O que mais me chamou a atenção no seminário Qualidade de Dados Geográficos, realizado no último dia 8 de julho em São Paulo, foram quatro momentos. Um na parte da manhã, quando o Renato Asinelli, diretor e um dos fundadores da empresa de aerolevantamentos Engefoto, afirmou que, para ele, o conceito de qualidade era o de satisfazer o cliente além de suas expectativas. Declaração histórica, que mostra uma visão atualizada e moderna, vinda de um empresário importante, que sepulta de vez as antigas crenças desse setor que teimava em propor aos seus clientes produtos que não necessariamente atendiam às suas necessidades.

Na parte da tarde, foi quando o Rafael de Melo Cuba, gerente de arquitetura do CPqD, instituição de Campinas com grande tradição na área de conversão de dados e desenvolvimento de soluções de geoinformação, afirmou que os usuários estavam, por suas novas demandas associadas às novas tecnologias, criando um novo conceito de mapas. Ou seja, está nascendo uma nova forma de relação entre quem produz e quem usa os mapas.

Já o Coronel Omar Antonio Lunardi, da Diretoria do Serviço Geográfico, apresentou uma radiografia completa dos avanços ligados aos desafios da interoperabilidade dentro da produção cartográfica brasileira, abordando no detalhe conceitos importantes, como os metadados e até mesmo os metametadados. O objetivo principal é que estas informações possam ser corretamente produzidas, facilmente localizadas e plenamente utilizadas por vários tipos de usuários e instituições.

E para fechar o evento, Patricia Azevedo, coordenadora estratégica da Rede Jovem, apresentou o Wikimapa, um projeto inovador que produz de forma colaborativa os mapas de comunidades cariocas, utilizando celulares com GPS. Nesta experiência, fica evidente que este exemplo é uma prova viva de que a relação entre a coleta dos dados em campo, o processamento e utilização dos mapas mudou radicalmente. E junto com esta revolução, o atributo preço associado à precisão e à rapidez da produção cartográfica passou a apresentar uma relação custo/benefício nunca antes imaginada.

Fazendo uma ligação entre estes temas, podemos concluir que a cartografia como se conhecia, excessivamente técnica e só inteligível por poucos, é coisa do passado. Já nasceu uma nova forma de se criar um mapa e, a partir dele, proliferar uma grande infinidade de aplicações que gerem conhecimento para subsidiar as tomadas de decisão. No rápido avanço da esteira desta valorização do atributo localização, vão nascendo novos tipos de empresas e profissionais que estão aptos a atender a esta demanda.

Emerson Zanon GranemannEmerson Zanon Granemann
Engenheiro cartógrafo, diretor e publisher da Editora MundoGEO
emerson@mundogeo.com