O terremoto de 8,8 graus na escala Richter, que aconteceu em fevereiro no Chile, reduziu a duração dos dias e mudou a distribuição de massas na Terra. Segundo um cálculo preliminar, feito pela Nasa, o sismo deve ter reduzido a duração de cada dia em 1,26 microsegundo. Além disso, o tremor alterou em oito centímetros a posição do eixo terrestre.
Parece pouco, mas não é. Em aplicações que exigem precisão centimétrica – ou milimétrica -, como o monitoramento de estruturas, por exemplo, oito centímetros são uma imensidão. A diferença na duração dos dias também não é irrelevante, já que a sincronização do tempo é crucial para várias atividades, com implicações nos setores de telefonia e bancário.
Além dessas diferenças globais, o terremoto literalmente redesenhou o mapa chileno. Segundo um estudo recente, feito com a ajuda de estações de monitoramento, a cidade de Concepción "andou" 3,04 metros para oeste. Já a capital Santiago se moveu 27,7 centímetros. Até Buenos Aires migrou 4 centímetros para a esquerda.
Três metros, 27 centímetros ou quatro centímetros; essas distâncias são imensas quando falamos em geodésia e posicionamento de alta precisão.
Toda essa movimentação mexe com o posicionamento GNSS no continente. O Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (Sirgas), por exemplo, terá que ser recalculado para levar em conta essas mudanças.
Atualização em 10 de março, às 11h: segundo Luiz Paulo Souto Fortes, diretor de geociências do IBGE, "o Sirgas é um sistema cuja materialização é mantida por uma rede de estações GNSS de operação contínua que permite detectar todos os deslocamentos que as estações sofrem continuamente ao longo do tempo ou em eventos repentinos tais como o do terremoto do Chile. Neste último caso, as coordenadas das estações são atualizadas para os novos valores, associando-se a elas uma nova época de referência pós-terremoto. Desta forma, os deslocamentos das estações, como são determinados com grande precisão, não afetam a precisão do sistema".