InfoGEO: Na sua opinião, qual é a melhor solução para mapear e atualizar mapas no Brasil?
João Moreira Neto: Primeiro temos que definir a escala. No caso do Brasil, que tem pouquíssima cobertura nas escalas de 1:25.000  e 1:50.000, poderíamos dividi-lo em duas metades: a região norte e a sul. A região norte seria mapeada na escala 1:50.000 e na região sul na escala 1:25.000. Em termos de modelo de terreno, deveríamos ter uma precisão de altura de 2,5m na região norte e de 1m na região sul, precisão necessária para a maioria dos projetos básicos de infraestrutura. Para as regiões urbanas deveríamos ter a escala de 1:5.000.
Proceder da seguinte forma para gerar mapas topográficos para todo o Brasil:
1) Mapeamento por radar aerotransportado para levantar o DTM (modelo de terreno), o DSM (modelo de superfície) e as Ortoimagens em bandas distintas. Complementando com a reambulação para levantamento da toponímia e simbologia, teríamos mapas topográficos de alta precisão altimétrica e planimétrica a curto prazo e de mais baixo custo;
2) Utilização de imagens óticas satelitais para as regiões rurais e florestais com resolução de 5m para a região norte e com 2,5m para a região sul. Todas as imagens satelitais teriam um ortoretifição utilizando a ortoimagem radar para busca de pontos de controle e o DSM para a projeção no sistema cartográfico. Adição de objetos na base de dados já formada pelo radar;
3) Utilização de imagens aerofotogramétricas para as regiões urbanas com 0,25m de resolução. A ortoretificação deve ser feita pelo próprio processo estereoscópico. Adição de objetos na base de dados já formada pelo radar;
4) Utilizar um Sistema de Informação Cartográfico Automatizado para geração de mapas topográficos.
Proceder da seguinte forma para atualizar mapas topográficos:
1) Mapeamento por radar aerotransportado adquirindo somente imagens, que serão ortoretificadas com o DTM e DSM já existentes. Comparar as imagens ortoretificadas com as passadas de forma automatizada, identificando e classificando todas as mudanças. Executando reambulação somente nas áreas de mudança para levantamento da toponímia e simbologia, teríamos mapas topográficos atualizados.
2) Utilização de imagens óticas satelitais para as regiões rurais e florestais com resolução de 5m para a região norte e com 2,5m para a região sul somente nas área de mudança identificadas pelo radar. Adição de objetos na base de dados já formada pelo radar;
3) Utilização de imagens aerofotogramétricas para as regiões urbanas com 0,25m de resolução somente nas área de mudança identificadas pelo radar. Adição de objetos na base de dados já formada pelo radar;
4) Utilizar um Sistema de Informação Cartográfico Automatizado para atualização de mapas topográficos.

IGEO: Existe alguma estratégia, na sua empresa, para usar a capacidade ociosa de produção cartográfica?
JMN: A equipe atualiza procedimentos ou participa do processo de controle de qualidade quando há ociosidade na produção cartográfica.

IGEO: Sua empresa tem como política investir em mapeamento para depois comercializá-lo?
JMN: Temos essa intensão, porém compreendemos que é necessário um elevado capital inicial, que ainda não temos.

IGEO: Qual sua opinião sobre o trabalho do IBGE e da Concar na organização da cartografia e na montagem de projetos de mapeamento em âmbito nacional?
JMN: Eles têm objetivos concretos e claros. Não há suficiente apoio do Governo para realização de um número mínimo de projetos de mapeamento que tragam um benefício mensurável ao país.

IGEO: Caso você estivesse em uma posição de tomada de decisão no governo federal, o que faria para dinamizar a cartografia no Brasil?
JMN: Plano concreto de levantamento de todo o território nacional em 10 anos, trabalhando na escala 1:25.000 na região sul e 1:50.000 na região norte. Plano de atualização de todo o país a cada 10 anos.