AdrianoInfoGEO: Na sua opinião, qual é a melhor solução para mapear e atualizar mapas no Brasil?
Adriano Hughet: A obtenção e utilização em massa de cartografia básica de precisão constantemente atualizada, servindo como referência e base única para mapeamentos e investimentos sobre nosso território.

IGEO: Existe alguma estratégia, na sua empresa, para usar a capacidade ociosa de produção cartográfica?
AH: A HGT trabalha com desenvolvimento e prestação de serviços em processamento digital de imagens automático. Nosso foco tem sido o incremento da capacidade de nosso CPD em termos de prazo, custo e qualidade de seus produtos.
Atualmente temos capacidade para processar até 4.000 fotos aéreas por mês. O que equivale a uma área mensal de 40.000 km2 e anual de 480.000 km2 quadrados para fotos em escala de 1:30.000. Este volume de fotos mensal pode ser multiplicado em questão de dias, com um investimento muito baixo, caso necessário.
Nos últimos 12 meses a HGT processou automaticamente mais de 4.500 fotos aéreas de grande formato, totalizando mais de 40.000 km2 quadrados de ortofotos e modelos de superfície, sendo o erro planimétrico compatível com escala 1:5.000 Classe A, e melhores, para fotos com escala de 1:30.000 e triangulações com precisões equivalentes à citada acima.
Portanto, a HGT trabalha atualmente com apenas 8% de sua capacidade instalada. A fim de resolver esse problema temos trabalhado junto a empresas de aerolevantamento e orgãos públicos de geociências no sentido de validar e executar grande volume de mapeamentos sistemáticos de precisão. Nosso ideal consiste em alcançar a meta de 170.000 fotos por ano, totalizando um recobrimento anual de 20% do território brasileiro.

IGEO: Sua empresa tem como política investir em mapeamento para depois comercializá-lo?
AH: Devido ao grau de especializacao da HGT em Processamento Digital de Imagens Automático, nossos serviços correspondem a apenas uma etapa do processo e ocorrem sobre demanda. Cabe às empresas de  aerolevantamento e orgãos de geociências que utilizam nossos serviços a disponibilização e comercialização de seus produtos.

IGEO: Qual sua opinião sobre o trabalho do IBGE e da Concar na organização da cartografia e na montagem de projetos de mapeamento em âmbito nacional?
AH: São de extrema importância, no sentido de criar e validar o uso de bases únicas, permitindo uma maior coordenação de atividades entre diversos setores públicos, reduzindo o atual nível de desperdício de recursos que ocorrem em função da incompatibilidade de ações sobre o mesmo espaço geográfico.

IGEO: Caso você estivesse em uma posição de tomada de decisão no governo federal, o que faria para dinamizar a cartografia no Brasil?
AH: O momento atual do Brasil exige que sejamos ambiciosos, com a criação e utilização de bases únicas. O Governo Federal deveria ser responsável por manter uma cartografia básica (ortofotos e modelos altimétricos) constantemente atualizada em escala 1:25.000 sobre todo o seu território, para uso dos governos estaduais. Estes deveriam ser responsáveis pela atualização constante na escala 1:10.000 para uso dos governos municipais, os quais deveriam ser responsáveis por escalas melhores que 1:5.000 para uso próprio, de investidores e pequenos empresários.
A existência em larga escala de ortofotos de alta precisão permite a criação e atualização de mapas vetoriais utilizando a técnica de mono-restituição, que é mais barata em termos de recursos humanos e de equipamentos do que a técnica convencional de estéreo-restituição. Esta mudança de paradigma facilita o aumento do número de cursos técnicos e a difusão e aplicação destes conhecimentos entre os diversos municípios de nossa federação.