Aproximadamente 1,8 milhão de quilômetros quadrados da Amazônia Legal não tem informações detalhadas sobre a cartografia terrestre, o que corresponde a 35% da região. É como se um território equivalente a três vezes a área da França fosse um espaço em branco no mapa do Brasil.
Para acabar com esse “vazio cartográfico”, o governo brasileiro lançou o projeto Radiografia da Amazônia, com o objetivo de dar suporte para investimentos em infra-estrutura. Anunciado em abril deste ano, o projeto prevê a produção de 20 mil cartas topográficas da Amazônia Legal até 2012.
Resultado de um acordo entre a Casa Civil e as Forças Armadas, o projeto Radiografia da Amazônia é composto de três subprojetos: cartografia terrestre (executada pela Diretoria de Serviço Geográfico com o apoio da Força Aérea Brasileira); cartografia geológica (realizada pelo Serviço Geológico do Brasil); e cartografia náutica (executada pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha).
Para a realização do subprojeto cartografia terrestre, sob responsabilidade do Centro de Imagens Geográficas do Exército (Cigex), serão produzidos mapas da Amazônia Legal nas escalas 1:100.000 e 1:50.000. A escala atual dos mapa disponíveis é 1:250.000.
As imagens antigas que existem da Amazônia não possibilitam gerar uma carta topográfica, pois são baseadas em sensores óticos. Por esse motivo, o sensoriamento remoto que será feito utilizará a tecnologia por radar aerotransportado, que atinge uma freqüência adequada para a obtenção da informação no nível do solo em florestas densas.
Comunicação
Como a região amazônica é remota e não tem uma infra-estrutura completa de telecomunicações, o trabalho de cartografia terrestre precisa de uma solução para a troca de informações entre as equipes de mapeamento. Dessa forma, o Cigex realizou uma licitação e escolheu a operadora de comunicação via satélite Arycom, que fornecerá um pacote de terminais e serviços de Comunicação Global em Banda Larga (BGAN, na sigla em inglês) da Inmarsat.
Os serviços de banda larga via satélite são utilizados por indústrias de petróleo, gás natural, construção, transporte marítimo e aviação, entre outras. A tecnologia também é utilizada por veículos de comunicação, como a CNN, quando gravam e transmitem reportagens a partir de zonas de guerra. A Organização das Nações Unidas também utiliza o BGAN em operações de resgate e auxílio a populações afetadas por desastres naturais.
Tendo em vista a importância estratégica do projeto, a Arycom ativou o sistema de comunicação via satélite no prazo de 24 horas após a assinatura do contrato, colocando todos os terminais em atividade.
DSG
A Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) é o órgão de apoio da Secretaria de Tecnologia da Informação para superintender os assuntos ligados à cartografia no Brasil. A ela são subordinados o Centro de Imagens e Informações Geográficas do Exército (Cigex) e quatro Divisões de Levantamento (Porto Alegre, Olinda, Manaus e Rio de Janeiro). Esses órgãos têm a atribuição de elaborar produtos cartográficos e apoiar os sistemas de guerra eletrônica, armas inteligentes, jogos de guerra e simuladores, com dados digitais atualizados do terreno. Podem realizar, ainda, a medição de áreas patrimoniais da união jurisdicionadas ao Exército e a demarcação de áreas de interesse, além da atualização de cartas, valendo-se de imagens se sensores remotos orbitais e aerotransportados.