A Nokia divulgou os resultados de uma pesquisa que revela dados surpreendentes sobre a habilidade que as pessoas têm de se localizar e usar mapas. Quando tomei contato com os números, na hora me veio a provável relação que eles podem ter pela baixa prioridade histórica que os brasileiros dão aos mapas como instrumentos de planejamento territorial ou como roteiro para ir a uma festa.

A pesquisa no Brasil coletou a opinião em oito capitais, com mais de mil pessoas. Os resultados indicaram que nós brasileiros somos um dos povos mais “perdidos”. Veja abaixo:
– Maior número de pessoas que confessaram já terem faltado a compromissos por enfrentarem dificuldades em se localizar;
– 8% dos entrevistados não conseguiram chegar a um evento social, como casamento, encontro com a namorada ou aniversário de alguém da família por se perderam no caminho;
– Lider mundial em ficar perdido quando viaja ao exterior.

Engraçado são os motivos dessa total desorientação: o acúmulo de tarefas a serem realizadas ao mesmo tempo foi a desculpa de 27% dos entrevistados. As mulheres brasileiras colocaram a culpa nos hormônios.

Mesmo com toda essa dificuldade, o brasileiro ainda resiste em utilizar o GPS, pois apenas 5% disseram que o utilizariam. A famosa malandragem tupiniquim registra que 15% dão informações erradas a pessoas perdidas, por desejarem parecer mais sabidos.

Veja mais números da pesquisa encomendada e divulgada pela Nokia sobre o Brasil:
– 16% dos paulistas entrevistados já perderam uma primeira entrevista de trabalho por não acharem o caminho. Em Belém, este número é o mesmo;
– Curitiba lidera como a cidade onde existem mais perdidos;
– 9% dos entrevistados em Porto Alegre acham divertido dar informações erradas a pessoas perdidas;
– 14% dos moradores de São Paulo e Porto Alegre acreditam que o senso de direção é inato. No Rio de Janeiro, quase a metade acredita que ele melhora com a experiência;
– Em Salvador, mais de um terço alega que se perde quando chove;
– Em Fortaleza, 31% admitiram passar informações erradas para estranhos que estejam perdidos;
– Em Recife, 13% já perderam uma cerimônia de casamento por não terem encontrado o caminho da igreja.

E no resto do Mundo?

Mas como a pesquisa é global, vale a pena conhecer a realidade em outros países. Os dados são surpreendentes. As cinco cidades onde uma em cada dez pessoas afirmam terem muita dificuldade em se localizar são Londres, Paris, Bangkok, Hong Kong e Pequim.

Diferentemente da resistência brasileira, mundialmente mais de 25% das pessoas usam serviços de localização e navegação para encontrar o melhor caminho. Sendo que 13% usam o telefone celular para essa ação. Números globais e curiosos:
– A Alemanha é o país onde os entrevistados afirmaram ter mais senso de orientação e nunca se perderem: 30%. Não é à toa que são os alemães os que mais usam GPS;
– 30% das pessoas culpam os companheiros por se perderem;
– 25% das pessoas afirmam ser dependentes do GPS e dos mapas online;
– 10% dos espanhóis acreditam que o senso de direção é maior conforme a idade;
– 25% dos italianos usam dispositivos de navegação para encontrar o caminho;
– 50% dos entrevistados na China afirmam depender de um GPS para traçar rotas;
– A desculpa mais usada para justificar o motivo que os asiáticos se perdem são as condições meteorológicas;
– 10 % dos russos entrevistados param para pedir informações só como desculpa para paquerar.

A pesquisa contratada pela Nokia entrevistou, em outubro de 2008, 12,5 mil pessoas em 13 países (Reino Unido, França, Espanha, Alemanha, Itália, Austrália, Brasil, China, Rússia, Cingapura, Índia, África do Sul e Emirados Árabes).

Esses números mostram que, dos mapas portulanos da época do descobrimento, passando pela cartografia convencional e depois a digital sempre guardada a sete chaves, o momento é outro. Estamos presenciando uma mudança brutal na forma de nos localizarmos e tomarmos decisões, sejam elas de gestão ou simplesmente para achar o melhor caminho para uma festa.

Emerson Zanon GranemannEmerson Zanon Granemann
Engenheiro cartógrafo
Diretor e publisher da Editora MundoGEO
emerson@mundogeo.com