Jack Dangermond, presidente da EsriJack Dangermond é considerado o pai do GIS (Sistemas de Informações Geo-gráficas). É formado em Ciências Ambientais pela Faculdade Politécnica da Califórnia, com especialização em Planejamento Urbano no Instituto de Tecnologia da Universidade de Minnesota, e especialização em Arquitetura Paisagista na Universidade de Harvard. Dangermond é fundador e presidente da Esri, empresa líder no mercado do segmento de softwares de GIS. Em setembro, esteve no Encontro de Usuários Esri da América Latina, em Santiago, no Chile, e recebeu a equipe da revista InfoGEO para uma entrevista exclusiva.

InfoGEO: Como é possível analisar um novo mercado de GIS formado por usuários comuns utilizando a web?

Jack Dangermond:  Vemos bastante interesse na interação informal na plataforma web, especificamente em ferramentas como o Google Earth e Virtual Earth. E vemos o GIS na web como uma nova plataforma. Antes trabalhávamos em grandes estações e com tecnologia muito centralizada. Precisávamos de muitos computadores. E aos poucos isso foi mudando, com estações Unix, PCs e agora com o ambiente web. Mas não estou falando de meras aplicações de visualização, mas de plataformas que dêem suporte ao GIS. E claro, isso define um novo mercado, não um mercado tradicional de GIS. Fala-se em que usuários comuns poderão ser autores de dados geográficos no futuro. Minha opinião é que serviços para mapeamento profissional continuarão sendo criados e mantidos por empresas tradicionais de GIS e com profissionais capacitados para isso. Mas sem dúvida os dados serão enriquecidos e complementados com dados informais de usuários.

IGEO: Qual é o melhor parceiro para a Esri: Google ou Microsoft?

JD: Nós somos parceiros de ambos e sabemos que são concorrentes naturais. E o negócio deles não é mapas, mas sim busca. Então, o Google Maps, Google Earth, Virtual Earth, são serviços de busca dentro de uma visualização geoespacial. O objetivo é melhorar a busca e atrair usuários para a informação geográfica, para proporcionar novas formas de receita. Ou seja, a intenção deles não é competir no mercado de GIS. Sendo assim, temos que ser parceiros de ambos para poder integrar o GIS com a plataforma da Web 2.0.

IGEO: A Esri tem planos estratégicos para o mercado móvel?

JD: Sem dúvida. Recentemente lançamos a versão 9.3 dos nossos produtos junto com quatro aplicações para telefones móveis, que se conectam a servidores GIS. Claro, não foram desenvolvidos para o consumidor. Nosso alvo são os profissionais de GIS, para que possam baixar dados e ferramentas de mapas e visualização. Assim, com o conteúdo armazenado em servidores, é possível criar dados e enviá-los aos servidores. Outra área é o Arc Logistics 9.3, que é o nosso software para aplicações de logística, principalmente de frotas com centenas de veículos. Adicionamos funções móveis ao sistema, como envio de rotas para PDAs e smartphones para melhorar a logística. E essa tecnologia pode economizar entre 15 e 30% de tempo para cada veículo envolvido. A Sears, por exemplo, investiu três milhões de dólares no sistema e agora economizam 43 milhões de dólares por ano.

IGEO: Como você analisa o crescimento do mercado de geotecnologias na América Latina?

JD: Primeiro é importante dizer que a Esri é hoje uma empresa de 1 bilhão de dólares. E este ano crescemos 18% no mundo todo, sendo que o nosso número padrão era de 10 a 15%. E sem dúvida os números atuais são especiais, pois estamos passando por uma recessão na economia, e mesmo assim crescemos. Na América Latina, o crescimento foi de 40%, o que é muito significativo. É uma região em crescimento, mas ainda é um mercado pequeno comparado com o restante do mundo. Para nós, representa algo perto de 7%. E o Brasil é o principal país na região, seguido pelo México, Colômbia, Argentina e Chile.

Por Emerson Zanon Granemann