Fabiano FerrariA Ferrari Topografia, sediada em Carlos Barbosa, na serra gaúcha, acaba de investir no primeiro scanner a laser terrestre da empresa. É o primeiro do modelo ScanStation C10 da Leica vendido no Brasil. Fruto da parceria entre a Ferrari Topografia e a Manfra, a empresa gaúcha se firma no mercado como uma das prestadoras de serviço em levantamentos que mais investe em tecnologia no Brasil, e torna-se uma das raras empresas de topografia a adquirir um equipamento deste porte. José Gaspar, gerente de produtos HDS da Manfra, entrevistou Fabiano Ferrari, diretor da empresa, sobre alguns detalhes desse investimento em tecnologia.

Quando a Ferrari Topografia começou a pensar em laser scanner?
Fabiano Ferrari: A Ferrari Topografia sonhou com a ideia do laser scanner há mais de oito anos, quando a revista A Mira publicou uma reportagem sobre um trabalho de volumetria de uma mina. Na ocasião, o laser estava na capa, mas é claro que naquela época isto ainda era considerado uma utopia. Nossos preparativos para a compra do laser scanner começaram há cinco anos, quando a Manfra começou a trabalhar com este tipo de equipamento.

Por que optar por um laser scanner, ao invés de, por exemplo, aumentar suas equipes de estações totais e receptores GPS?
FF: Porque o mercado está se saturando cada vez mais e a concorrência está aumentando. Não há mais espaço para ampliar equipes de topografia, pois não há serviço para tanto, a não ser em grandes obras. O laser scanner vem como uma opção de agregar agilidade e valor aos nossos serviços, além de aumentar este leque, justamente sem a necessidade de aumento da equipe. A ideia é aumentar a produtividade!

Para a Ferrari, qual é o futuro da topografia?
FF: O futuro da topografia é incerto. Há nichos de mercado nos quais cada um tem escrito seu futuro. O que se tem de concreto é que não podemos desvincular o futuro cada vez mais dependente de tecnologia e cada vez mais concorrido. Procurar formas de se destacar no mercado, obtendo vantagem competitiva, é um grande desafio e acredito que investimento em tecnologia de ponta é primordial.

Após o treinamento e os primeiros trabalhos, o que a equipe técnica responsável pelo ScanStation C10 tem a dizer do equipamento?
FF: É tudo novo. É tudo diferente. É revolucionário e é difícil. Foram as primeiras palavras da equipe técnica. Acho que há um choque no primeiro momento, e depois passa a ser um universo de possibilidades de produtos que podem ser gerados pelo sistema scanner.

Como a Ferrari Topografia vê o mercado de serviços no Rio Grande do Sul?
FF: Depende do nicho de mercado no qual a empresa se especializa. Eu acho que o Rio Grande do Sul poderia estar melhor quanto ao mercado de topografia. Acredito que perdemos espaço no cenário nacional. Enquanto os demais estados do Sudeste e do Sul possuem faculdades de engenharia de agrimensura e cartográfica há muitos anos, aqui somente foi aberto um curso há 12 anos e os primeiros engenheiros se formaram há pouco mais de seis anos. Isso não permitiu uma cultura cartográfica neste estado. O que me preocupa em nosso cenário e no do Brasil é o fato de cada vez mais encontrarmos no mercado empresas e profissionais que são meramente operadores de softwares e de máquinas. Isso desqualifica o trabalho técnico e as empresas sérias têm dificuldade de concorrer.