal Amazônia, uma iniciativa da Rede Globo em conjunto com o Inpe, traz notícias exclusivas sobre a região, além de um mapa interativo com informações em tempo real. Por meio do mapa, é possível acompanhar o desmatamento e as queimadas na chamada Amazônia Legal e, além disso, protestar contra a derrubada da floresta. A ferramenta funciona em paralelo com a rede social orkut. Até o fechamento desta edição, mais de 215 mil usuários já haviam instalado o aplicativo em suas páginas pessoais, com aproximadamente 11,3 milhões de protestos contra as queimadas.

Rio Grande do Sul visto do alto

Com o apoio institucional do Governo do Rio Grande do Sul, a empresa Base, especializada na geração de imagens espaciais, produção de mapas, cartas e plantas, chega ao Rio Grande do Sul com o projeto Conhecer para Desenvolver, que prevê o registro, por meio de fotografias métricas, de imagens aéreas de todo o território do Estado. Com o resultado obtido será possível desenvolver com mais precisão estudos e projetos nas áreas de preservação ambiental, florestal, arquitetura, mineração, construção de barragens, rodovias, ferrovias, hidrovias, saneamento básico, energia, telefonia, entre outras.

O território gaúcho totaliza 283 mil quilômetros quadrados, que serão imageados por meio de mais de 55 mil quilômetros de linhas de vôo, resultando em aproximadamente 21 mil imagens com resolução espacial de 60 centímetros.

Previsto para ser concluído em um ano e com custo direto de 4,89 milhões de reais, o projeto será realizado com recursos obtidos por meio de aquisição, pela iniciativa privada, de cotas de participação. De acordo com o Termo de Convênio, assinado entre a empresa Base e o governo do Rio Grande do Sul, o custo para o Estado é zero, cabendo a este o apoio institucional. Em contrapartida, o poder público terá disponível todo o resultado do levantamento para aplicação de políticas de desenvolvimento e de preservação de seus recursos territoriais.

Por Eduardo Freitas Oliveira